{Ninguém é herói para o seu criado de quarto}
quarta-feira, janeiro 30, 2002
 
d'you think things are gonna get better before they get worse?

no way. things are just gonna get worse and keep on getting worse.


[godspeedyoublackemperor!]

 
o prémio de tampa continuada é demasiado pesada para a poder erguer,assim, como se não fosse nada. não agradeço a ninguém e também não culpo ninguém. e se isso acontecesse haveria só uma pessoa a ser referida. eu.

a história das tampas e dos prémios, ontem serviu para rir um pouco. hoje nem por isso.

ESC.

 
bom, antes de ir estudar vou apenas fazer o meu discurso por receber o prémio da tampa abstracta.

quero dedicar este prémio ao rapaz que me deu, não a tampa abstracta, mas a do abandono. muito do que sou devo-o a ele. obrigada, ... por me teres marcado como marcaste. sem ti, as coisas não fariam sentido. porque tu reduzes tudo ao simples desejo de te abraçar. e sem ti, a tampa abstracta teria muito mais impacto...


para mais informações acerca da minha vida, ouçam «the man that got away», na versão do Jeff Buckley.


amiguinhos, vocês são os meus COSMOPANDAS!

começou neste momento a chover. o meu quintal é o COSMOPANDA MOR!

 
em relação a saber as coisas de antemão...

muitas coisas não me surpreendem. já sabia que iam acontecer. ou melhor, uma parte de mim já sabia. essa parte de mim, que joga com as «dimensões desconhecidas» que o paulo falou, é a mais inteligente. é a parte de mim que eu me arrependo de não seguir mais vezes. mas é que às vezes as coisas confundem-se e instintos que pensamos serem correctos são apenas manobras de diversão.

não me devo estar a explicar muito bem... o que eu quero dizer é que no fundo, no profundo, nós sabemos certas coisas. As mais importantes, por sinal.

há uma lógica, um sentido em tudo o que nos acontece.
faz sentido que certas coisas nos aconteçam. bem no fundo, nós sabemos que faz.

comprei o poemário e vou transcrever o poema do dia de hoje. não precisa de qualquer comentário:

faz-me o favor de não dizer absolutamente nada!
supor o que dirá
a tua boca velada
é ouvir-te já.

é ouvir-te melhor
do que o dirias.
o que és não vem à flor
das caras e dos dias.

tu és melhor- muito melhor! -
do que tu. não digas nada. sê
alma do corpo nu
que do espelho se vê.


 
Da minha parte gostava de agradecer à Academia e também aos meus pais que sempre me apoiaram na minha carreira, e aos outros suspeitos do costume..
Quanto ao nome do Blog, Lena, eu concordo: também gosto muito mais de iogurtes do que de tampas.
Tu tens toda a razão. Eu ia escrever que "cada um tem a tampa que merece", mas tu apontaste, com toda a exactidão que ninguém merece tampas. Mas elas existem. Eu admito que a expiação pública, ou mesmo entre amigos, das nossas pequenas tristezas possa ser dolorosa. Mas vocês são os meus Cosmopandas. Os meus verdadeiros Cosmopandas. (Lena; conta para o blog a história do Cosmopanda. Vá lá... E também o "Cegue-me"). Rir é a melhor solução? Ou achas que não? Existe sempre o sentido de humor divino...
As tampas continuam a ser melhores do que só arriscar quando o sinal fica verde. Ficar eternamente à espera, é um risco muito real...

 
Ontem durante um jantar de honra na cantina da faculdade decorreu a gala de apresentação dos prémios "Tampa 2002" para premiar as mais memoráveis tampas do ano:
Para os que não estiveram presentes, aqui fica um resumo da noite:

Prémio "Tampa mais abstracta" - Madalena
Prémio "Tampa de esgoto" (aka tampão ou rolha) - Heldinho
Prémio "Auto-tampa" - Ana
Prémio "Tampa mais elevada" - Paulo
Prémio "Tampa em continuidade" - Sérgio
Prémio "Sem tampa" - Gustavo
Prémio de menção honrosa para a Cristininha que é "destampada"

Discursos de agradecimento e dedicatórias são bem-vindas no blog :-)

segunda-feira, janeiro 28, 2002
 
[the sky is always the hardest part]

sonhei a noite passada com uma coisa que me surpreendeu um pouco.
e hoje essa coisa aconteceu. isso surpreendeu-me ainda mais.

vinha no carro a caminho de casa e estava a passar dEUS

i once told a friend that nothing really ends
no one can prove it


porquê que não me dizem quando é que isto acaba?!

 
URGENTE ANA: não te importas de levar amanhã o microfone pq o paulo precisa?

 
Ter feito a frequência de géneros jornalísticos tirou-me um peso de toneladas de cima dos ombros. Depois dos leads directos-intrepretativos, directos informativos, diferidos-interpretativos e diferidos-informativos (que espero ainda um dia vir a saber distinguir eheheheheh), a frequência lá se fez. Não correu muito bem mas tê-la feito simplesmente, deixou-me uma leveza de espírito (que temo seja apenas temporária) que achei que devia partilhar. Sérgio coragem! Amanhã será a tua vez.
O Mário Mesquita (sr jornalista e sr. professor) é um querido. Apesar da cadeira ser absolutamente odiosa e me ter feito perder (como se ainda houvesse algo para perder) a fé e a credibilidade no Jornalismo, ele é uma pessoa excepcional. Achei que o devia mencionar uma vez, porque foi ele que deu a frase que foi o mote para o início do blog. Foi graças a uma das suas aulas em que eu ficava à janela a olhar para a rua (na maior parte das vezes), que ele citou essa memorável frase: "ninguém é herói para o seu criado de quarto". E o resto da história pertence a cada um de nós, mas em grau muito afastado ele foi um precioso colaborador.
Hoje que quase tudo acabou, fica aqui a homenagem...

domingo, janeiro 27, 2002
 
opah!... que ridículo. o telejornal (?) da TVI devia ser declarado uma inutilidade pública.

 
estou na casado joão a estudar demografia. a seguir vou comer madalenas e uma daquelas imitações de combi que são da nestlé e não são nada a mesma coisa. comprei no minipreço que fica no rés do chão do andar do joão. um sitio tão aterrador que até fiquei com medo. odiava morar em benfica. as pessoas são todas feias e têm ar de psicopatas que, de um momento para o outro, vão sacar da sua arma e atirar indiscriminadamente sobre a multidão. a próxima vez que vier à casa do joão, trago lanche de casa... desta vez nada correu mal, mas não se deve confiar emdemasia da sorte.

o joão manda dizer que voçês são idiotas porque não comem os iogurtes como deve ser. são os cumprimentos dele para voçês.

 
[funky funky groovy beats!] cool...

estou quase a dançar!

parabéns paulo!

em breve dançarás tu também...

 
Parabéns Paulinho! Vemo-nos em Godspeed. Tem um muito bom dia. "pessoa-mais-alta" do criado de quarto.

 
Só para registo: o Sr. Pete Yorn é muito giro. Ah, e também toca...
Se devia gostar de Jeff Buckley ou dos Pearl Jam, ou se isso é sequer importante, nunca iremos saber. Eu gostei dele e ontem à noite tinha a “black” na cabeça, enquanto esperava na estação dos comboios pelo conserto das linhas avariadas. Cheguei mais tarde a casa do que o previsto. A canção continuava quando me fui deitar. Depois vieram os Red House Painters e o sono sem sonhos...

 
Como o riso vem ao ventre / assim veio de repente, uma criança...

Madalena: vais ficar grávida. Vais ficar linda grávida. Com sardas e roupas às cores. Vais ficar tão linda. Vais ser mãe. Vais encontrar um bom pai (comunista e tudo) para os teus filhos, por quem vais estar apaixonada. Vais ter um quintal com árvores e uma varanda. Vai tudo correr bem. Vais ser uma boa mãe. Eu sei. E vais ser feliz, porque sabes ser. E porque o mundo seria o lugar mais injusto do mundo se tu não fosses feliz, e eu (ainda) acho que o mundo não é um lugar assim tão injusto.
Tenho a certeza porque li tudo na tua língua (de mapa).

e agora eu...

