{Ninguém é herói para o seu criado de quarto}
segunda-feira, dezembro 31, 2001
 
and there ain't no night
and there ain't no day
into the white
into the light

[Pixies]

amargura, descansada e triste
parece lonjura ou medo?

É quase certo,
que nada existe;

nada está perto,
nem eu estou triste
.
[madredeus]


domingo, dezembro 30, 2001
 
Cada vez me espanto mais com o album dos Queens Of The Stone Age... adoro obsecar-me com as coisas, e tenho relativa facilidade em fazê-lo. Quanto aos Red House não posso dizer o mesmo. Falta o sabor de angústia que eu amo.
O sentimento de Domingo de que falam parace ganhar contornos, mas ainda assim está difuso. Digo isto porque acho que há sempre algo para fazer, há sempre algo com que ocupar a mente... nem que sejam sonhos ridiculos (mas existe algum sonho que seja ridiculo?). Por vezes é bom adormecer sobre observações previsiveis...
Não vi ainda o Lord Of The Rings... estou curiosa e irei vê-lo apesar da tua impressão negativa, Heldinho!

sábado, dezembro 29, 2001
 
o meu arco já funciona na minha guitarra!!!! =)) estou mesmo muito contente. aparentemente tinha só falta de resina.

 
Sergio: é lindo o que escreveste! é lindo...
Amigos, tenham um ano bom e sejam felizes! Sinto-me feliz. Agora que tudo já é só recordação.

sexta-feira, dezembro 28, 2001
 
eu tb não gosto muito deste template... =(( (desculpem, ainda gostava mais das frutas)

 
in heaven everything is fine
In Heaven Everything is fine
You got your good thing
And I've got mine
Pixies

desde há dois dias atrás os pixies são a melhor banda do mundo. Já estou farto das férias. Não são fáceis estes dias. Dias de nada o dia inteiro. O que vale é que anteontem trouxe 25 cd’s da casa do cândido. Entre esses 25 cd’s estavam três dos pixies
*at the BBC* *the complete b-sides* *surfer rosa*
também vinha o *if you’re feeling sinister * dos belle & sebastian. E muitas outras coisa.

With your feet in the air and your head on the ground
Try this trick and spin it, yeah
Your head will collapse
But there's nothing in it
And you'll ask yourself
Where is my mind
Where is my mind
pixies

Ás vezes, com o sono, perco a noção de equilíbrio e os meus pensamentos ficam distorcidos como as imagens reflectidas naqueles espelhos da feira popular. Ontem fiquei acordado até muito tarde e foi isso que aconteceu. Eu tinha estado nos arquivos do blog e ficou-me a ecoar a frase “quando eu me apaixonar... ” dos vossos posts e do meu que tinha ficado suspenso pelas reticências. Desliguei o computador e fui para o quarto. Peguei no meu livrinho e escrevi o que agora vou partilhar convosco nem sei bem porquê. Talvez porque também o fizeram.

“quando eu me apaixonar...” (escrevi-o a pensar na segunda pessoa do singular, por isso é como o transcrevo. E já disse, eu estava com muito sono.) ...eu queria dormir encostado a ti num banco de uma estação de comboios e acordar com as tuas carícias nos meus cabelos. Eu queria passar as manhãs contigo, a olhar para tudo e para nada e rir de vez em quando sem motivo aparente. Eu queria almoçar contigo e roubar-te a comida sem que tu desses por nada e fingir que não reparava quando fazias o mesmo. Acabaria por comer a tua comida e tu a minha. Eu queria passar alguns dias sem te ver para sentir aquelas saudades que matam tão devagar que chega a ser bom. E depois reencontrar-te e dizer-te coisas bonitas ao ouvido para tu sorrires. E eu queria congelar o teu sorriso em película 35mm com uma máquina fotográfica e um rolo p/b a cada três minutos. Eu queria zangar-me contigo para que pudéssemos reconciliar. Eu queria seguir, com os meus pés, as tuas pegadas na areia molhada numa praia ao por do sol. E depois atirar-te areia só para te irritar e rebolar-me na areia contigo só por nos apetecer. Eu queria escrever-te frases sem sentido nos vidros embaciados. Eu queria oferecer-te presentes pouco valiosos e que tu os guardasses como tesouros. Queria que tu conduzisses o carro em direcção ao escuro da noite, enquanto eu sonhava com os meus amigos. E depois queria parar numa estação de serviço e beber dois cafés (cada um) que, subitamente lúcidos, nos diriam para voltar atrás, que a saída ou a entrado do que quer que fosse não era por ali. Eu queria telefonar-te em plena madrugada e dizer-te das minhas insónias e dos meus pesadelos (até valeria a pena ter insónias e pesadelos...). Ouvir as tuas duas ou três palavras ensonadas e voltar a dormir descansado. Eu queria mandar-te mensagens para o teu telemóvel a todas as horas que estivesses longe. E sempre com perguntas que exigissem respostas de volta. Eu queria planear viagens imaginárias a países exóticos onde nunca irei. Fazer todo tipo de planos e esquecermo-nos deles no minuto seguinte. Queria que tu me fizesses esquecer, nem que por alguns minutos que existe um mundo para lá da paixão que nos absorve. Eu queria todos estes lugares comuns, porque quem se rala se são comuns quando lá se está!? Eu queria todos estes lugares comuns porque só podem ser comuns para quem não está lá. Porque para quem está lá só podem ser os momentos mais belos de uma vida.”



 
hoje tive muitas saudadinhas vossas. muitas muitas.
quero que saibam que gosto mesmo muito de todos vocês.

segunda-feira, dezembro 24, 2001
 
para cristina

no sábado o antónio lobo antunes deu uma entrevista, que eu dolorosamente não vi. a minha mãe contou-me que ele falou que vivemos numa ideologia da produção, em que temos que produzir. isso é uma grande pressão. e as coisas não devem ser assim pesadas em nós. a carga que carregamos deve ser leve. para podermos viajar por todo lado sem grandes preocupações.
o meu enorme cão acaba de pisar todos os presentes, dando à cauda para ameaçar o presépio, e arrastou consigo fitas da árvore de natal. isto tudo só para me vir lamber a mão...
eu gosto mesmo muito do natal. mesmo muito. não é que seja um altura fácil... não é. de maneira nenhuma. todas as coisas que nos fazem doer vêm-me à memória. é uma época sensível. mas só de pensar na ternura daquilo que estamos a celebrar... é como olhar o mundo pela primeira vez. novamente. com olhos de paz.
devem achar lamechice e estupidez minha tudo isto...
feliz natal para todos os meus adorados amiguinhos!!!!

domingo, dezembro 23, 2001
 
Ninguém quer mudar a aparência do blog????

 
Sérgio: acredita em mim. A última coisa de que precisas é do álbum dos Kings of Convenience ;-) Não obstante, se quiseres, é claro que to empresto.
Ainda bem que compraste um minidisc. Não sei se teria sobrevivido tanto tempo sem um walkman. E para mais, vamos poder trocar discos :-)

 
Quando cai neve, diz-se que é Natal...

