{Ninguém é herói para o seu criado de quarto}
domingo, março 31, 2002
 
Um homem que consegue apanhar moscas com dois pauzinhos, consegue fazer qualquer coisa.

Hoje deu o Momento da Verdade II. Ainda com o miúdo (e não a "gaija", que é uma treta) e com o insubstituível Mr. Myaki. Lembrei-me logo de ti João.Vi uns minutos, mas depois cansei-me daquilo. O primeiro é infinitamente melhor. Cheguei à conclusão de que devemos tentar preservar uma memória agradável dos nossos mitos de infância e desliguei a televisão. Mas ainda tentei os primeiros minutos. A recompensa?
Ter ouvido esse maravilhoso aforismo que dá início ao filme e título a este post e que é a minha nova filosofia de vida. Não tenho moscas em casa, no entanto. Alguém tem sugestões para o meu problema?

 
As pessoas que conheço são mais ou menos como eu. Mas o mundo é maior não é?

 
O N amadores, encontrado quase por acaso no Zapping pelos canais, ameaça acabar (pelo menos durante a sua duração) com a secura das tardes de Domingo. Mas aquilo é muuuuuuuuuiiiiiiiiiiiiiiito fixe!
Está encontrado o digno sucessor de a Arca de Noé.

sábado, março 30, 2002
 
Não me parece que vá mudar de variante. Pelo menos para já. Mas quando se para para pensar (e eu tenho tido tempo!!) as velhas questões voltam. Deixei aquilo aqui porque às vezes sinto que tenho de ver o que ando a fazer com a minha vida (profissional/académica também).
Hoje pensei tanto em ti Lena. De como este é o dia mais feliz do ano para ti. Fiz um esforço por estar feliz também.
Andas sempre com o mundo às costas menina. Não és tão culpada como julgas e todos falhamos. Se tu achas que falhas, que seria de nós?
Quando tenho medo de me esquecer o porquê de gostar tanto de ti, tu fazes isto. Porque assim é impossível. Quando além de um ser humano lindo tu te mostras falível e confessas a tua fraqueza. Talvez o blog não seja o melhor lugar para isto, mas não te posso telefonar e não quero esperar por te dizer.
Pensei em ti todo o dia :-))

 
inclino a cabeça. olho com vergonha para o chão. a culpa de ter abandonado todos os que precisaram de mim até ao dia de hoje não me permite olhar em frente. é o desconsolo de descobrir que afinal sou fraca.
lembro-me da minha mãe a chorar e compreendo-a. nem sempre a compreendo quando chora. peço-lhe sempre que seja forte. porque nós afinal aguentamos muito mais do que pensamos, dizia eu. mas isso não é assim. nós só aguentamos porque não temos opção, não é porque somos fortes. a minha mãe chorou e eu compreendi que às vezes as coisas são mesmo tristes e não há mais nada a fazer senão ficarmos tristes. e chorar com os outros. eu não devo ter a presunção de que ninguém me pode ajudar.
eu sou fraca. e já tanta gente sofreu perto de mim e eu não percebi. nem sequer soube por andar ocupada a pensar em coisas muito menos importantes.
e hoje inclino-me com o peso dessa culpa e não ouso erguer os olhos com vergonha. e choro.
mas é precisamente aquele a quem mais magoei que vem ter comigo e me levanta o queixo, carrega o peso da minha culpa e me consola.



 
ana, ana, ana...
não acho que tenhas que te transformar para seres boa naquilo que escolheste. pensa bem: achas mesmo que é isso que é pedido? achas que é uma exigência sem a qual não podes frequentar e ter bom aproveitamento no teu curso? (lembra-te que é um curso)
tu és tão boa aluna... no fundo, eu sinto que as notas são justas na medida em que pessoas como tu, muito inteligentes, têm boas notas. e digo isto com sinceridade. tu escreves muito bem, analisas bem, dissecas bem os objectos e é isso que é preciso na tua variante.
mas se tu sentes que serias mais feliz em jornalismo... força! muda de variante!
eu sei que nestas decisões pesam muitos factores que acabam por inflacionar o verdadeiro valor das coisas e que o que eu escrevi é só mais uma opinião mas custa-me saber-te assim angustiada e com tanto peso na cabeça. num dia como o de hoje não te posso deixar de dizer que tudo tem solução.

sexta-feira, março 29, 2002
 
Heldinho: responde-me sinceramente. Porque é que estes haviam de ser os melhores anos da minha vida???
Espero bem que não!!!

 

Em resumo, neste momento, é assim que me sinto. Ingénua. Mas não num bom sentido. Por pensar que tenho de me transformar se quero ser boa naquilo que escolhi. E isso seria uma espécie de subversão do meu sonho. Um negativo do meu desejo.
Eu não me acho uma criatura ingénua e pura a ser corrompida. Mas eu acreditava que a paixão que tinha pelas coisas me ia manter sempre a força para continuar motivada no que estou a fazer. E aulas como pugramação e os comportamentos que elas exigem para se ser “bom” naquilo que se está a fazer andam a mortificar a minha paixão por uma das coisas de que mais gosto/gostava.
As pessoas que estão a fazer pugramação são cromos ao mais alto nível. Não me quero transformar em mais uma dessas criaturas que tiram apontamentos no escuro.
Não quero mudar de variante, mas também não queria mudar de atitude. Sinto-me subvalorizada.
Desculpem o dramalhão. Já queira dizer isto há muito tempo. Ou desabafar.
Mas faltava-me a clareza de espírito necessária.