Nunca pensei em ter filhos. Ou melhor, nunca pensei nisso como uma possibilidade efectiva. Por várias razões...
Acho que enquanto filha sou um pouco ingrata. Adoro os meus pais (acho que nem precisava de o dizer) e tenho consciência de que grande parte do que sou, melhor e pior, é responsabilidade deles. Sinto que às vezes os magoo e não sei muito bem como lidar com isso porque também eu estou confusa. A nossa relação é saudável e a palavra “disfuncional” não se aplicaria à minha família. O problema sou eu. Mas a nossa vida em conjunto é agri-doce e cheia de ternura. Eles nunca me falharam e nunca me irão falhar. Tenho a certeza. Mas faz-me pensar se estarei à altura para tomar o papel Deles.
Sou terrivelmente egoísta. Pôr uma criança no mundo, dar vida, deve ser a coisa mais importante e significativa que pode acontecer a alguém. Mas tenho medo (e um medo muito honesto) de não estar à altura. Não queria que mais ninguém além de mim fosse vítima dos meus erros. Talvez tenha a ver com a idade, porque acho que me falta equilíbrio. E estabilidade. E alguém. E fé em mim mesma.
No entanto, sempre tive esperança que “qualquer coisa impossível me faça acreditar”. Que eu conheça alguém de quem goste tanto que me faça mudar de ideias. Alguém que me faça acreditar que existe algo de belo que vale a pena tentar prolongar, através de uma vida. Algo que em si já seja vida.
É, como sempre, muita coisa para pôr em cima de alguém mas não o consigo evitar.
As crianças são uma coisa maravilhosa, mas um filho primeiro vai ser um bebé, depois uma criança, depois um adolescente e depois um adulto. Vai estar sujeito à morte e à infelicidade. Vou morrer de medo. Vai estar sujeito às coisas maravilhosas que a vida também tem.
Estou a falar de um filho como se fosse uma decisão minha e não devia. Porque um filho é uma pessoa. Sempre o meu egoísmo.
Se eu tiver um filho, vou gostar mais dele do que de mim e isso só pode ser bom.

 
“Pois é, pois é... / Há quem viva escondido a vida inteira”

“Sem desejo não há dor”. O desejo é o sentimento mais intenso que conheço. Porque acho que ainda não “amei” ninguém. Ando a guardar essa palavra à muito tempo para “a tal” pessoa. E espero que não seja em vão. Mas não tenho muita certeza. O mercado das palavras/sentimentos anda altamente desvalorizado e eu detesto especulações.
Também gosto de ternura porque é menos corpo e mais espírito e pode ser sublime.
Estar apaixonado deve ser um cruzamento de ambos. Um sentimento sinestésico, de todos os sentidos a funcionar em pleno. Um sublimador dos sentidos. Que tem os seus reversos da medalha. Muitos
Viver sem desejo implicaria viver sem ternura. Acabaria com as possibilidades de um dia surgir o “a-tal-palavra-começada-por-A”. E isso seria o Inferno. Não seria vida.
Mas continuo a compreender o que “sem desejo não há dor” quer dizer.
É um dos pragmatismos que me recuso a aceitar por mais doloroso que seja.
Recuso-me a viver escondida a vida inteira...

sábado, janeiro 26, 2002
 
[Ei! Esse gájo na fotografia não sou eu!]

MEMÓRIAS NA GAVETA DA MESA DE CABEÇEIRA. (misturadas com peúgas...)

Tal como o Paulo, também não sou grande fan de fotografias. Mas tenho algumas que guardo especialmente. Uma foto a p/b tirada com os amiguinhos na ribeira, no Porto. Tenho uma polaroid da madalena, da bia e da são, tirada nas caldas da rainha, no caminho de volta da nossa 2ª ida ao Porto. Uma fotografia com o Gustavo na Glubenkian em que parecemos dois homossexuais apaixonados. Que enternecedor... tenho uma tirada a mim próprio na loja de fotografias em que pareço um cientista marado porque estou com uma bata branca vestida e com um ar ligeiramente esgazeado. Tenho as fotografias do sudoeste. E depois tenho algumas fotografias entre os 0 e os 5 anos que me dizem alguma coisa. Mas a maioria das fotos que andam aí por casa, não me dizem absolutamente nada. Exactamente porque foram retratos daquilo que não valia retractar. De momentos em que eu não ocupava todo o espaço do meu corpo. Eu estava lá, mas quando olho para as fotografias o sentimento é de que eu nunca estive ali. E por isso ás vezes parecemos estranhos nas fotografias. Não costumo munir-me de máquina fotográfica para todo e qualquer evento. Acabo sempre por tirar uma ou duas com as máquinas dos outros pelo simples facto de alguém ter sempre de ficar de fora a tirar. E também porque até não tiro más fotografias, não corto as cabeças (o mesmo não posso dizer dos pés), sei centrar uma fotografia, e, se não tapar a objectiva com o dedo (um terrível vicio que tenho nas máquinas compactas), é possível sair qualquer coisa decente. Levei a minha máquina para o sudoeste, porque me lembrei que podia ser engraçado e também porque gostava de revelar fotografias do sudoeste quando trabalhava na loja. Devo ter revelado uns dois ou três e gostava. Tenho uma teoria acerca das fotografias, nada muito complexo. Mas acho que as pessoas dão mais valor a fotografias se tiverem poucas. Isto é, o valor dado a cada fotografia diminui proporcionalmente ao número de fotografias que se tem. Digo isto porque acho estranho que algumas pessoas esteja constante mente a fotografar tudo o que acontece em todos os sítios para onde vão. Detesto a obrigatoriedade de tirar fotografias nas férias de verão e festas de anos de amigos e jantares de turma. Afinal, temos que estar contentes e aproveitar aquelas semanas que são ansiadas pelos nossos pais. Compreendo que aquelas semanas sejam boas para eles... mas por favor, não me obriguem a gostar também e a fazer sorriso para mostrar ao mundo com tivemos umas férias felizes. Por exemplo, já pensei algumas vezes em tirar fotografias ao oscar (o meu gato), mas nunca tirei. Seria forçado e aquelas fotografias nunca iam ter muita graça para mim. Porque para mim as fotografias não valem só pelas imagens, mas principalmente pelo contexto, que não se vê na imagem mas que pode estar lá. Contudo ficaria muito triste se o oscar morresse sem que lhe tivesse-mos tirado nenhuma fotografia. A minha valorização das fotografias passa um pouco pela sua escassez e pela ideia “que pena não ter tirado mais”. Porque assim as fotografias existentes assumem um caracter único e estatuto mítico.
Só houve uma vez que me deu a febre da fotografia. Foi no sudoeste. Gastei dois rolos de película em dia e meio. E quando as vejo, acho que foram poucas e tenho a mesma sensação. No sudoeste foi diferente e fotografar fazia sentido. Não era preciso esforço. Eu estava a ali na totalidade do espaço que ocupava o meu corpo. É talvez por isso que não me estranho quando vejo as fotografias do sudoeste. Porque eu estava mesmo lá.