É o início de uma canção de Natal que eu aprendi na primária. Já não devo vir mais ao blog antes do Natal. Eu ando a fazer o esforço para me encher de esperança e de espírito da época.
Não é só nesta altura, mas é agora que me lembro de vos dizer que espero que estejam felizes e em Paz. O Natal também serve para parar e para que as pessoas olhem um pouco para aqueles que estão à sua volta. E o meu desejo é muito sincero. Mesmo muito sincero.
Que tudo corra bem (ou que corra rápido, não é Patrícia) nesta data e que o estado de espírito seja o melhor possível.
Um Natal Feliz para todos :-)

 
And so this is Christmas…

Ontem acabei às 3:00 da manhã A vida depois de Deus do Douglas Coupland. A três dias do Natal. Foi engraçado.
Também tinha estado num centro comercial onde rios de pessoas (acredito seguramente que eram centenas) circulavam numa azáfama a encher carrinhos de compras, cegas à presença umas das outras. A comprar selvaticamente. A empurrarem-se. Com cara de poucos amigos nas longas filas. Isto não é uma crítica. Eu também lá estava. Provavelmente com a mesma atitude. E não é algo de que me orgulhe.
E isto é o Natal. Ou melhor, não é. Eu sei que é muito mais que isto, mas tal como no autocarro das 20:15 a caminho de casa, é difícil de acreditar. Com tantos indícios contrários, é mesmo difícil acreditar.
Mas como a Madalena disse tão bem, o Natal é a época da Esperança. E eu tenho Esperança. O Natal devia ser aquela época em que acreditamos que nos podemos tornar pessoas melhores e que as coisas podiam ser de outra maneira. Só por pensarmos assim as coisas começam a ser de outra maneira.
Numa escola improvisada onde emigrantes de Leste comemoram um Natal antecipado ou num Carrefour a transbordar de gente: mais do que uma época de felicidade o Natal devia servir para mostrar que ela é possível. Mesmo que se tenha de fazer o tal esforço.

sexta-feira, dezembro 21, 2001
 
vou tentar não ser um parente pobre e vou tentar pensar num disco que tenha sido importante para mim este ano.
Sabem, eu não decoro nomes de canções nem de álbuns. a minha memória é mesmo muito fraca. eu esqueço-me de muita muita coisa, embora eu ache que vocês não acreditam quando eu digo isto.
já não me lembro bem de como foram os primeiros meses do ano. sei que foram maus. a coisa melhor foi o fantasporto. mas não me lembro bem das músicas dessa altura....
ouvir-vos falar do sudoeste... sei o que me marcou este ano: nick drake. obrigada aos meus amiguinhos que, mais uma vez, me mostraram coisas muito bonitas.
(hoje baldei-me aos meus compromissos e decidi ficar em casa. estou muito feliz porque não tenho tido tempo nem para ver o lá em casa tudo bem e o meu corpo suspira por momentos de descanso.)
a recordação mais linda deste verão foi eu a ouvir nick drake, após ter feito yoga, sentada numa esteira, de noite, a olhar para um candeeiro que era uma grande bola da cor do algodão doce, que eu tanto amava.
não consigo fazer listas de álbuns mas é só porque não me esforço.

liliana fazes cá falta!!!
cristina, onde andas??
e tu, raquel???

quinta-feira, dezembro 20, 2001
 
de um verão que já passou... o verão que passou deixou-me na impossíbilidade de voltar a gostar do inverno. o sudoeste... falo constantemente disso e parece que nunca fica tudo dito. ana, as minhas memórias do the bends são tão parecidas...

kings of convenience - eu preciso muito disso!

madalena, o teu post foi a coisa que melhor simbolizou o natal este ano.

 
Hoje, em Mafra...
Passou um mercedes preto, daqueles muito novos e muito finos donde saem os ministros na televisão. Dentro, guiada por um motorista, ia uma senhora de cerca de 50 anos, mais pirosa do que possa ser imaginável. Eu penso, ter muito dinheiro pode ser um perigo. A senhora que vai à minha frente diz audivelmente para a senhora que a acompanha, mais vale ser pobre!

As tardes da VOXX, onde o povo é quem mais ordenha, estão cada vez melhores. De facto, convidam a andar de carro a tarde inteira. Foi o que fiz esta tarde.

Já tenho a minha prenda de natal. E estou muito feliz com ela. Fui eu que a fui comprar e já está embrulhada. É o meu novo kit de sobrevivência aos 50 ou 60 km que me separam da faculdade... um minidisko! Mal posso esperar pelo reinicio das aulas... na verdade eu acho que o autocarro é o melhor sítio para se ouvir música. Até tenho uma teoria: um disco bom para se ouvir no autocarro é invariavelmente um grande disco. O contrário pode verificar-se, ser mto bom mas não ser grande coisa para se ouvir no bus. Mas uma coisa é certa: se é bom para o autocarro é porque é bom mesmo.

(...)Os meus amigos enterrados no jardim
E agora já ninguém confia em mim(...)
era só para brincar ao cinema negro
os corpos no lago eram de gente no desemprego

qualquer coisa assim, passou hoje na rádio... eu gostava muito da canção há uns cinco ou seis anos.

A papa cerelac tem uma edição especial de natal! Uma lata com um ursinho azul vestido de pai natal. Fixe. Agora já não tenho que dobrar os pacote para não entrar ar. Foi a melhor surpresa deste natal.

Já estou um pouco cansado de estar em casa à volta do Giddens e das influências da modernidade tardia sobre as biografias individuais. Embora até tenha o seu certo interesse e seja das coisas menos más. Maço-me sempre um pouco nas férias embora goste disso. Eu gosto do tédio, ás vezes. O tédio cria uma espécie de distanciamento consciente entre o que somos e o que fazemos. Entre o que é nosso e o que é de todos. Entre o sentimos e o que expressamos. Entre o agora e o nunca. É sobretudo uma espécie de distância crítica. Uma forma de olhar o presente como se fosse o passado. E toda a gente sabe que é mais fácil olhar mais claramente para o passado do que para o presente. É como o jazz, a tal conversa adiada.
Eu sinto assim. Mas não tenho a certeza de ser mesmo assim e não ser o contrário. É que em quase tudo os extremos tocam-se, embora no lado oposto do circulo e de costas voltadas.

Já tenho o bilhete para godspeed you black emperor! É o nº 0363. É o bilhete mais bonito desde... sei lá agora são todos tão feios. Desde beck, talvez. 20.00 euros ou 4010$... euroinflações. A produtora é a zounds... (?)


Farto-me de ler tiras do calvin & hobbes. Já devorei um livro todo e estou a começar outro.

Calvin – acreditas no diabo? Um ser supremo que tenta, corrompe e destroi o homem?
Hobbes – não sei se o homem precisa de ajuda.
Calvin – não se pode falar destas coisas com animais.
Sem os desenhos não tem metade da graça.

Parti uma corda da guitarra e duas palhetas a tocar hoje de manhã. Foi mesmo a coisa mais significativa que saiu durante uma hora. Aparte isso, nada. Há dias assim. Demasiados, infelizmente. Chego á conclusão que não presto para tocar música.

Sequei o meu cabelo com secador... imaginem o resultado e riam-se comigo!

 
Alguém sabe onde é que posso comprar a banda sonora original do Conan?

 
Greetinx!
Quando é que me explicam o sentimento de Domingo? Passei algum tempo a pensar nisso no Domingo passado e não compreendo... mas também tive o dia inteiro (à excepção de quando fui votar. Sim, porque eu exerco os meus direitos de cidadã!) à volta da recensão de pragmática.
Helder tens de explicar a razão do teu retiro espiritual...
Badrinha, preciso da tua ajuda em assuntos internéticos! Não consigo aceder à pagina do Criado... só consigo ver esta. Heeeeelllpppp!
O Natal já começa com a sua influência perniciosa na minha e na mente de todos... estou triste com esta epoca. Talvez o Natal seja um "Domingo" como voces o vêm... Mas não posso negar que há coisas bonitas no Natal: vai ser tão bom ver a cara do meu querido Abílio quando receber o que lhe comprei; é bom ver os meus gatos completamente loucos de euforia com as bolas e enfeites;vai ser giro fazer receitas de natal para diabéticos (para o meu papi);vai ser acolhedor estar fechada no meu quarto com o aquecimento ligado a ler um livro sem ninguém a aborrecer-me na noite de 24, isto porque eu não participo nos festejos. Mas, amigos alegrem-se!!!!!: ao menos já deu o Natal dos Hospitais, que para mim sempre representou o cumulo da depressão que
é o natal! Mas o meu desejo é que se divirtam e sejam felizes. É sempre bom ter uma recordação de pão com queijo! :)
Adoro-te badrinha!