 
Na realidade...
O trabalho de História do Cinema, única cadeira da variante no primeiro semestre não correu tão bem como eu esperava. Tendo em conta que era a única, não pode deixar de ser desmotivante (por muito que me queiram convencer de que “isso pode não querer dizer nada”). Pois pode. Pode não querer dizer nada. Querem ver o que é que diz mais?
Na disciplina de Programação Cinematográfica o Sr. Professor/Realizador/Grande Nome/Especialista/ Crítico/ Personalidade Respeitada João Mário Grilo dissertou na segunda aula acerca da necessidade do “treino do olho”. De como é necessário disciplinar a visão, sobretudo para quem quer trabalhar em Cinema . Tornar a visão de novo sensível a todos os traços da técnica que no Cinema se pretendem invisíveis e transparentes.
Desmontar o dispositivo. Dividir filmes em planos (americanos, de conjunto, gerais, muito gerais, GPs, MGPs) e cenas. Desmontá-los por sua vez em travellings (mecânicos, ópticos e mistos), panorâmicas, movimentos afins, ângulos, eixos e raccords (no eixo e de outras origens). Construir uma gramática cheia de novos termos para explicar os filmes. E é claro “é fundamental aprender a tirar notas no escuro”. Para não “perder pormenores fundamentais”, isto porque a memória é curta e não nos vá escapar um qualquer movimento de câmara virtuoso que pode dar origem a 25 minutos de conversa e dar oportunidade a outros 25 ignorantes-pretensiosos meterem a sua colher. Isto está um bocadinho exagerado/agressivo, mas talvez nem esteja assim tanto.
E para cúmulo, combater “essa tendência para a ingenuidade, que pode ser tão irritante”. A minha má vontade para com ele começou aqui. A Lena disse-me “eu tenho essa atitude ingénua e irrito-os”. Isso explicaria muita coisa Madalena.
Assim na minha variante, em cadeiras como Géneros Cinematográficos (menos), Arte e Comunicação ou Teoria da Cultura (sem falar em Pugramação, que é assim que o Mário Grilo pronuncia, onde atinge níveis insopurtáveis) sinto-me por enquanto numa espécie de “Campeonato dos Cromos” em que todos fingem certezas e fingem saber o que andam a fazer. Sim, porque duas aulas depois, já o Eduardo tirava notas no escuro.
Ele não é “desses”. Sim, “desses”: irritantemente ingénuos

 
“Ai és de cinema! É essa a tua variante? Fixe! E estás a gostar?”Não deixa de ser uma boa pergunta. A explicação não é tão fácil de dar como devia ser, ou como eu acredito que devia ser. Já lá vai um semestre inteiro e quase metade de outro e aquilo que eu esperava sentir como certeza é uma dúvida cada vez maior. O facto de todos andarem um pouco confusos/desiludidos não ajuda porque a minha confusão é a única que sinto na pele e portanto, verdadeiramente.
A decisão pela variante não foi fácil. Estava dividida entre a solução “ortodoxa” que era o jornalismo e o grande desejo de seguir Cinema. Cinema é a variante cool. Admito que é cool dizer que sou de Cinema.
Apesar do carimbo de “variante suicida” no que toca a saídas profissionais, da discórdia dos meus pais (o meu pai ainda não leva a sério “esse curso de ver filmes”) e da grande incerteza em relação às minhas verdadeiras capacidades, o resultado é o conhecido.
Nas grandes narrativas (nos filmes, nos livros, no imaginário colectivo) as personagens que seguem os seus sonhos (coff, coff, coff), mas sim, acho que era de um sonho que se tratava (um sonho à escala do quotidiano), acabam sempre por ser recompensadas.
Realizam-se, apaixonam-se pelo que fazem, sentem-se bem com isso. Até ficam com a miúda...

quarta-feira, março 27, 2002
 
Ando preocupada: Ando a dormir muito. Muito mesmo. Eu nunca fui de dormir tanto. Deito-me cedo e acordo tarde. Quando relaciono isto com a tal frase do João...
Tenho pensado no Sérgio em Paris. Espero que esteja bem pois imagino-o feliz :-)

 
Já tenho bilhetes para Radiohead também no dia 23. Isso deve, só por si, ser motivo de gáudio.
Eu não me lembro do Dallas, não vi o N amadores ainda e o Neighbours era tão mau que até metia a Natalie"embrulha" (não sei escrever bem o apelido dela). No meu tempo "em que um quilo de farinha custava apenas...", Arca de Noé alegrava a criançada e Carlos Alberto Moniz era rei!!! Bons tempos. Tenho de ver o N amadores. Quando é que isso passa?