GANHAR A VIDA A DAR COR ÀS MEMÓRIAS DOS OUTROS

Durante mais de um ano e meio trabalhei numa loja de fotografias aos fins de semana. Hoje é Sábado e se ainda trabalhasse para o Sr. Coutinho, à hora em que escrevo isto off-line, 21:03, ainda não teria chegado a casa. Trabalhava 12 horas por dia e, pasmem-se, ganhava 450$ (quatrocentos e cinquenta escudos sim, não me enganei nos números) por hora quando saí de lá. O que quer dizer que nem sempre ganhei tanto... A condições de trabalho eram más mas eu gostava de revelar fotografias e por isso é que ainda lá fiquei todo aquele tempo. Fazendo umas contas rápidas, devo ter revelado, durante aquele período de quase dois anos, mais de 100.000 fotografias e alguns km de rolo de papel fotográfico Kodak. Era um trabalho aborrecido e entediante mas, como em todo o lado passavam-se algumas coisas que tinham a sua graça. Embora talvez só agora o reconheça. Numa loja de fotografia situada numa galeria comercial dum intermarché, ao sábado e ao Domingo, imaginem as quantidades brutais de fotografias de classes médias que revelei... nesse sentido era um trabalho sociológico, vejam só a quantidade de material empírico! O meu patrão era um exemplar quase perfeito de novo rico. O único defeito era ainda não ser rico. Mas a pagar aos empregados daquela maneira acho que não deve tardar. O meu patrão, o Sr. Coutinho fazia casamentos, baptizados e fotografias da tropa. Umas vezes juramentos de bandeira, outras vezes semanas de campo com soldadinhos de trazer por casa, que entre um tiro para o ar e um salto para o chão, faziam uma pose para a fotografia do Sr. Coutinho. E tinham todos aspectos tão ridículos que nem esboçava tentativas de gozo. Todos com as caras pintadas de verde e castanho e fardas camufladas a brincar aos tiros e achar que eram homens destemidos. Os casamentos não eram muito melhores. As noivas eram quase sempre, salvo raríssimas excepções que, pelo seu carácter invulgar, eram imediatamente notados, feias. E os noivos tinham sempre cara de broncos. Que tipo de noivos poderiam ser o habitual cliente do Sr Coutinho? Nos últimos dois meses de permanência, tive de substituir a bata por uma camisa amarela abominavelmente pirosa e uma gravata amarela-azul-e-vermelha. Tenho a impressão de que nunca mais fui o mesmo. E esse foi um dos motivos que ponderei na minha demissão. Afinal, não me pagavam o suficiente para tamanha humilhação. E Imaginem a vergonha que eu tinha daquilo. Quando ia almoçar, fizesse frio ou calor, vestia sempre uma camisola por cima. Havia um cliente habitual ucraniano, chamava-se Slava e falava muito bem português ainda que se notasse bem o sotaque. Vinha quase todas as semanas e, sem que eu percebesse, criou-se entre nós uma certa forma estranha de amizade. Era muito simpático e já beneficiava de tratamento especial. Tinha desconto, mesmo que o patrão Coutinho tivesse aversão a essa palavra. Naquela loja a filosofia do patrão contrastava nitidamente com a minha. Eu fazia descontos ás pessoas que conhecia (se fosse em revelações, porque era fácil fugir ao controlo. Produtos como rolos ou máquinas não podia ser) o meu patrão nem aos irmão fazia desconto... é claro que não pagava as revelações dos meus rolos. Uma vez revelei as fotografias do porto para toda a gente. Em 10x15 algumas em 15x20, 15x20 em preto e branco, 10x15 a preto e branco, ambas em papel mate e outras combinações mais... gastei nessa manhã 100 metros de papel dos quais ele nunca viu um tostão! Foi realmente um abuso. Se tenho vergonha? Não! E muito menos me arrependo. Afinal, ele ainda ficou a ganhar muito. E se fosse por minha vontade aquele novo-rico nunca seria rico. Já devem estar a pensar nas cenas hardcore que poderei ter revelado. Normalmente é sempre o que me perguntam quando digo que trabalhei na loja de fotografias. Na verdade, nenhumas. Ali era só mais softcore. No verão já era um lugar comum fotos na praia com muitas maminhas à mostra. Mas, havia um cliente gay que presenteava de vez em quando os colegas da semana (que deixavam sempre trabalho atrasado para mim ao fim de semana) com as tais cenas hardcore que já fazem parte da mitologia das lojas de fotografia. O cliente, tinha o nome mais do que irónico de Luís Bizarro. No últimos tempos eu já estava tão saturado que já odiava toda a gente que entrasse na loja mesmo que tivesse a obrigação de ser simpático. Duas vezes “peguei-me” com clientes porque eles foram mal educados comigo (uma delas chamaram-me burro por não saber fazer contas de cabeça... eu disse-lhe alto e bom som (e sabem que a minha voz...) que ali dentro, de cabeça, num papel ou com máquina de calcular, quem apresentava a conta era eu) e hoje só me arrependo de não os ter mandado à merda. Essa cliente, uma senhora horrorosa, voltou à loja horas depois para fazer queixinhas ao patrão e dizer que nunca mais entrava na loja se eu lá estivesse. E eu ainda disse que era um favor que ela me fazia à frente do patrão. Mas nem tudo foi assim. Eu era um bom empregado, apesar de por vezes aldrabar um bocado o sistema. Depois de três ou quatro meses de casa eu era, e até sair de lá, o melhor empregado da casa. Não vos passa pela cabeça os domingos de esforço contínuo que eu passei, sozinho naquela loja. Cheguei a revelar quase 40 rolos por dia. Se pensarem que todas as casas levam 30 minutos a revelar um rolo e que eu além de revelar ainda tinha que vender e atender os clientes porque estava lá muitas vezes sozinho, vão chegar à conclusão que é muito. Fiquei a odiar aquele sítio e só lá volto para visitar a Rita que era uma das duas miúdas que trabalhavam nas lojas vizinhas. Uma pretendente a beta muito simpática que eu gosto muito, quanto mais não seja (mas é mais) por termos partilhado aquele tempo a mesma condição de explorados. Almoçávamos quase sempre juntos, a Rita, a Rute (que desapareceu e nunca mais se dignou a dizer nada) e eu. Era a melhor parte do dia. Falávamos das nossas vidas, cada um do seu mundo e de como era-mos diferentes. Mas isso ali era pouco relevante, dentro daquele intermarché toda a gente precisava de um amigo. E nós tinha-mos dois cada um. Sem elas acho que não teria resistido tanto tempo aqueles dias intermináveis e solitários. Às vezes na loja sentia-me muito só. Algumas vezes mandava SMS a toda a gente para receber uma ou duas de volta para ficar certo de que havia pessoas do outro lado e ainda gostavam de mim. É que aquilo era tão mau que ás vezes até me esquecia de quem era. Porque quando é para trabalhar eu trabalho, mas do que eu gosto é do ócio.

e sim, nós os reveladores de fotos, somos "perversos que deturpam, esventram e gozam imenso" com as fotografias que nos trazem para revelar... [inserir gargalhada sinistra aqui]

 
Heldinho: apaixonada defesa dos Manic Street Preachers.
Eu gostei de ler. Não porque seja argumentado, ou me tenhas convencido, ou porque goste mais desse álbum agora. Mas por me provares que o romantismo pode existir de uma maneira diferente daquela como eu o sinto.

 
gostava muito de ter um filho da mulher que amasse.
Gostava de Ter todo o tempo para ele.
Faríamos castelos na areia da praia brincaria-mos com plasticina, de noite deitados na relva a olhar para o céu eu ensinar-lhe-ia o nome das constelações. e a mim o meu filho ensinar-me-ia a beleza e a inocencia de se olhar as coisas pela primeira vez.

Mas depois tenho sempre medo de não estar à alturada das responsabilidades. E, já para não falar do resto.

 
o paulo

Já sabia quem era o paulo antes de falar com ele. sabia quem ele era porque ele é muito alto e andava ligieramente curvado pelo corredor da Escola Secundária José Saramago.
Depois conheci-o e gostei logo dele. Soube que ele gostava de gatos e sensibilizei -me. Houve um dia, em que eu fazia anos, e o Paulo deu-me um pisa papeis azul. Carregou aquilo até me encontrar...
Ele fala com muita mansidão e é reservado. Ele tem chaves pra abrir portas secretas que estão no chão. É por isso que ele desaparece assim frequentemente.
Às vezes, os amiguinhos ficam tristes porque ele desaparece mas depois pensamos: «é o Paulo...»
O Paulo é o Paulo.
O Paulo é o amiguinho mais alto.

O Paulo faz anos dia 27 de Janeiro.
Para Béns Paulo!

quinta-feira, janeiro 24, 2002
 
tabém vos quero falar da minha relação com as fotografias. e da minha experiência numa loja de fotografias. mas hoje não tenho tempo.

 
sempre que aparece o período durante a noite, sonho com grávidas e com bébés...

o meu maior medo é não ter filhos porque não arranjei um pai pra eles ou porque não consigo ou porque acontece qualquer coisa de horrível...

quero muito ficar grávida.... um dia. e vocês?

 
eu não sabia... que agora o blog se chamava assim...
gosto...


os meus iogurtes são sem pedaços, de aroma (deviam ser naturais mas a minha nutricionista teve compaixão de mim), gosto de banana e morango, são sem açucar (há uns magros que têm açucar).
como três por dia, dois se comer um queijo fresco no pão a meio da tarde.
substituem o leite, o qual eu não gosto.
gosto de iogurtes. gosto muito de iogurtes.

e de pollaroids. fiquei muito feliz quando a minha tia me deu a máquina. qualquer dia leva pra faculdade. o meu cão não gosta da pollaroid, atira-se sempre a ela pra come-la.