 
Kings Of Convenience - Quiet is the new loud
Que lindo nome para um disco. E que lindo disco :-))

 
Elbow, The Bends e Pão com queijo

Nunca consigo falar dos elbow. Nem do Asleep in the Back. Gosto por demais desse álbum. Nunca faço julgamentos destes mas acho que foi o "meu disco" deste ano. Chegar ao recinto do festival Sudoeste a correr... Ouvir ainda um bocadinho (significativo) da actuação... Um final de tarde, o sol a descer. A surpresa de uns elbow em acústico e do quão bem aquilo funcionava assim, com as canções completamente despidas de produção. E pouco mais tarde um álbum extraordinário: de Inverno que eu ouvi no Verão, urbano e que eu ouvi muitas vezes com calma no meu quarto, claustrofóbico e cerrado mas absolutamente lindíssimo. Um dia destes escrevo um post inteiro só sobre esse àlbum. De como ele é importante. De como preciso dele para descrever o ano que acaba agora. Mas ainda quero pensar melhor sobre isso.
"Mete o The Bends." Sim, o The Bends. Não o vou conseguir dissociar deste verão. É um albúm que anda por cá há tanto tempo. Mas que ganhou um novo significado. Ouvi-lo todos os dias no limite do cansaço (sim, porque eu me cansei). Outra vez e outra vez. Lembra-me sobretudo do carro. Do carro a andar, da paisagem a desfilar pela janela: os lugares anteriores planos e iguais aos que se seguem. Da velocidade do carro. E da velocidade do carro. E da voz do Thom York. E da voz do Cândido "mete o The Bends". E do primeiro dia de festival em que comi o melhor pão com queijo do mundo. À beira da estrada, no carro, a ouvir o The Bends. A poucos minutos dos Elbow.
Foi no sudoete que descobri que gostava de pão com queijo. Há uns tempos andei adoentada. Já passou, mas curiosamente ou talvez não, a única coisa que na altura parecia não me fazer mal era pão com queijo. Ia ficando farta. Mas o melhor do mundo foi ao som dos Radiohead.
As memórias colam-se a coisas muito estranhas. A objectos muito estranhos. Pão com queijo tem para mim um alto valor afectivo.
De um verão que já passou... :-)

 
Madalena: :-))
Only you!!!

quarta-feira, dezembro 19, 2001
 
Nos países de Leste o calendário é diferente do nosso. Por isso, o Natal celebra-se a 7 de janeiro. Desde quando faltam 7 semanas para o Natal, faz-se jejum de carne, gordura de carne produtos lácteos e bebidas alcoolicas e ainda abstinência sexual. No dia 6 de Janeiro o jantar é peixe com legumes e só no dia 7 é que acaba o jejum.
Havia uma das alunas que trazia só uma camisola (todos eles trazem a melhor roupa que têm para as aulas e é sempre a mesma) e ela acabou por dizer que não tem dionheiro para um casaco. A minha irmã disse-lhe logo que ia com ela à igreja. Ela, Natasha, disse que tinha vergonha mas acabou por ir.
Outras duas senhora, Galina e Mila, não tiveram veregonha nenhuma e trouxeram uma carrada de roupa quente porque não a tinham. Estas duas senhoras andam mais de meia hora a pé para apanhar o autocarro para ir para as aulas. Trabalhavam em fábricas de químicos que fecharam.
Na igreja, o que lhes despertou mais interesse foi um cobertor que tinha sobrado da última recolha de roupa que houve na paróquia, que entretanto já se sumiu toda.
Ontem pedi-lhes para dizerem o que mais queriam receber neste Natal. Eu sei que é uma pergunta estúpida («aqui em Portugal é só festas e feiras», dizia Vladimir) mas eles acabaram por responder que gostavam de receber dinheiro, carinho e, o mais importante: «sem NEVE não é Natal».
Nós tinhamos embrulhado uns chocolates e distribuimos por eles e também tínhamos um lanche para eles, uma pequena festinha de Natal. Então eles puxaram de dois embrulhos e deram-me a mim e à minha irmã. Tinham-se cotizado para nos comprar uma prenda. Eu fiquei muito incomodada, quase a chorar. é que eu sei que sou má professora e que eles precisavam de algo melhor para aprender a língua.
Natasha acabou por não conseguir arranjar casaco no sótão da igreja, que está cheio de roupa...de verão. Combinou connosco ir à Igreja sábado. Espero que vá. Sei que basta dizer às pessoas que é preciso casacos que aparecem logo umas dezenas. As pessoas são generosas. Mas isso não basta.
Lembrei-me das aulas de discurso dos media. Há milhares de quotidianos diferentes dos nossos, e a maior parte deles é duro. Sei que isto pode parecer óbvio, mas será que nos lembramos disto quando dizemos mal do nosso dia a dia?
O natal continua a ser a vitória da esperança. Há directrizes, há caminhos de paz que podemos seguir. Não são moralidades, são mudanças no estilo de vida.
Este foi o meu post mais longo mas queria mesmo partilhar com os meus queridos amigos esta história. Aproveito para dizer que já tenho saudadinhas vossas. Espero que tenhas passado um bom dia de anos, Lilifada.

 
Este ano não vou fazer listas dos dez, ou cinco ou quinze melhores. Por dois motivos. Primeiro porque para o fazer é preciso Ter uma boa dose de objectividade e, para mim, ouvir e gostar de música é uma experiência pessoal. Em segundo lugar, este ano segui menos aquilo que se passou. A começar por não conhecer os strokes... já ouvi duas músicas na rádio, e a minha opinião é: eles são inofensivos e chatos. E duvido que alguém aguente ouvir aquilo durante o tempo de duração de um disco normal. Por isso vou fazer antes uma lista das coisas que foram, este ano, importantes para mim. É claro que não será completa, até porque um ano é muito tempo e já não me lembro de muitas coisas de certeza.

Os discos mais importantes para mim, não seguindo nenhuma espécie de ordem particular foram:

*washing machine dos sonic youth, também o goo mas principalmente este. por todas aqueleas razões que o gustavo deu.
*grace/olympia/mystery white boy do jeff buckley. Já conhecia o grace e tinha comprado o sketches pouco depois de sair, mas só este ano é que me rendi. Sim eu sei... como é que foi só este ano...
*doolittle dos pixies, outra descoberta tardia, comprei o album no porto, em pleno fantas e passei logo a noite a ouvir. Mentira, dormi uma hora.
*amnesiac, dos radiohead e pelas razões erradas... a minha relação com este disco é problemática. A nivel pessoal. Musicalmente acho que o disco é pouco audível. Desculpem se cometo alguma heresia... gostei mais do kid a.
*the bends tb dos radiohead e para compensar a não audibilidade do amnesiac. Quem esteve comigo no sudoeste sabe bem porquê que este disco foi importante. Fiz uma cópia para deixar permanentemente no carro. “Mete o the bends!” foi a frase que mais ouvi durante o sudoeste. E eu punha, que sacrifício...! =))
*and no more shall we part, nick cave. Não é um disco bom para a saúde. Mas eu já estava tão mal... o disco, diz a madalena, é cheio de esperança. Tanto pior. “come over here babe, it ain’t that bad...” ainda assim foi a banda sonora dos momentos mais baixos do ano. Só rivalizando com jeff buckley quando ouvia o “Lover
*regeneration dos divine comedy, foi bom ouvir no verão. Apesar das músicas tristes é um album que não nos deixa ficar mal com a vida. “i wanna look like they look, i wanna shake like they shook, i wanna take what they took” foi uma frase que durante um tempo fez algum sentido.
*all is dream, dos mercury rev porque o album é mesmo bonito. Só isso, desta vez.
*strangeways here we come, dos smiths, outra descoberta deste ano. Muito por culpa de uma música. “last night i dreamt that somebody loved me”. Desculpa ana, esta tem que ser a canção mais miserabilista da história da pop! Este foi o ano de olhar para trás e apanhar o que tinha ficado.
*without you i’m nothing dos placebo. Não posso justificar isto...
*uma gravação pirata dos sigur rós no roskilde festival. Uma semana inteira no discman e a possibilidade de ficar meses interrompida pelo roubo do discman com o cd incluido.
*old ramon dos red house painters, sem motivos adicionais.
*asleep in the back dos elbow este disco é comose o conhecesse à muito tempo. Talvez por ainda Ter apanhado duas ou três músicas no sudoeste e isso parecer há muito, muito tempo.
*kind of blue do miles davis, o que é que eu posso dizer?! Se não conhecem muito jazz, comecem por aqui. Está tudo no sítio certo. Poê.se no repeat e ouve-se a manhã inteira, a tarde inteira, a noite inteira... cinco instrumentos a criar um mundo paralelo. Eu já tinha começado a ouvir jazz o ano passado, mas agora é que o caso está a tomar proporções alarmantes. Um destes dias explico porquê que o jazz tem propriedades medicinais...
*the black saint and the sinner lady do charles mingus. Ouvi-o constantemente enquanto lia a primeira metade (um pouco mais) do “pela estrada fora” do jack kerouac. Não ouvi na Segunda metade porque não acabei o livro. É uma coisa que começa a ser comum, não acabar os livros. Perder o interesse pouco antes do fim. Não vos acontece?
Ouve mais algumas coisas que transitaram do ano anterior como goldfrapp, sigur ros, yo la tengo, godspeed you black emperor! E depois, claro que há aquelas coisas que continuamente são importantes mas que eu sinto que não tiveram relevância suficiente para por aqui. Assim, o que aqui ponho são não só os discos que saíram este ano, que ouvi pela primeira vez este ano, mas também aqueles que redescobri e causaram grande impacto sobre mim, talvez quando eu já não esperava muito.

depois tb ouve mtas musicas em separado. talvez ainda fale nisso.

terça-feira, dezembro 18, 2001
 
Eu não estava a ouvir a "Perfect Lovesong" porque fui correspondida na minha paixão. Antes fosse isso... Nem sei se existe "uma" canção para "um" momento. Mas se existir, não a queria estar a determinar ou defenir à partida.
Os Divine Comedy, na sexta-feira à noite deixaram-me como à Raquel: a cantarolar. E a pensar que ninguém pode ficar mal disposto a ouvir aquilo. Menos visceral e menos intensa. Mais feliz. A canção Aspirina.
É isso: foi uma canção aspirina.

 
PARABÉNS LILIANA!!!!!!!

domingo, dezembro 16, 2001
 
E hoje é Domingo. De eleições, mas mesmo assim Domingo...

sábado, dezembro 15, 2001
 
A ouvir a "Perfect Lovesong" dos Divine Comedy é impossível ficar de mal com a vida. Alguém quer experimentar???

sexta-feira, dezembro 14, 2001
 
Estou sozinha aqui "neste quarto", a escrever aquilo que me vem à cabeça e a adorar a sensação. Era assim que devia ser sempre. Amanhã volto aos offlines mas hoje... ;-)

 
Heldinho....
Porque é que não vieste ver a fada do lar??? Hoje a reunião do núcleo foi a melhor de sempre. Até a Leninha veio vê lá...
Não queres quebrar o silêncio para explicar o porquê do silêncio? E como está o Porto?

 
Alguém quer tentar explicar à Patrícia o "Sentimento de Domingo"?
Eu vou tentar mas vocês também podiam...

 
A "Fada do Lar" é o melhor programa de rádio do mundo depois de "O Menino é Lindo". Para mais vejam:

Liliana: - E agora, uma canção para dedicar aos jogadores de Ping Pong da Associação de Estudantes
Jogadores de Ping Pong: - P'ó caralho!!!
Liliana: Obrigado!!

Tudo isto, em directo, claro!!! E ainda "a mulher na casa e na cozinha" especial consoada, a rubrica "pérolas a porcos" com Ary dos Santos, o toque "hurgy durgy" da Nokia, o "Sweet Caroline" do Neil Diamond dedicado ao Sérgio, o já famoso genérico do "barco do amor" e as canções de Natal do Frank Sinatra.
Oba, oba , oba! Também quero ser fada do lar... ;-))

 
Mais Teorias do Drama e do Espectáculo ...
" A vida é uma tragédia para aquele que sente e uma comédia para aquele que pensa". Alguém disse isto.
Não consigo lembrar-me de quem foi mas era certamente inteligente...

quinta-feira, dezembro 13, 2001
 
Gostava muito sinceramente que todos se manifestassem (de preferência para aqui), acerca do actual/futuro look do quarto do criado. Ou do criado de quarto? O que pensam da ideia de termos um visual "rotativo"? Ou qual dos pré-definidos do Blogger.com gostam mais?
A ideia de acelerar o processo com este "juicey" parece não ter resultado. Era importante ter a opinião de todos.
Falei há muito pouco tempo com a Patrícia que me lembrou de como este Blog vai ser útil durante as férias que se adivinham, para nos mantermos todos em contacto. OUVIRAM, meninos?

quarta-feira, dezembro 12, 2001
 
adoro!!! parece um livro de receitas!!!

 
POP!!

 
mas... no pescoço ???!!!! ...

 
Este novo look (com as frutinhas) é apenas provisório. Para bem da saúde do Sérgio ;-)
É uma sentida homenagem da Anita e do Heldinho às meninas "Fadas do Lar". Espero que gostem pois vai ficar assim até que todos cheguem a um acordo. Foi esta a melhor maneira que arranjámos de acelerar o processo...

 
no pescoço ???!!!!!!! ...
:-(

terça-feira, dezembro 11, 2001
 
oopps! não se preocupem se não gostarem... eu sei pr como estava. é só para ver se isto muda mais rápido. já não aguento esta aparência.

 
Ainda em relação à aula de teoria do drama e do espectáculo... gostava que no meu cursozinho também houvessem aulas assim interessantes. Mas não. Lá só se fala de objectividade em ciências sociais, em números tradutores de realidades e nas virtudes da dúvida sistemática, o que se torna irónico, quando aqueles autoproclamados salvadores da civilização não têm dúvidas nenhumas. Hoje, eu e o joão, estávamos a discutir a inutilidade dos discursos científicos complexos utilizados para camuflar posições extremamente subjectivas, não só na sociologia, e ele virou-se para mim e disse: “nunca tiveste a sensação de não estar bem em lado nenhum?” sim, joão. sim. e depois abominámos em conjunto as cadeiras de estatística, demografia, sociologia e economia históricas, e tudo.

É muito triste se as coisas que estão dentro de nós não existirem. Eu tenho coisas dentro de mim que não quero exprimir. Muitas. E já estou a esquecer (deliberadamente) as coisas más. Há muitas coisas que não disse. Muitas coisas que não direi. Mas também muitas coisas que constantemente não digo. Coisas que não faço, embora as queira fazer, por achar que as pessoas que me rodeiam não vão gostar. A minha forma de gostar das pessoas pressupõe, de certa forma, abdicar delas. (acho que isto está a descer em direcção ao que alguns de vocês sabem...) Até porque quando se gosta muito, quer-se mais do que o saudável. E depois há uma auto-censura. Eu não estou a conseguir dizer aquilo que eu quero. Nem está a ficar parecido. Pronto Ana, estás contente? O que eu queria mesmo dizer é que concordo mesmo com aquilo que tu disseste. As palavras podem não ser ditas, e os actos invisíveis. Mas o que acho é que nada do que nós sentimos pode deixar de ter consequências reais e concretas. E se um sentimento forte existe (ainda que interiormente e não observável) tem de haver alguma influencia comportamental. Ainda que possa estar longe de ser a sua expressão plena. Neste sentido, as coisas existem mesmo. No mudo concreto, pois deixam um rasto, por vezes demasiado fino para poder ser compreendido por alguém que não nós mesmos. Agrada-me pensar que a mais ínfima das forças pode alterar o mundo, ou na pior das hipóteses, o micro-mundo que nos rodeia. Ínfimas forças producentes de tão ínfimos pormenores que raramente damos por eles. O que é certo é que eles existem e são sinais dos mundos pessoais dos outros, onde nos é tão difícil ter acesso. Há quem se preocupe com a vida para além da morte. Eu preocupo-me com a vida para além do corpo que está à minha frente numa qualquer mesa de uma esplanada qualquer. É uma coisa que me incomoda: a incompreensão mútua e a incapacidade de chagar aos outros através dos sinais dos mundos interiores não revelados.



domingo, dezembro 09, 2001
 
Numa carta mais ou menos antiga escrita por alguém de quem gosto tanto que não vale a pena descrever, leio uma frase que por muito que viva nunca vou esquecer: “O amor é uma atitude.” Não vos dou o contexto porque acredito que ela vale por si... Pensem nela como quiserem. Mas achei que devia divulgar esta ideia brilhante. O Amor é uma atitude. E eu tenho sido uma má menina...

 
It’s coming on Christmas / They’re cutting down trees...
River - Joni Mitchell

Hoje vou fazer disto o meu diário...
As tardes de Domingo passadas em casa são uma coisa inverosímil. As tardes de Domingo passadas em qualquer lugar são uma coisa inverosímil. As tardes de Domingo são uma coisa inverosímil. As tardes de Domingo não deviam existir. Talvez um dia eu me dedique mais a reflectir acerca disto mas hoje já não tenho paciência. Os Domingos são uma coisa dolorosa. Como os autocarros de fim de tarde, a caminho de casa...
Até agora estive a montar a árvore de Natal com a minha irmã. Com o meu gato também, a causar todos os distúrbios possíveis: a roubar bolas, a tentar comer as fitas, a passear-se em cima da mesa e a sentar-se por entre a parafernália de coisas espalhadas em cima dela. O meu pai, num acesso de qualquer coisa que nem sei bem o que foi, decidiu pôr canções de Natal: os clássicos cantados por Frank Sinatra. Sorri ao pensar na “Fada do Lar”, mas aquele disco é muito horrível. Digno de passar em “Repeat” num qualquer Intermaché ou Carrefour. Daqueles que são tão maus que formei uma teoria da conspiração: a explicação para passarem sempre em grandes centros comerciais é terem mensagens subliminares que incitam ao consumo. Ninguém por sua própria vontade ouvia aquilo um dia inteiro seguido. É como os “Pan Pipe”. Tem de haver uma qualquer explicação. Comecei a sentir-me enjoada. Como naquele dia na loja de chapéus no Chiado.
Mas cá em casa... Sentia-me dentro de um daqueles filmes americanos antigos muito maus em que há sempre uma família reunida e uma árvore de Natal, e cânticos e sorrisos e felicidade em estado sólido. Enquanto aquilo tocava, pensava se a minha família é mesmo uma dessas famílias. Em certos dias... Não cheguei a nenhuma conclusão. Mas num acto de bondade e misericórdia o meu pai consentiu na mudança da banda-sonora. E foi assim que este ano a minha árvore de Natal foi montada ao som de Leonard Cohen e os seus “Greatest Hits”. Sim, nós temos GH cá em casa. Este por acaso é do meu pai. E foi assim que íamos pendurando as bolas, as fitas, os anjinhos, os sininhos e bugigangas afins a ouvir a “Suzanne” ou o “Sister of Mercy”.
Eu não estava muito bem disposta. Mas também não sei porquê... A minha irmã ficou triste pela minha falta de entusiasmo e eu percebo que ela o tenha ficado. Acabámos por discutir, em frente à árvore. Vim-me embora. Costumamos montá-la juntas todos os anos mas está a faltar-me o espírito que é necessário.
Ficou bonita mas falta-lhe o lado ritual. Ou então já me esqueci de como foi o ano passado.
Para o ano montamos a árvore a um sábado.
I wish I had a river...


 
Se a beleza nos cair nas mãos, não sabemos o que fazer com ela. Mas se encontrarmos alguma coisa para ser reparada, alguma imperfeição, a beleza torna-se numa deliciosa demanda.
Este mundo, que agoniza aos nossos pés, é uma demanda obrigatória.

 
Admito-o: quando eu pergunto opinião sobre alguma coisa, quero que ela venha de encontro à minha.
Admito-o: sempre que alguém me pergunta se eu acho que uma camisola lhe fica bem, eu digo que sim, mesmo que não goste da camisola. Faço-o por preguiça, por medo de expor aquilo que realmente penso.

 
Tenho medo de estar a olhar intensamente para alguém e ir contra qualquer coisa e fazer um grande estardalhaço e depois a pessoa repara e faço figura de parva.

 
Aquilo da aula de Teoria do Drama e do Espectaculo também me impressionou. Mas há coisas que nos traem que não sei se as podemos considerar exteriorizações. Há actos que se tronam pensamentos. Há exteriorizações que interiorizamos.

 
ana: os simths e os elbow devem ser bons companheiros... mas eu não os tenho ouvido...

 
Cristina: foge de Portugal enquanto é tempo....

 
Leninha: e então os Smiths e os Elbow? São bons companheiros de fim de semana? Os Tindersticks são :-)

 
Pensamentos: palavras, actos. E omissões.

Numa aula de Teoria do Drama e do Espectáculo, o professor dizia que o actor tem de expressar os pensamentos da sua personagem através de palavras e de actos. Toda a dificuldade do trabalho do actor passa por aí. Ser outro. Em palavras e em actos.
“Só quando as personagens falam e agem é que ganham existência. Não existe nenhuma outra chave para os segredos das personagens. É isto que acontece no Teatro e aquilo que acontece no quotidiano. Só existe aquilo que as personagens demonstrarem em palavras e actos.”
Na vida de todos os dias a tarefa deve ser igualmente difícil: como é que podemos fazer corresponder os nossos pensamentos e sentimentos às nossas palavras e sobretudo às nossas acções?
Mas... O meu problema é outro: como é que o podemos fazer se muitas das acções que tomamos hoje em dia são na verdade omissões? E aquilo que não exteriorizamos?
E se fosse mesmo verdade? Se só aquilo que surge pelo meio da palavra e da acção existisse?
Eu vivo muito nas coisas que deixo por dizer. E nas coisas que deixo por viver. Não preciso de que elas aconteçam para que elas existam para mim...