 
A madalena tem uma máquina fotográfica polaroid.
Na semana passada, no dia da RGA (vem na “érrigêá”), enquanto os simpáticos comunistas e o Tino (militante do PP que acha que a Madalena devia ser de direita só porque é catequista) discutiam assuntos de tão grande relevância como a inclusão ou não, da palavra “preponderante” numa moção a apresentar ao IPJ, ela mostrou-me as fotografias que tinha tirado desde que recebeu a máquina. Eram só 4 ou 5. Foi a melhor coisa do dia.
Do cão Alex que eu conhecia como protagonista de inúmeras histórias mirabolantes, do gato Dartacão (Madalena: ando a pensar dar ao meu gato o nome de “cão” só para confundir as pessoas; não acham que ia ser giro?), do quintal dela (que já tinha visto em fotografias, “não-polaroid”) e da família dela num sorriso que ficou eternizado.
As fotografias, e tenho pensado nisto desde as aulas de Teoria da Imagem e da Representação porque foi lá que foi dito, exigem presença. São a consequência ou o produto de algo que aconteceu, que esteve num lugar, num tempo passado. Da presença de algo em frente a uma máquina, que tenta captar o momento.
Lembro-me de um lindo post da Madalena sobre a presença. Sobre estar presente no espaço todo que o corpo ocupa. De como nem sempre isso acontece. De como seria bom estar sempre 100% presente.
E de que as fotografias podem mentir.
O momento é uma unidade de tempo que pode prolongar-se por infinidades. Há coisas que sinto desde sempre e momentos que ainda duram. E por outro lado, há os momentos das fotografias que são tão rápidos, tão curtos, tão efémeros que nem nunca chegaram a existir enquanto tal. O momento dos sorrisos nas fotografias é um deles. E ainda há outros, mas...
Mas todas as pessoas gostam de fotografias.
No caso das polaroids, só se torna mais flagrante a diferença. Se nos virmos numa fotografia nossa de há uma semana atrás, de um mês atrás, de uma ano atrás, existem maiores hipóteses de distanciamento e de nos conseguirmos rever naquilo que contemplamos. Mas se não houver essa distância, a realidade captada, parece uma mentira.
Gostava de ter uma polaroid com o sorriso de cada um de vocês. Para que fossem as mais bonitas mentiras da minha vida. O sorriso dos meus amiguinhos...

 
Fui eu que lancei a moda dos combi danone de morango. Por isso são esses que te recomendo. Eu por exemplo, detesto leite. Mas gosto de iogurtes. Especialmente estes "combi". Com ou sem "soro/líquidodefermentação/mijodevaca".
Mas atenção: os de iogurte natural açucarado com possibilidade de misturar o morango nas quantidades que desejares à medida que fores querendo, uma vez que a caixa tem dois compartimentos, onde os ingredientes estão acondicionados separadamente. Não os de iogurte de morango com muesli e cereais aparte. Esses não.
Não são tão simples no procedimento como um de aromas, aos quais basta vazar o soro e mexer, ou não mexer e comer com um queijo.
Os combi são os iogurtes da nova gerção que acha que deve ter atitude até a comer um iogurte. Podes comer o iogurte e o doce em separado (o que não faria muito sentido mas daria aos outros a ideia de que tens imenso estilo). Podes misturar tudo no início de forma homogénea e mexer muito bem, para que fique com aspecto cor de rosa e textura agradável. Muita gente faz como eu: mistura bem o iogurte açucarado (branco) e vai acrescentando o morango aos bocados, decidindo quando acrescentar mais morango. Assim o sabor vai sendo mais ou menos intenso conforme quiseres.
Podes comprar e agir por instinto. Porque dentro de cada um de nós há uma maneira de comer um iogurte ;-)
A propósito, aqui alguém usa colher para comer iogurte?
Se tiveres mais dúvidas Paulo, não hesites em perguntar. Estamos aqui para te ajudar ;-)

quarta-feira, janeiro 23, 2002
 
[COMO COMES O TEU IOGURTE?]

Sem querer ser etnocêntrico, eu acho que como um iogurte da forma correcta. Um dia destes vou confirmar num daqueles livros de boas maneira em sociedade. O meu procedimento é simples. Quando abro o iogurte deito logo o soro, “liquido de fermentação”, ou “mijo de vaca”, como lhe quiserem chamar, fora. E depois mexo o iogurte para ele ficar mais cremoso, pois também não gosto de queijo fresco.

Os meus iogurtes preferidos são:

1) de baunilha, da yoplait
2) de alperce, da yoplait
3) de biscoito (são cremosos e mais caros do que os outros), da danone [sem soro]
4) de manga, da danone (tem um sabor igual ao dos gelados solero da olá)
5) de baunilha, de uma marca desconhecida porque são comprados no lidl em embalagens de vidro. E garanto-vos: são muito bons. Não se deixem enganar pela fraca reputação da cadeia de supermercados. [sem soro, sendo que estes não os mexo]
6) De piñacolada, da yop (este liquidos) [é liqido...! será que já está misturado?]
7) E mais recentemente os combi de morango, da danone. A mais recente febre da FCSH! [sem soro]

(SEM NENHUMA ESPÉCIE DE ORDEM QUALITATIVA)

E dantes haviam uns muito bons que eram de kiwi e framboesa, acho que eram da danone, mas devem ter saído de circulação.

Aproveito esta oportunidade para fazer uma pequena homenagem aos iogurtes.
Os iogurtes foram amigos que me acompanharam desde a infância até agora. Cresci com eles e não me imagino sem eles. Eles fizeram a delicia dos meus lanches durante estes anos todos. Além disso, não fui só eu que cresci com os iogurtes. Reparo, com grande satisfação, que os iogurtes também cresceram comigo. De facto, estes têm tido uma notável evolução desde aqueles primórdios do iogurte. Quem não se lembra dos iogurtes da vigor ou da Agros? Eram até azedos. Mas como não havia outros eu gostava daqueles. Preferia os da vigor, aqueles com a embalagem quadrada, aos da agros, e ficava ligeiramente amuado quando a minha mãe comprava da Agros. Mas, entretanto, á medida que foi crescendo a minha capacidade de avaliação e crítica de iogurtes, os iogurtes foram também evoluindo. Passaram a ser mais espessos e cremosos e o leque de escolha de sabores e marcas aumentou. NO tempo dos iogurtes vigor existiam apenas meia dúzia de opções. Natural (que eu enchia até não caber mais de açúcar), morango (míticos, que a parir de certa altura deixei de gostar repentinamente e até hoje nunca mais comi), de banana (os que eu gostava mais), de coco e pouco mais... iogurtes, passou a have-los de todos os sabores e combinações de sabores, com pedaços, magros, gordos, magros de aromas, gordos naturais, de pedaços, liquidos, pretensamente naturais e realmente naturais, em pacotes de plástico ou em pacotes de vidro, com ofertas de telemóveis ou sem ofertas de telemóveis, naturais com açúcar ou sem açucar, com bifidus activos ou sem essas coisas que põem o organismo a funcionar como um relógio, com texturas diferentes ou com texturas normais. Etc etc. passou a haver tanta diversidade que poder-se-ia aplicar a frase: Diz-me que iogurte comes e como comes, e eu dir-te-ei quem és.

[ATÉ ONDE VAIS PELO TEU IOGURTE?]

 
Nos meus sonhos (que não tenho) mais bonitos:

"at first there was nothing then suddenly nothing turned itself inside out... and became something, and became something. at first there was nothing... at first there was nothing... at first there was nothing...then suddenly nothing turned itself inside out and became something! and became something!"

O que é que pode nascer do nada?

 
Como é que comes o teu iogurte?

Parece ser a pergunta do dia.
Os iogurtes de aromas têm uma espessura sólida, como se fossem um queijo fresco. Não os consigo comer inteiros, ou melhor, com a consistência própria. Por isso, agitava-os antes mesmo de os abrir, para ficarem cremosos. Não me consigo imaginar a comer aquilo inteiro. Quer dizer: acho nojento. Como é que vocês comem os vossos? Alguns eu já sei, mas escrevam aqui. Aos outros respondam...
Depois de uma tarde de conversa entre amigos (do blog e “estrangeiros”), algo vai mudar na minha abordagem aos iogurtes. É que por agitá-los antes de abrir eu acabo por não vazar o soro que conserva o iogurte. Que segundo os presentes, se deve fazer sempre. Quanto à natureza desse líquido, aqui as opiniões variam: a Liliana diz que é “líquido de fermentação” e o João diz que é “mijo de vaca”.
Vou mudar de atitude em relação aos iogurtes. E já instituí uma moda ;-)
Os meus preferidos são os Combi. Da Danone. De morango. De doce de morango. Comidos no bar da faculdade. Ou comidos nas tabuínhas. Entre amigos ;-)

terça-feira, janeiro 22, 2002
 
If you're looking for something easy
You might as well give it up
Never give up no never give up
If you're looking for something easy
You might as well give it up


[say*cat power]

 
O problema é que o pragmatismo nunca foi o meu forte. Mas acho que vou fazer para que seja.
Onde anda o resto dos meus meninos. Quero que o quarto esteja sempre cheio.

domingo, janeiro 20, 2002
 
think i can fly... probably just falling [spiritualized]



porque achamos que voamos quando apenas caímos?

 
Acabaram de me dizer que o Rufus Wainwright vem cá tocar ao CCB na primavera... E nós vamos, não vamos?
Rufus "are you the one that I've been waiting for?" Nunca se sabe, não é Cristina...