 
Delírio Intímo Colectivo
Já aqui não vinha há uns dias. But, first things first.
Eu também acho que o blog não está muito bonito, assim como está. Também acho que já está mais do que na altura de dar uma nova “cara” à nossa casa. Aquela com que nasceu, tinha de ser suficientemente cinzenta, justamente para que agora todos pudéssemos escolher juntos aquela que lhe queremos dar. Mas é importante que todos estejam de acordo. A ideia não era que ficasse eternamente assim.
Era interessante se acabássemos por pôr a tal imagem do jornal (ainda a tens Liliana?), mas eu não o sei fazer e teria de ser alguém que fale HTML (ouviste, Helder) porque eu nem sequer sei se isso é possível.
Quanto a sugestões de entre aquelas que o blogger.com tem como pré-definidas há muitas, muito mais bonitas do que as do Criado. “Omini Nectar”, “Simple Serif”, ou até a colorida “Bold Lines”.
Das que sugeriste, gosto da “Sportscut”, e da “Currency”. Quanto à Interblued está demasiado vista em muitos blogs que costumo visitar. Também gosto da Rounded Stretchy Corners. È só escolher... Mas é preciso que mais gente se manifeste no sentido de uma mudança.

quinta-feira, dezembro 06, 2001
 
No autocarro das 20:15h, a vida doi. O dia já começou há muito tempo e ainda não acabou e os sentidos doem. Vinha a pensar como ser cordial é imprescíndivel para a vida ser mesmo bela. E toda a gente sente, uns mais do que outros, como a vida é exigente e dura. As coisas nunca correm bem à primeira, as boas surpresas são muito muito raras e o cosmopanda nem sempre aparece para nos salvar.
Eu sou crente...
Eu sou crente? Se fosse crente, seria muito mais feliz, infinitamente mais feliz. Fazia o que podia e depois punha tudo nas mão do bom Deus que, nas surpresas que nem sempre entendo, me ia maravilhar com o seu permanente desejo de me fazer feliz.
No autocarro das 20:15H, penso como durante o dia não fui cordial. Penso como não acredito porque nesta hora de final de dia é difícil acreditar. Penso que é tarde para acordar e cedo para dormir.

 
estive a ver os templates pré-definidos e gosto de: currency
interblued
sportscut

vão ver quais é que voçês gostam. para discutirmos o assunto.

quarta-feira, dezembro 05, 2001
 
tenho uma reclamação a fazer ao blog e aos bolggistas... sugiro que se altere urgentemente esta aparencia feia, azul e cinzenta... só me lembro de uma coisa tão pálida quando estava na unidade de cuidados intensivos em santa maria...
um "diário intimo colectivo", como alguém já lhe chamou, prefiro 'um delírio intimo colectivo' =)), merecia uma aparencia mais quente.

 
Hoje também fui ás compras. Uma visita ao intermarché com a minha mãe. Ainda bem, porque o cerelac estava a acabar. E vocês não sabem como fico de mau humor quando não há cerelac para o meu pequeno almoço. Especialmente se for naqueles dias que tenho que me levantar às 6 da manhã. Estive a brincar na secção natalícia dos brinquedos, a carregar em tudo o que eram botões. Até a minha mãe dizer que já chagava, que me tinha levado para a ajudar. Havia lá uns objectos com uma forma estranha que produziam sons... também faziam barulho e também tinham botões. Também carreguei nesses... diziam hip-hop, rock1, rock2, pop etc. na rádio mosqueteiros o panorama não era muito melhor, boy bands xungas e outras merdas nem melhores nem piores. Havia um putinho a perguntar ao pai porquê que uma das caixinhas de felicidade infantil só tinham um homem... “...têm todos dois homens, e puquê que ete só tem um?” “Ó filho, tens que perguntar á senhora. Se calhar foi dar uma volta.” “uma volta aonde, pai?” Estive no corredor dos chocolates a olhar com aquela cara dos miúdos quando olham para as montras dos brinquedos que não podem comprar. Pois, eu estou pior e os intestinos não se dão bem com os chocolates. É com os chocolates e com outras coisas. Essas não consigo evitar. Havia uma maquineta a dizer: “saber viver não custa” às pessoas que passavam por ali. uma ironia à qual não pude deixar de sorrir. Talvez um dia as máquinas nos ensinem a viver. Dei comigo a olhar para os espelhos por cima da fruta, sabem? Estão na diagonal para reflectir o tabuleiro da fruta e por isso, ao contrario da maioria dos espelhos, não reflectem a nossa cara, mas sim os pés. Nunca tinha visto os meus pés daquele angulo e foi engraçado andar de um lado para o outro a ver os meus próprios pés. Ou melhor as minhas botas velhas e manhosas no meio dos pêssegos e das pêras, até perceber que estava a fazer figura de idiota a andar de um ladi para o outro. À saída fui atestar o carro porque se se apresentar o talão de compras do intermarché têm-se direito a 10% de desconto. Enquanto estava a atestar, a rádio mosqueteiros estava a passar Coldplay. E enquanto eu estava com uns problemas enormes para tirar a tampa do depósito (sabem aquelas coisas que nunca se sabe como é que se faz e nunca nos lembramos de perguntar?) aquilo estava a soar tão bem que eu pensei se colplay não seria a música ideal para as bombas de gasolina... Antes tinha ido comprar uma bracelete para o meu relógio. Mas acho que não o vou usar sempre, como fazia dantes. Ás vezes é bom não saber que horas são. Saber apenas que o tempo passa depressa quando estamos com quem gostamos.

 
Anyday NOW
O álbum dos Elbow começa com uma faixa chamada "anyday now". Uma canção que eu adoro. Eu gosto muito deste disco e consequentemente dos Elbow, porque eles só têm este. Para mim, este é um dos álbuns do ano.
Numa entrevista que li, feita ao vocalista Guy Garvey(?) - acho que é isto- ele dizia que "anyday now" é uma canção de 6 minutos que pode ser resumida numa só frase "let's get out of here". Existe em todas as canções dos Elbow, essa sensação de que algures, longe, distante, desconhecido deve existir um outro lugar. Mas essa canção parece uma "fuga para a frente". Sair daqui. Do lugar que nos consome. Que nos leva a juventude. Fugir. Agora. Antes que seja tarde. Ainda há tempo. Ainda há força para procurar outro lugar. É isso que a canção diz. Para mim.
Mas não é isso que a canção faz. Só repete esse desejo em voz alta. Como se precisasse de se convencer a si própria: vamos sair daqui. Depressa. Antes que seja tarde. É só isso que a canção faz: repetir o desejo. Perde tempo a convecer-se a si própria e não sai do mesmo lugar... Nunca explode, nunca muda de tom. Repete que não se conforma mas fica no mesmo lugar. Porque o tal lugar pode não existir... Mas temos de continuar a querer sair daqui.

Gosto desta canção... e ainda bem que voltaste a este álbum Heldinho.
Apesar de ele fazer mal à saúde.

 
Continuando, isso do ostracismo era uma piada não era? Porque só faz sentido ter um blog e discutir assuntos se se estiver disposto a ouvir as opiniões dos outros. E as opiniões dos outros não são suseptibilidades feridas: são opiniões tão válidas como a tua. Esta por exemplo é a minha.
Eu também acho que nem tudo carece de explicação. Afinal de contas quem é que pensa? Eu não te pedi para desenvolveres o assunto. Se achavas que a frase valia por si, não falavas mais no assunto.
Eu não quero falar sobre a morte. Não faz sentido discutir o assunto de uma forma abstracta. A Patrícia falou da morte relacionada com alguém de quem gosta. E isso é uma coisa muito pessoal. E muito corajosa também. Eu não penso nada acerca da morte. Eu não tenho uma opinião acerca dela. A Patrícia relatou uma experiência. E num diário intímo colectivo isso faz todo o sentido. O que não faz são discussões intermináveis das quais já se perdeu a origem.
E continuo sem perceber exactamente o que é que a morte tem a ver com o comodismo ou o cansaço. Tu esqueces-te de tanta coisa... De que tudo te está ainda pela frente. Duas linhas não sevem para resumir nada relacionado com o estar vivo. Ou fisicamente vivo. Nem um blog inteiro chegaria para mim...

 
Estou num computador na faculdade. Não tenho hora marcada, logo, não sei se vou ser interrompida por alguém que legalmente tenha direito a estar aqui no meu lugar. Mas queria esclarecer aquilo que tem ficado por esclarecer. Sim Heldinho, é a minha opinião "oficial" e "registada" como tu querias.
E eu concordo. Se o assunto surgiu aqui, é aqui que deve ser discutido. Apesar da quantidade de vezes que já falámos disto offline.
Helder: tu gostas de rótulos, admite. E isso não tem nada de errado: tu até podes achar que não é correcto estar sempre à procura de justificações para tudo, mas de facto pensas sempre que aquilo que nós dizemos tem de ter segundas intenções. Queres sempre compreender tudo e as divergências de opinião não se explicam. Eu podia tentar desmontar o teu raciocínio acerca dos rótulos e da morte, ponto por ponto. Sistematicamente. Mas isso seria estúpido da minha parte. Devemos discutir assuntos e não a opinião uns dos outros acerca deles. Até aqui estamos de acordo ...
Para começar pela questão da morte. Aquilo que tu disseste caiu-me um pouco mal. Tu disseste que nós te criticámos sem ver que aquilo estava descontextualizado. Mas a verdade é que não estava. Vinha na sequência lógica de um post da Patrícia sobre a morte... E, na sequência daquilo que ela tinha dito achei o teu post completamente desbocado. Se querias falar de um contexto diferente, devias explicá-lo porque nós não estamos dentro da tua cabeça para perceber o que pensas. Afirmar que se morre porque quer... O post da Patrícia falava da vida a escorrer entre os dedos, da solidão, do que fica para trás. E tu falavas de comodismo e de desistência? Acreditaste mesmo que estavas contextualizado? Querias levantar discussão? Ou percebeste mal?
Eu penso que percebi aquilo que tu disseste. Uma definição das razões da morte em duas linhas. Eu achei um pouco forte.
Tu achas que não tinhas de dar mais explicações, mas queres as minhas explicações por ter discordado. Afinal, em que é é que ficamos? ;-))

 
Save Me

You look like a perfect fit
for a girl in need of a tourniquet
But can you save me
Come on and save me
If you could save me
From the ranks
of the freaks
who suspect
they could never love anyone


'Cause I can tell
you know what it's like
The long farewell
of the hunger strike
But can you save me
Come on and save me
If you could save me
From the ranks
of the freaks
who suspect
they could never love anyone


You struck me dumb
Like radium
Like Peter Pan
Or Superman
you will come
To save me
Why don't you
save me
Come on and
save me
From the ranks
of the freaks
who suspect they could never love anyone



Sábado à noite vai dar o Magnolia na RTP1. Viva o canal estatal :-)


 
Comprei um diário às florzinhas!!!!
Mas ainda não escrevi nada.
Afinal, quem é que me dá hipoglicémias?????

O sentido de humor divino já deixou de ter graça a partir do momento em que as coisas não são como eu quero.

Patrícia: que lindo!!!! escreve mais!!!!

Raquel: atão??? esse diário já tarda?? o que fizeste ontem qundo chegaste dos Lamb????

Liliana: as fadas do lar devem estar unidas até neste blog modernista. Nós damos o tom de lar feliz a esta casa de desgraçados... VOLTA VOLTA VOLTA VOLTA VOLTA VOLTA VOLTA VOLTA VOLTA VOLTA VOLTA VOLTA VOLTA VOLTA VOLTA VOLTA

 
quando eu me apaixonar...

terça-feira, dezembro 04, 2001
 
As certezas do meu mais brilhante amor

Ainda no assunto diário, queria dizer-te que concordo plenamente contigo Leninha...
Quando eu me apaixonar quero que seja mesmo a sério.
Quero ter direito a cartas de amor, daquelas ridículas, como no poema.
Quero os poemas que nunca escrevi. Quero que as palavras me faltem. Quero que não cheguem para o que eu sentir...
Quero que o nome dele fique bem, quando escrito ao pé do meu. Quero os jardins e os dias de sol.
Quero "aquele" brilhozinho nos olhos, os sorrisos secretos, os segredos ao ouvido e as dores de estômago. Quero a montanha Russa (subir muito alto e se for preciso cair bem fundo).
Quero uma canção só nossa e momentos de silêncio que vão fazer sentido para nós.
Quero uma historiazinha vulgar mas só nossa... Também queria um Happy End como nos filmes! Mas não preciso de um diário...
Quero tudo aquilo a que se tem direito quando se está apaixonado e se é um sentimentalista desmesurado (como nós).
E acho que não estou a pedir demais, pois não??

 
Eu escrevo muitas vezes offline e além disso não posso passar por aqui tantas vezes quanto as que desejaria. Isso complica um pouco as coisas. Agora aquilo que tenho para dizer (refiro-me também aos próximos posts) pode parecer um tanto desbocado. Tentar recuperar assuntos antigos. Mas é que tenho que dizer aquilo que gostava de dizer. Mesmo atrasada.Que assim seja. É esta a introdução.
Queria dizer à Patrícia que é muito muito muito muito bem vinda. E com posts como aqueles mais ainda...Que estou muito contente que finalmente esteja entre nós. Só tem de aparecer mais vezes agora. E quanto ao medo que tinhas de que não se adequasse, já viste que é escusado... ;-) Não estás nada atrasada.
Ainda bem que voltaste Raquel e se quiseres fazer disto o "teu diário" sabes que estás à vontade. ;-) Há espaço para tudo.
Encerra-se assim a primeira fase deste Blog. Já todos os meninos e meninas tomaram posse.
Que se retomem as festividades...

 
Vi uma vez um documentário sobre pessoas que queriam amputar os próprios membros. Sentiam que as pernas, ou os braços, não faziam parte deles e andavam há anos a pedir aos médicos para amputarem. Quem teve que amputar por motivos de doença ou acidente algum membro deve ficar bastante irritada com estas pessoas, o que é compreensível. Mas no documentário mostrou, ou tentou mostrar, que também o sentimento de que uma perna não nos pertence é também uma doença. Havia uma mulher que tinha amputado as pernas e que estava muito mais feliz...
Este documentário pasou num domingo à tarde e ainda não encontrei ninguém que também o tivesse visto. E há pessoas que nem acreditam que existam casos clínicos assim e pensam que invento quando conto isto. Mas a verdade é que me ficou na cabeça.
Gostava de sentir que estou presente em todo o espaço que o meu corpo ocupa. Compreender em tempo real todos os mevimentos, dores e desejos do meu corpo. Como se vivesse uma eterna missa de corpo presente.

domingo, dezembro 02, 2001
 
"Nunca gostei de mentes redutoras. Não concebo equações simples entre o homem e a
mulher ou entre o amor e o ódio. Tenho consciência de que tudo na vida é mais
complicado do que quando tentamos explicar..."

Seamus Heaney

a andreia mandou-me isto por mail.
os domingos são cada vez mais longos...

 
What Sound?
Há já umas duas semanas estava a ouvir um programa de rádio: “o mensageiro da moita” na Voxx. Não é a mesma coisa que o saudoso menino... Nunca nada há-de voltar a ser como o menino porque o “timing” não é o mesmo. Mas, mágoas aparte o programa dos Domingos à noite da Voxx é excelente: a música é boa e os comentadores são muito divertidos. Dois pretensiosos muito engraçados. Quase me fazem esquecer o facto de que é Domingo à noite.
Na edição de há duas semanas um dos locutores falava acerca da saída do álbum a solo
da Hope Sandoval, vocalista (ou ex-vocalista?) dos Mazzy Star. Dizia que tinha ficado surpreendido pela negativa com o álbum: gostava muito do trabalho dos Mazzy Star, esse sim de qualidade, interessante, muito interessante. Este álbum era pura e simplesmente mediano, repetitivo e monótono. No entanto, devia ser muito bom para ouvir enquanto se faz outra coisa, como banda sonora ou pano de fundo (enquanto se vê televisão, enquanto se preenche os impressos do IRS, enquanto se está deitado num sofá, num domingo à tarde com a chuva a cair lá fora).
Eu gosto dos Mazzy Star e ainda não ouvi o trabalho a solo da Hope Sandoval. A questão também não é essa.
Aquilo de que eu gostei mesmo foi do que o outro comentador lhe respondeu. Segundo ele fala-se muito hoje em dia de “discos funcionais”. Isto quer dizer que existem discos bons para estudar, bons para fazer desporto, bons para namorar, bons para estarem a tocar num encontro informal entre amigos. Segundo ele tudo isso eram tretas: não existem discos funcionais. Se os discos não forem bons para ouvir não são bons para mais nada.
E eu concordo. O que ele já não disse, mas que eu acredito que esteja implícito é que os bons discos hão-de sê-lo sempre. Se um disco não é bom para ouvir com atenção é porque não é um bom disco. Quem gosta de música só para fazer de banda sonora (no seu sentido mais redutor, é claro), também não deve gostar a sério de música. Esse conceito dos “discos funcionais” é de facto uma grande, grande treta.
E eu achei engraçado que alguém na rádio, ponha um disco a tocar e o discuta nestes termos :-)