 
A culpa não é das tabuínhas, mãe. Aquele é o melhor lugar da faculdade.
Existem é dias piores do que outros. E eu acho que nos vamos ouvindo uns aos outros... Falo por mim.
Alguem lance um tópico de discussão.
Ontem conheci um "jornalista" do Blitz, aficcionado dos Belle & Sebastian que diz que pensa na banda a cada 3 minutos. Será que o devemos convidar para as tabuínhas?

 
Só para não confundir ninguém : o post anterior foi escrito offline. Ontem à noite, mas antes de ler o que a Madalena escreveu, que só vi agora quando vim publicar. Quaisquer semelhanças com a realidade são pura coincidência.
Peço desculpa se nos últimos tempos é preciso ter paciência para mim... A sério.

 
In this hole
Às vezes choro. Muitas vezes choro.
A tristeza é inerente à condição de se ser humano. Choro muitas vezes porque as coisas não são como eu acho que deviam ser, como eu acho que podiam ser. Melhores. E não tenho força para as mudar. Ou coragem. Ou algo que não sei bem porque se soubesse mudava. E não estou a pensar apenas em mim.
Podia entrar numa espécie de apatia conformista mas acho que está para além do meu controlo. E continuo a achar que ficar triste sem razão aparente para os outros é aceitável. É uma posição mais honesta comigo mesma e portanto, penso que também com os outros. O direito de ficar triste, estar triste, ser triste mesmo sem razão devia ser consagrado pela constituição. Mas não é...
Se alguém que não me conhecesse lesse o blog e reparasse nalguma regularidade de temas como “o dia hoje foi triste” ou “o dia hoje foi mau”, ou mesmo até os que me conhecem, podiam ficar com uma ideia muito errada de mim. Eu até faço um esforço para que isso não transpareça na minha atitude e acho que toda a gente faz.
O Coupland tem uma opinião interessante sobre isso. Talvez depois a transcreva. Tem a ver com o fazer um esforço para se estar alegre ou “normal” para que os outros não fiquem contaminados ou incomodados com a nossa tristeza. Porque ela é incomodativa e um tanto contagiosa. E o quanto isso nos faz sentir ainda mais estranhos e ainda mais tristes. Ter de fingir, porque pelo menos a tristeza é um sentimento honesto.
Será que sobrevalorizo os meus “probleminhas de jovem adolescente”? Comparar sofrimentos ou número ou validade de razões para se estar triste parece-me absolutamente ridículo. Porque às vezes o mundo acaba por razões também ridículas (rodopios e afins ;-) È ridículo mas acaba... E nessa altura só me apetece escavar mais fundo um fosso escuro e frio para lá ficar.
Quero com isto dizer que talvez não faça muito esforço para deixar de estar triste, para me animar, porque isso me soa a forçado e a artificial. Se me refugio na música “pop” miserabilista ou na minha auto-comiseração à procura de consolo ou se isso é uma forma velada ou mesmo explícita de masoquismo, a principal vítima sou eu. Mas não preciso que tenham pena de mim.
Já nem sei se é de tristeza que estou a falar. Não sei como me sinto às vezes, mas sinto. Não hoje, mas não há-de faltar muito.

Ana, a tentar fazer um balanço muito genérico e frio da sua participação no blog nos últimos tempos. Vá lá Madalena: sê implacável e restitui o bom-senso ;-)

 
Ao Domingo à tarde, todos os relógios do mundo se mobilizam, num esforço conjunto de atrasar o tempo. Ao Domingo à tarde todos os relógios deixam os minutos escorrer com mais dificuldade através dos ponteiros e dos mostradores digitais. Ao Domingo à tarde o tempo é lento e lânguido e pesado e não faz sentido.
Já estamos há algum tempo afastados da azáfama dos dias da semana (da escola ou do trabalho, ou mesmo do ócio contínuo que também pode ser uma tarefa) e ainda não acreditamos que temos de regressar. Mas sabemos que está próximo. Ainda bem, mas nem por isso. Os sentimentos são confusos e contraditórios.
O tempo ganha uma consistência espessa e táctil. Como se todo o corpo estivesse adormecido e não te obedecesse com a eficácia habitual.
Ao Domingo à tarde pensamos nas coisas que temos de fazer e que eternamente adiamos. Deixamos que o tédio se instale. Que imponha a tal distância entre aquilo que somos e aquilo que andamos a fazer de que o Sérgio falava. E isso pode ser doloroso. E geralmente é.
Nem os discos, nem os filmes, nem os trabalhos da faculdade, nem as tarefas inadiáveis (e reforço a ideia de que são inadiáveis) nos conseguem içar do marasmo de horas que se arrastam. Nem os amigos. Só a esperança, nem a certeza de que amanhã será um novo dia.
Mas o mais triste de tudo: aos Domingos acreditamos momentaneamente que os sonhos são ridículos. Só não sei se são momentos mais próximos da inconsciência ou da lucidez.
O Domingo deve equivaler ao “dia do mau boxer”, que eu não uso.
Não sei se faz sentido para ti, mas porque o prometido é devido, eu tentei Patrícia.

sábado, janeiro 19, 2002
 
A madeira das tabuinhas, com o tempo e com a chuva, vai ficando podre. E com a pressão exercida sobre ela, está a partir-se. Sabemos que as tabuinhas vão acabar por desaparecer.
Nas tabuinhas já fomos felizes, mas, com o passar do tempo, a felicidade vai ficando podre.
Pressionamo-nos uns aos outros. Isso parte-nos.
Quem é que sofre mais? Qual de nós tem maiores problemas? Quais são os critérios de comparação?
Rivalizamos na tristeza e os motivos vão ficando cada vez menos concretos e cada vez mais longe da realidade. Ou não.
E o que nos devia mesmo pôr tristes é que a pressão sobre as tabuinhas está a matá-las.
Não podemos exigir que nos escutem quando não escutamos.
No nosso alvoroço constante, ninguém dá o desconto às tabuinhas...
Ninguém dá o desconto a ninguém....


deêm-me um desconto....

sexta-feira, janeiro 18, 2002
 
[1] oh cristina...!

[2] peço desculpa por ter dito no inicio que eu seria o parente pobre... isso era um sinal de que vos tinha em boa consideração.

[3] ...

 
FADA DO LAR rules :-))
Parabéns Liliana e Lena !!!!

quinta-feira, janeiro 17, 2002
 
the car's on fire and there's no driver at the wheel

[godspeedyoublackemperor!]

quarta-feira, janeiro 16, 2002
 
tentei tirar uma pollaroid ao meu cão mas ele tentava sempre saltar pra cima de mim... gosto mesmo dele. então tirei a dois dos meus gatos: a tita e o dartacão, que estavam em cima das colmeias a deliciar-se com os últimos bocadinhos de sol que havia no quintal.

adoro os meus gatos e os meus amiguinhos...

 
[a minha missão e dos meus amiguinhos Candido e Paulo é salvar vidas tristes nos fins de tarde da fcsh]

...terminou o meu horário de expediente. mas espero que ainda estejas bem, ana. é bom andar por aí a salvar vidas e fazer caridade com cd's dos R.E.M... pena não ter tido tempo para salvar também a vida da menina do cartão Lisboa Viva que quer ir para sociologia porque só é preciso perceber o comportamento humano... talvez ainda seja mais fácil estudar!

terça-feira, janeiro 15, 2002
 
"If I could be who you wanted, all the time..." uma das canções mais tristes de sempre. Das que me fazem querer chorar.
it wears ME out...
But gravity always wins...

 
Paulo: na nossa faculdade há um gato igualzinho aquele que gostavas de ser. Tão lânguido e ocioso que a Madalena já lhe chegou a chamar, e com razão, "só mais um gajo da associação de estudantes" :-)

 
Madalena: "our hearts will go on"
Espero com isto, pelo menos um sorriso...

 
The woman in blue, she's asking for revenge,
man in white -- that's you -- says he has no friends.
The river is swollen up with rusty cans
and the trees are burning in your promised land.
And there are no letters in the mailbox,
and there are no grapes upon the vine,
and there are no chocolates in the boxes anymore,
and there are no diamonds in the mine.

[leonard cohen]

 
Ainda gosto da minha canção. Não quero mudá-la, pelo menos para já...
Bem vindo a bordo Paulo. Muito bem vindo :-)

 
para a madalena

[let's sing another song, boys,
this one has grown old and bitter]


leonard cohen




 
[e se deus ficar sem cenários]

a ideia de deus ficar sem figurantes para pôr a circular no espaço da nossa vida é absolutamente genial. Acho que isso acontece-me ás vezes. mas não são assim tantas para achar que sou v´tima de uma conspiração. Ás vezes acho que as pessoas que estão no autocarro em que volto para casa ao fim da tarde, são as mesmas que vieram no meu autocarro da manhã. Na faculdade também achoi que as pessoas se repetem. Mas não mudam, o carteiro é sempre o carteiro e ao fim da tarde não passeia o cão. (como se os carteiro alguma vez passeassem cães...) Mas, se pensar bem, o meu problema é ligeiramente diferente. Deus não têm grandes problemas em preencher a minha vida com personagens. Porque eu me movimento por poucos cenários. Se fosse a uma consulta do Dr. Katz dir-lhe-ia que ele tinha ficado sem cenários para o espaço da minha vida ou tinha ficado sem personagens para outros cenários. sim, porque não convém que as personagens se repitam de cenário para cenário. Ou então que tinha ficado sem cenários e estava propositadamente a restringir a minha area de cena, temendo que eu descobrisse os bastidores. Mas sempre, sempre os cenários.

segunda-feira, janeiro 14, 2002
 
Luis de Camões diz:

«Erros meus, má fortuna, amor ardente... Qual em nós mais frequente?
Amor ardente... cada vez mais frequente.»


 
bem vindo paulinho!

e para quando o candinho nos vai presentear com a participação efectiva no blog?



 
Estou aqui. Leio com alguma regularidade os vossos registos sentidos, embora não possa escrever sempre. Ana & Christy: força!

domingo, janeiro 13, 2002
 
[a vida é tão simples quando se fazem bolinhas de sabão]

 
[os meus sonhos]

esta noite sonhei com uma caixa de multibanco onde se levantavam músicas. Não era uma jukebox, era uma caixa multibanco. Não me lembro já qual era o suporte em que nos eram dadas as músicas. Se calhar nem havia nenhum suporte, nem os sonhos precisam de suportes para evoluirem em ritmo rápido. Haviam pessoas na fila e quando chegou a minha vez levantei uma música do Jeff Buckley para oferecer a alguém que não cheguei a saber quem era, ou pelo menos não me lembro. Mas acho que era alguém de quem gostava. Esta noite não apareceram muitas personagens no meu sonho, elas existiam apenas na sua ausência. As poucas que por lá passaram era completamente desconhecidas. Lembro-me de estar sentado à beira da ponte 25 de Abril, a olhar para as águas, que no sonho eram limpas.
Esta não foi uma noite muito produtiva no que aos sonhos diz respeito. Normalmente lembro-me melhor e de mais coisas dos sonhos. Principalmente em dias como hoje, em que tenho muito tempo para acordar e acordo devagar. Os meus sonhos costumam ter muitos planos e muitos níveis. Há sempre escadas e elevadores que nos levam ora para cima ora para baixo. Há sempre subidas e descidas. E em cada piso tudo se revela diferente do piso anterior. Num dos sonhos mais interessantes que tive nos últimos tempo, na noite em que passou na televisão o resgate do soldado ryan, eu sonhei que estava numa guerra. A guerra era travada num auditório que era uma mistura do auditório do instituto franco português com o auditório beatriz costa em mafra, e as trincheiras eram as filas de cadeiras. Eu estava a combater as posições inimigas que estavam na parte oposta ao palco (a parte mais alta, por isso acho que era eu que estava no lado da ofensiva) e que eram defendidas por pessoas minhas conhecidas mas que eu já não falo há muito tempo. No palco havia duas ou três pessoas, novamente com rostos incógnitos, que davam ordens. As coisas nos sonhos passam-se de forma estranha e, embora não possa afirmá-lo com certeza eu acho que fui resgatado pelos inimigos. Eu não sei quem é que combatia ao meu lado. Eu só via a cara dos meus inimigos, ou dos meus amigos. Eu acabei por sair pela parte de trás do auditório, no lado oposto ao palco. Talvez fosse prisioneiro de guerra, mas acho que estava a ser demasiado bem tratado pelos meus ex amigos que me levaram por uma escada em caracol para um piso inferior por baixo do local da guerra. Acho que aquilo era uma espécie de bunker onde se estava a salvo. Mas, paralelamente, num segundo plano de acção simultâneo, eu estava a ser julgado por eles, por traição, ao mesmo tempo que estava a ser salvo. Mas eu achava que eles é que me tinham traído, e no sonho, eu tinha ressentimentos (não sei se tenho na realidade) e eles tinham vontade de me integrar, apesar de me estarem a julgar. E depois, pronto, não me lembro de mais nada. Mas quando penso nisto tudo, e nos outros sonhos de que me lembro bem, acho que tem muito sentido. Talvez os sonhos sejam uma forma superior de consciência. Acredito que os sonhos não são inocentes e nos tentam dizer coisas. Gosto que a lógica de progressão dos sonhos escape ao meu controlo racional. Raramente tenho pesadelos. Mesmo os sonhos febris não são bem pesadelos, o que os torna insuportáveis é a sua repetição até ao desespero. Quando era mais criança sim, tinha um ou dois pesadelos, que se repetiam frequentemente. Um deles lembro-me. Porque era muito, muito mau. Não me lembro da imagem, se calhar nem tinha imagens. Lembro-me da sensação. Ainda a consigo sentir. As melhores palavras que eu alguma vez consegui para exprimir isto foram as de uma divisão que não pode ser feita sem que o resultado seja zero. Era uma sensação terrível, como se eu estivesse a deixar de existir. Ainda consigo sentir alguma da angústia mas já não é a mesma coisa. Agora, quando penso nisso, parece-me possível que aquilo fosse a minha imagem inconsciente da morte. Mas não tenho a certeza, nem isso é muito importante agora. Ás vezes chamava a minha mãe outras ficava quieto e com medo. Outras, acho que nem acordava. Uma vez chamei a minha mãe e tentei contar o sonho e disse tantas coisas sem sentido que a minha mãe ficou muito preocupada e pensou levar-me ao psicólogo. Eu já devia ter uns doze anos. Foi a ultima vez. Do outro não me lembro bem, mas acho que era aquilo de cair num abismo sem fundo que quase toda a gente já sonhou pelo menos uma vez. Uma coisa que acontece também muitas vezes nos meus sonhos é eu conseguir elevar-me. Nunca voei nos meus sonhos, mas é frequente eu elevar-me como um balão de ar quente. É muito bom, sente-se uma leveza que mesmo durante o sono se torna quase física. Era bom que fosse assim todas as noites. Sonho poucas vezes com os meus amigos, só de vez em quando. Talvez porque os meus sonhos não queiram dizer nada sobre eles que eu não possa saber por mim. Não sei. Naquelas alturas da minha vida em que os passarinhos verdes cantam, há sempre uma personagem especifica que parece que se desmultiplica nos meus sonhos. É raríssimo sonhar com familiares. E eu também sonho a cores. E é pena que de vez em quando não possa sonhar a preto e branco. Mas acho que mesmo assim têm as suas qualidades. Uma das coisas que gosto mais é andar através das ruas e cada vez que dobro uma esquina a rua que se segue é num sitio completamente diferente. Ir, por ex na avenida de Berna, descer as escadas e entrar no metro e estar no paredão da praia dos pescadores na ericeira como já aconteceu. Uma vez sonhei que o beck estava a tocar na minha garagem, na digressão do mutations, e eu fui a correr chamar os meus amigos e buscar o candinho a casa... Outra vez sonhei com um hospital que mais parecia um jogo de plataformas porque os andares estavam suspensos em andaimes e haviam tubos, muitos tubos por onde passavam os cadáveres em direcção a uma central de recolha(agencia funerária?), mas nada daquilo era mórbido, era antes uma coisa maravilhosamente bonita. Havia placas para se passar de uns serviços para outros e em algumas podia-mos saltar. E era um edifício (arquitectura tuvalu...) muito muito alto, mas ninguém caía apesar da precariedade do equilíbrio.
Comparados com os meus sonhos, os quadros do Salvador Dalí nem seriam grande coisa... =))

[Os sonhos acordados não são para aqui chamados. Porque, afinal, não passam de expectativas relegadas para a classe menor das impossibilidades.]

 
Vou chumbar a tudo. E morrer, desse e doutros desgostos...