 
Mais uma vez o tema rádio.
Eu acredito que a euforia “Rádio escola” acabe por passar, mas até que passe não resisto em falar no meu programa (partilhado com a Cristina :) obviamente).
Correu muito bem. A faculdade estava deserta. A rádio propriamente dita é um lugar escuro, sujo e frio. A música que escolhi com a Cristina era aquela que eu e ela gostaríamos de ouvir se estivéssemos lá fora na rua, ao sol e ao frio. Mas não estávamos. Estávamos lá fechadas e muito nervosas. Será que alguém estava a ouvir? Será que alguém estava a reparar? Será que alguém estava a gostar? Eu teria gostado de estar lá fora a ouvir...
O alinhamento foi o seguinte (devidamente anotado e comentado):

01-Belle & Sebastian – Photo Jenny (claro que tínhamos de começar com eles)
02-Rufus Wainwright – Cigarettes and Chocolate Milk (porque é uma canção com significado para mim e para a Cristina, dos tempos do programa do “menino” e a Liliana pareceu gostar muito)
03-Nick Drake – Things Behind The Sun (alguém se lembra de alguma melhor ?)
04-Red House Painters – Golden (porque é uma das canções mais bonitas do mundo para se ouvir debaixo do sol)
05-Sparklehorse – Gold Day (Porque ficava mesmo bem aqui)
06-Mercury Rev – Little Rhymes (ainda no rescaldo da euforia do magnífico concerto, eu talvez escolhesse o Tides of the Moon)
07-Flaming Lips – Waiting for Superman (não quis arriscar outra, por isso ficou a mais óbvia)
08-Pavement – Range Life
09-Yo La Tengo – Tom Courtenay (live
) (mal se conseguia ouvir porque tinha sido transformado de um Mp3)
10-Strokes – Last Night (eu não acho os Strokes uma coisa horrível Sérgio)
11-Belle & Sebastian - A Summer Wasting (uma das minhas canções preferidas de sempre; porque estava sol; porque já não falta muito para o Inverno)
12-Spiritualized - Don’t Just Do Something
13-Cat Power – Metal Heart (já sabíamos que tínhamos de passar Cat Power, a dúvida foi entre esta e a In This Hole e eu pedi para que fosse esta porque agora é a minha preferida ;-)
14-Radiohead - True Love Waits (porque fomos mais rápidas do que o Sérgio eheh)
15-The Smiths – I Know It’s Over (porque supostamente esta era a última canção que tínhamos tempo de tocar, e como o João me disse no bar “só é justo”)


Mas ainda, porque o hedonista do Babylon by trotinete se atrasou:

Belle & Sebastian - There’s Too Much Love (porque esta canção é boa para dançar e eu a adoro, porque a Cristina acabou por concordar)
Manic Street Preachers – Raindrops Keep Fallin’ on My Head (em homenagem ao nosso Heldinho, palmas :)
Rufus Wainwright – Poses (há já uns dias dei todas as explicações possíveis para esta)
Sparklehorse – Sea of Teeth

E foi assim que foi. Fiquei muito orgulhosa, apesar dos nervosismos. O plano inicial era terminar com os Smiths e passar o testemunho. Já não tínhamos muitos discos e por isso tivemos de repetir. Como o Sérgio já disse, num post que me fez sorrir: isto, parecendo difícil, não é nada fácil.

sábado, dezembro 01, 2001
 
Olá amigos! Sou a Patrícia e pelo que me consta sou a "atrasada" deste grupo, dado que só agora aqui coloco uma mensagem...
Antes de mais quero mandar um grande, grande beijo à
querida Ana Cristina ("badrinhaaaaaa!"), alguém de quem gosto muito!
Vou falar-vos de morte.
A morte não se contenta com uma qualquer racionalidade apaziguante. Ela descasca-nos, cansa-nos até não termos mais nada para dar ou pensar. Isto porque só podemos conjecturar sobre ela... nada mais. Ninguém a conhece.
O lenço na cabeça, o xaile negro sobre os ombros, as mãos que eu sempre conheci. A pele branca, os olhos, os lábios secos. Os olhos seguiam-nos, sem emoção, à medida que avançávamos. Olhavam-nos apenas. Apertei-a com os meus braços fortemente e ouvi um queixume de quem não consegue respirar com facilidade.
Falar da velhice, dos idosos, da fraqueza de quem já não é novo parece ser simples. Parecia-me ser tão simples... é tão fácil teorizar sobre o que fazer ou não fazer, sobre como agir ou não agir. Mas viver de perto, sentir.... sentir!
Foi o olhar, sobretudo. Um olhar que me entristeceu e me confrontou com uma série de medos que tenho cá dentro. A morte e tudo o que a ela está associado. Sempre fui muito racional no que concerne à morte. Sempre a vi não como um fim, mas como uma passagem... só a matéria, o invólucro desaparece, e o que constitui o Ser permanecerá para além do físico. Mas e o confronto com esta realidade?
Não a conheci. A mulher forte que me regalava ao levar-me à pastelaria, a mulher teimosa, astuta, firme, bela... onde está? À volta dela outras mulheres, outrora fortes, mães, filhas, esposas que amaram, viveram e deram vida. Pergunto-me porque é que quando olho para elas não penso em tudo isto. Porque não penso no valor, na interacção, na alegria e sofrimento daquelas pessoas? Olho. Vejo as rugas, as palavras sem nexo, o tremor das mãos. Apercebo-me que já perdi muito... porque nunca pensei assim? Só agora tão perto destas existências penso seriamente nelas. E ela, a quem venho visitar e me apercebo de que não tenho palavras para lhe dar porque estou absorta na comoção de tudo o que vejo. Porque tenho medo de tudo o que vejo. Porque temo aquilo que amo. Queria afastar-me. Ir. Mas qualquer coisa me instigava a ficar mais um pouco. Mais e mais. No meu retraimento consegui sentir todo o calor humano, tristeza e chamamento que todos os que me rodeavam emanavam. Talvez a tristeza fosse só minha. Senti que a nossa presença alegrava muito aqueles anciãos. Sorriam, conversavam.
O quanto ela precisava de nós, não sei dizer. Sei sim que na manhã seguinte as faces estavam avermelhadas, os olhos mais vivos, a voz mais forte. Talvez a solidão seja realmente capaz de matar.

 
quando eu me apaixonar, vou escrever um poema, com desenhos e tudo, no meu diário.
no meu diário que comprei, com uma capa às flores miudinhas, vou apontar todos os dias os pormenores da minha historinha de amor. vou guardar bilhetes de metro e de autocarro, pacotes vazios de adoçante, cabelos, e outras coisas significativas do meu exagero sentimental. vou tentar recortar de jornais, livros e revistas, notícias, desenhos e artigos que ilustrem a minha paixão.
quando eu me apaixonar, eu acho que vai ser forte e que os dias sem o ver serão dias a mais.


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