 
As tabuínhas são (quase) o melhor da faculdade. Primeiro são vocês e alguns outros (poucos) ilustres personagens.
Achei que devia dizer isto depois da tarde de sexta-feira. Ou sem razão nenhuma.

sábado, janeiro 12, 2002
 
Belle & Sebastian - There's too much love
Alguém mais quer dançar? :-))

sexta-feira, janeiro 11, 2002
 
“Place to be”

Ontem baldei-me a mais uma aula de géneros jornalísticos. Fiquei cá fora no pátio, com a Cristina. Ao sol e ao frio. Como é nosso hábito. Primeiro no chão em frente à esplanada e depois nas tabuínhas. Primeiro a ouvir os Belle & Sebastian (um cliché não é Helder?:-) do meu walkman e depois a ouvir o programa da rádio de um amigo de um amigo. Primeiro com os olhos no céu e depois com os olhos no chão. Primeiro sem pensar em nada e depois a pensar em tudo. Em coisas demais: na escola, nos amigos, na vida e no que andamos a fazer de tudo isso. Ou no que não andamos a fazer. O que é que aconteceu entretanto?
O momento mais bonito do dia e simultaneamente o mais triste do dia .
Na rádio da escola tocou Nick Drake. Uma cançãozinha chamada “Place to be”. Uma linda cançãozinha que eu sei que alguns de nós conhecem, que ecoou e encheu o pátio.
Podia passar a letra da canção ou tentar descrever a doçura da guitarra e a fragilidade da voz de Nick Drake. Podia falar-vos da beleza melancólica da melodia. Podia falar ainda da poesia encerrada numa letra quase infantil. Podia falhar redondamente só por isso.
Mas a única coisa verdadeiramente importante para dizer é que o sol só durou até ao fim da canção. O sol que tinha brilhado toda a tarde. O sol que tinha estado a brilhar até então, ficou só suspenso no céu. Eram cerca das quatro e meia. Só se pôs uma hora mais tarde. E uma canção ecoou pelo pátio. E eu e a Cristina assistimos emocionadas. O pátio da faculdade tornou-se durante 3 minutos num “place to be”.
Não estou a romantizar nada. Nada para além do que aconteceu. Parecia um quadro perfeito. Uma moldura perfeita. Um momento perfeito que é simultaneamente triste porque mesmo quando ainda está a decorrer já pressentimos que vai ter de terminar. Como uma bola de sabão condenada à efemeridade. Uma metáfora demasiado larga...
E depois disso?
Assim que a canção acabou, o ar arrefeceu. Literalmente. Foi mágico.
O Sol não brilhou mais nesse dia. Foi ficando baço e progressivamente mais escuro.
Um momento de rádio. Um momento de vida. Um lindíssimo momento.
A música tem um papel fundamental para mim no que diz respeito à memória. Não porque eu ache que sirva para recriar ou reconstituir ou trazer de volta determinados sentimentos, actos, acontecimentos. Como já uma vez disse, acho que esse é o aspecto menos interessante. A pura associação. Ou a elaborada associação. Ou a sentimental associação. Ou a emocionada, verdadeira e justificada associação. Também pode ser esse o caso. Mas há algo mais. E também mais raro.
Porque ontem, tal como muitas, muitas, muitas, muitas outras vezes, foi uma canção que fez com que a beleza de um momento não me passasse despercebida. È só mais uma das infinitas capacidades/potencialidades/belezas/importâncias (substituir por palavra apropriada , se encontrarem alguma) da música. Poder construir momentos. Poder moldar momentos que só são legitimados pela sua própria presença. Poder construir memórias. Ser mais do que “banda sonora”. Ser uma força geradora de momentos presentes condenados desde o primeiro segundo a tornarem-se passados. Porque o som queima o tempo. Como o fogo queima o oxigénio.
Eu até só queria falar de ontem. Dos 3 minutos e a eternidade de uma canção. Para tentar dizer o que senti. E precisei de uma página inteira. E não disse nada. Mesmo assim...
Só para tentar.
Só para falhar.

quarta-feira, janeiro 09, 2002
 
gosto muito de estar com o pessoal do blog e não só nas tabuinhas a apanhar sol. é tão bom, não é?

 
essa coisa dos figurantes é óptima para um curta metragem, não acham.

 
adoro quando me lembro dos sonhos. ana, toda a gente sonha. não te preocupes porque não te lembrares dos sonhos não siginifica que não os vives.
tenho pesadelos muito maus. por isso é que tenho medo do escuro.

 
o melhor de janeiro são as camélias e as noites de luar forte.

 
a minha mana faz hoje anos. é a segunda das 5 mulheres da minha família que fazem anos nos primeiros 15 dias de janeiro. a minha casa (o quintal que tanto amo) tem 5 mulheres e 2 homens. as árvores são tb na sua mioria mulheres, há 4 gatas e 2 gatos, 2 cadelas e um cão e muitas galinhas e um galo apenas. isso é bom.

 
Ainda em relação aos sonhos: é raríssimo lembrar-me dos meus sonhos. Raríssimo.
Isso é tão triste. Acredita em mim. Porque isso pode querer também dizer que eu não sonho.
Ou que se sonho não sei.
Os pesadelos devem ser o preço que pagamos pela capacidade que temos de sonhar.
Eu gostava tanto...

 
E se Deus ficar sem figurantes?

Costumava ver o Dr. Katz na Sic Radical. E gostava.
No melhor episódio de todos, um paciente muito paranóico contava ao Dr. Katz (que era psicólogo) que acreditava ser vítima de uma conspiração. Deus ficava sem figurantes para circularem no espaço da sua vida.
Isso fazia com que "o carteiro" de manhã fosse "o homem que passeia o cão ao fim da tarde", que "a rapariga sentada no café" fosse "a empregada do restaurante" no jantar ou que "o rapaz na fila das finanças" fosse "o senhor que conduz o autocarro". Deus ficava sem figurantes e por isso eles tinham de se revezar e fazer vários papeís na mesma vida.
A vossa vida não está cheia de personagens que se repetem?
Dias como o de hoje só mostram que talvez isto não seja tão absurdo assim. Mostram também que a faculdade é pequena, que Lisboa é pequena e que o mundo é pequeno.
Ou que sou uma grande egoísta que pensa que o mundo circula à sua volta. Mas não é assim com todos também?

 
Num dos mais estranhos dias do ano. Num daqueles em que é impossível acreditar.
Num autocarro.
Belle & Sebastian.
Pixies.
E a certeza de que as coisas têm de mudar...

segunda-feira, janeiro 07, 2002
 
o que é que têm a dizer em relação a isto???

 
Musicnet "RADIOHEAD REGRESSAM A PORTUGAL
7 de Janeiro de 2002



Os Radiohead vão regressar ao nosso país este ano. A Musicnet soube que uma das maiores produtoras de espectáculos em Portugal, a Tournée, está a preparar-se para trazer o grupo de Thom Yorke a Portugal para três concertos, dois no Pavilhão Atlântico, em Lisboa, e um terceiro na cidade do Porto. Os concertos deverão ocorrer no mês de Junho ou Julho."

 
Tinha prometido ao Sérgio que ia escrever sobre o Kind of blue do Miles Davis, que ele simpaticamente me emprestou para que pudesse dar início à minha "aprendizagem". É claro que isto é uma piada. E é uma boa piada ;-)
As duas primeiras vezes que o ouvi era exactamente essa a dúvida que tinha na cabeça: "mas porque é que estou a ouvir isto?".
Claro que se a beleza do álbum não me tivesse conquistado, ainda agora estaria a pensar sobre o assunto em vez de realmente ouvir o disco.
Não vou escrever nada sobre ele. Pelo menos ainda. Mas fica aqui o agradecimento Sérgio.
Ouvi-o muitas vezes este fim de semana. Pu-lo em "repeat" na aparelhagem do meu quarto. Não cansa. Não cansa nada ouvir aquilo muitas vezes. É mesmo muito bonito, mas suponho (porque nem sequer conheço o suficiente para fazer este género de julgamentos) que nem todo o Jazz seja assim tão acessível a ouvidos "leigos".
A minha irmã (talvez seja um facto científico, as irmãs gostarem de Miles Davis) não se queixou, como costuma ser seu hábito e até o meu pai me perguntou, como já não fazia há muito meses o que é que eu estava a ouvir " que era tão agradável"...

sábado, janeiro 05, 2002
 
[estou doente. 38 de febre todo o dia. sem nenhuns motivos aparentes]

ontem também adormeçi a ouvir jazz [blue train*john coltrane]. e depois, por causa da febre, sonhei a noite inteira com um ruiido absurdo e horrível provocado por um saxofone por onde eu estava a cair. quando estão doentes os vossos sonhos não se tornam obsessivos, psicóticos e torturantes? os meus sonhos são, normalmente extremamente fluidos com mudanças de cenários constantes. mas quando tenho febre, sonhar torna-se uma experiência muito desagradável.

 
Os sentimentos esdrúxulos
A Madalena costumava dizer em tom de brincadeira que Antoine de Saint-Exupéry era Deus. Cheguei a ouvir isto várias vezes. É claro que era uma brincadeira. Mas...
Penso também no post anterior da Madalena e que até certo ponto as coisas fazem sentido como ela as colocou. Penso se seria correcto mudar de atitude. Penso em tanta coisa...
E lembro-me da quantidade de resoluções e de soluções práticas que poderia seguir. E do quanto isso iria contrariar as coisas em que eu acredito. Dos tais planos mirabolantes que, quem sabe até resultem. Dos cínicos engates. Dos sentimentos que convêm porque "vendo bem esta pessoa até é fixe e está mesmo aqui à mão". De que me podia deixar dessas coisas (e aqui sorrio ao lembrar-me da Cristina).
Os sentimentos não são para nos fazer felizes nem para nos dar jeito. Ser prático e frio em relação aos sentimentos? Fará sentido? Não sei exactamente o que quero. Nem a maneira de lá chegar. Colocar toda a felicidade que não tenho numa pessoa que talvez ainda nem exista para mim, parece-me absurdo.
Não sei se o Sérgio é infeliz. Ou melhor, talvez nem ele saiba.
Não vou ridicularizar a discussão, pedindo uma definição daquilo que seria a felicidade. Não quero assassinar o tema. Porque (após uma longa discussão fora das 4 linhas deste ecrã) compreendo aonde queres chegar, Leninha. E não encontro outra resposta senão esta: eu sinto o que sinto e ajo como sei e posso e acho que devo fazer. E às vezes é deixar que as coisas fiquem como estão. Nos lugares onde estão. Achas que não sou feliz? Eu também não sei responder. Mas deixa-me chegar aonde queria...
O Principezinho é uma pequenina Bíblia. De pequenas verdades universais. Se conseguíssemos de facto viver assim...

"Tenho uma vida terrivelmente monótona. Eu, caço galinhas e os homens, caçam-me a mim. as galinhas são todas iguais umas às outras e os homens são todos iguais uns aos outros. Por isso, às vezes, aborreço-me um bocado. Mas, se tu me prenderes a ti, a minha vida fica cheia de Sol. Fico a conhecer uns passos diferentes de todos os outros passos. Os outros passos fazem-me fugir para debaixo da terra. Os teus hão-de chamar-me para fora da toca como uma música. E depois, olha! Estás a ver, ali adiante aqueles campos de trigo? Eu não como pão e, por isso, o trigo não me serve para nada. Os campos de trigo não me fazem lembrar de nada. E é uma triste coisa! Mas os teus cabelos são da cor do ouro. Então, quando eu estiver presa a ti, vai ser maravilhoso! Como o trigo é dourado, há-de fazer-me lembrar de ti. E hei-de gostar do barulho do vento a bater no trigo...
(...) Por favor... prende-me a ti!"

Fala da raposa ao Principezinho, capítulo XXI

Ele é mais do que um pretexto. Eu tenho medo que seja mais do que um pretexto. E fico confusa. Mas quem é que pode determinar?
Entretanto, eu vou sendo feliz. As pessoas de cabelos aos caracóis grandes e soltos, enchem-me de uma sensação que não sei exprimir. Como numa montanha russa. Com cócegas na barriga. Enquanto se sobe, antes de se descer...

sexta-feira, janeiro 04, 2002
 
Tenho demasiadas coisa na cabeça das quais quero falar e como não consigo parar para pensar talvez acabe por passar por aqui sem dizer nada de jeito.
Hoje enchemos o céu da faculdade de bolinhas de sabão.
As pessoas do núcleo de cinema são chatas e pretensiosas.
As calças do Gustavo são "buéda fashion".
"Candinho", entras ou não?
Ontem foi o dia mundial da sinceridade ;-)
Os Sigur Rós são (cada vez mais) extraordinários.
Devíamos instalar um divã (daqueles dos psicólogos) na zona das madeirinhas.
A madalena diz bué vezes "fuck" e S. Lourenço já reparou.
Quero is à Guarda. Ver "o" anjo.
Hoje vou ouvir Jazz para adormecer :-)

 
Fazer de um blog, um diário... Hum??? Será?
Ninguém mesmo, é herói para o seu criado de quarto. Ainda bem!

quarta-feira, janeiro 02, 2002
 
só hoje li o que o sérgio escreveu acerca do «quando eu me apaixonar...» e senti uma grande dor.
falando friamente: arranjar companheiro/a é muito difícil.
se não, vejamos: primeiro que tudo tem a haver com os sítios por onde andamos, o que acaba inevitavelmente por limitar o leque de escolhas. depois, os sítios por onde andamos não são sítios de engate (estou a falar por mim). desculpem lá os termos mas é mesmo assim. a gente pode apaixonar-se por alguém na faculdade mas chegar até essa pessoa implica a elaboração de planos auspiciosos que nunca resultam, acreditem.
e há ainda a questão de acharmos que não devemos forçar o destino: "se tiver que acontecer, acontece.., por isso não vou fazer nada, vou deixar que as coisas acontecem naturalmente" Sim, como se alguma vez o destino tivesse o mínimo de bom senso. o destino é burro e está constantemente a cometer erros crassos.
e ainda falta a questãoque é mais dolorosamente comum: apaixonarmo-nos pela pessoa errada. pois claro que é errada, caso contrário nós, caros amiguinhos, nunca nos iríamos interessar por ela.
nem me atrevo a falar na falta de auto-estima, nem nas dificuldades de comunicação, nem nos mal-entendidos, nem nas complicações desnecessárias,e nem nas enormes tampas que levamos quando percebemos que estamos sozinhos na dor porque o nosso suposto/a parceiro/a está bem acompanhado por alguém que lhe estará a dar aquilo que nós tínhamos guardado em nós para ele/a.
eu sei que isto parece daqueles textos das sitcoms adultas acerca de solteiros que vivem em nva iorque. desculpem lá.

foi só mais um dia mau

 
patrícia, tu tens andado a perder a novela visual do blog... este já é o quarto look. e não se vai ficar por aqui. entãoé assim. quando estiveres do blogger.com e escreveres qualquer coisa clica no botão que diz view web page . e logo aparece numa nova janela a página do blog. ou então sem ir ao blogger escreves o endreço: http://ocriadodequaro.blogspot.com

terça-feira, janeiro 01, 2002
 
Não consigo ver o nivo look do blogger... alguém me pode ajudar? é que não sei onde é!

 
Recebi um caleidoscópio no Natal. Como alguns já sabem :-)
É uma coisa maravilhosa. Um dos objectos mais bonitos do mundo. Deixa-me bem disposta. Estou apaixonada por ele.
Não o consigo descrever bem. Tem dezenas de cores e às vezes consigo observar padrões inacreditavelmente belos.
"Às vezes, há tanta beleza no mundo que sinto que não vou aguentar."
Nunca gostei muito desta frase, mas lembrei-me dela enquanto tentava (e falhava) descrever para vocês o meu novo objecto preferido.

 
a passagem de ano pode ser uma coisa muito cruel. a minha foi. ainda está a ser. obrigado madalena. pode não ter parecido, mas eu gostei muito que tivesses telefonado ás duas e um minuto da manhã a desejar-me um bom ano. foi a única coisa decente destes dois dias. o que vale é que o próximo ano vai ter 365 dias até acabar. ainda bem.

 
por favor, aguentem este look durante mais de uma semana. porque me deu quase uma semana de trabalho. é que eu não sei nada de html. quer dizer, agora já sei algumas coisas de tanto experimentar.

 
Gosto deste look do criado. Um quarto zen/minimalista? É prático.
Quanto tempo se irá aguentar assim?

 
Que lindo Sergio... :-) Estive às compras e vi a edição de Natal da Cerelac. Lembrei-me do teu post.

 
E o Natal passou.
E o ano é novo.
São só 365 dias até ao próximo e foi o Helder que me lembrou disso. São só 365 e parecem muito mais.
365 é um número bicudo. Os anos deviam ter 300 ou 400. Podíamos decidir mudar isso também. Já que estamos numa de mudança.
Queria falar dos últimos dias mas não consigo fazer. Vou ficar por aqui a dizer baboseiras. It's a new year. Sinto-me no direito.
Oh, that old Sunday feeling...

 
Uma ronda por outros blogs deixou-me sem a mínima vontade de falar do ano novo em que entrámos. Ainda bem que é novo. 2001 foi demasiado "intenso". Ainda bem que acabou. Nem sei como me sinto...
Dormente, como em todos os regressos a casa.
E com saudades de todos vocês. Sem excepções.

 
Estou de volta. :-))


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