segunda-feira, março 25, 2002
 
estive a ver o n amadores na ntv e fiquei maravilhada. é o melhor programa de tv desde o dallas.

as férias começaram, está sol e eu estou tão feliz como o meu cão quando se coça.

o blog ressuscitou.

 
joão, és um boi!
resta saber se tens mesmo tendência para a depressão... espero que não.
(bemvindo)

domingo, março 24, 2002
 
Paulo: que bom ver-te de volta. Sim, sim. Vamos corromper totalmente o Vairinhos (que é quase tão fixe como o apelido).
Eu ainda nem quero acreditar no que esses pequenos pedaços de papel querem dizer. Tive pena de não ter comprado o meu pessoalmente, mas estava bem entregue nas mãos da Cristina. Sei que houve corrida aos bilhetes. E agora, resta esperar...

sábado, março 23, 2002
 
Para tentar resumir no pouco tempo que tenho...
João, sê muito bem vindo ao blog. Por direito, já cá devias estar desde o início, mas acho que ninguém saberá muito bem dizer porque é que não aconteceu. Está na hora de recuperar o tempo perdido!! Espero ver-te por aqui muitas vezes (sim, seu burguês com Netcabo).Só o Candinho ainda tarda...

Cristina: está tudo bem?? Um post único com uma letra do Nick Drake. O Nick Drake também podia ser nosso cosmopanda.
O tempo ensina muita coisa, mas demora demasiado (eheheheheh) "tempo".

Madalena: tive pena de já não te ver antes de saíres. A festa do Hop, não foi nada má. Só fiquei com a Liliana mas foi bem fixe. Viemos embora cedo! A zona principal estava vazia, barulhenta e um tanto decadente mas no "Chill Out" estava-se muito bem. Temos de experimentar ir todos na próxima. Tenho a certeza de que se estivéssemos todos podia ter sido muito fixe mesmo.

Patrícia. O professor de sociologia perguntou na aula quem é que era familiar com a expressão "desencantamento do mundo". Eu acho que em certos dias todos sabemos o que isso é. Saíram mais resultados de avaliações, mais uma vez injustos (a meu favor) e que só me fazem concluir que o mundo é um lugar injusto. Mas não posso pensar assim por muito tempo. O desencantamento do mundo é temporário. Fora isso, tenho esperança....

quinta-feira, março 21, 2002
 


o joão gostava de entrar para o quarto. alguém se importa? alguém se opõe? o que acham?

 
Sim Patrícia, acho que toda a gente neste blog sabe como é...

Estes são os discos que vou levar para paris:

-tom waits_swordfishtrombones
-tom waits_raindogs
-leonard cohen_songs of leonard cohen
-nick cave_and no more shall we part
-billie holiday_best on verve
-radiohead_ok computer
-yo la tengo_and then nothing turned itself inside out
-tinderstiks_curtains
-jeff buckley_grace (se te lembrares Cristina)

o critério é uma imagem idealizada de paris.

só vou levar um livro

-poesia toda_herberto helder

também vou levar saudades vossas. Mas é só uma semana... é mesmo só por ir para longe. Provavelmente nem vos veria nas férias... mas o mais importante vai será o que eu trouxer de paris, o que voltar comigo.
A viagem de carro vai ser aborrecida, provavelmente. Eu gostava de ir de comboio, mas acho que saia mais caro.
Estou mais contente agora, de ir de férias para uma cidade distante, que presumo bonita.
Hoje esteve um dia muito bom. Só que eu estive a estudar para a frequência de amanhã. A primavera está a chegar e eu estou de partida... em frança chove, vi hoje na televisão.

vou tentar fazer uma visita durante a próxima semana...
adeus amiguinhos companheiros de quarto.

terça-feira, março 19, 2002
 
Ando triste e desencantada... sabem como é? :)

 
Gosto da ideia de aparecer nos sonhos dos outros. A Cristina levou-me até ao Luxemburgo.
Hoje é dia do pai. Não fiquei na Faculdade e vim para cas mais cedo.
Eu também tenho saudades do Paulo, da Patrícia e do Helder, na sua versão electrónica/digital. Da Raquel também, mas duvido que tenha saudades nossas. Ainda bem para ela ;-))
Liliana: fizeste-me ganhar o dia. Agora, estou cheia de saudades tuas.
Estou tão contente que o blog esteja a recuperar a sua vitalidade :-)))

 
Lilianinha:


;-))))))))))))))))))))))

 
Sei que não sou a pessoa mais indicada para este tipo de interrogações mas: Onde é que paira o Hélder? E o Paulo? E a Patrícia?
[não pergunto pela Raquel, porque sei onde é que ela paira ;o) ]

 
Se te serve de consolo Ana eu também nunca sonho, ou melhor, quase nunca me lembro dos sonhos que tenho e quando me lembro não se tratam de sonhos mas de pesadelos (se tivessem banda sonora podia compôr músicas - concorria com o Lenny Kravitz) com aranhas.
Para quem não sabe: eu sou aracnofóbica*.


*Aracnofóbico - aquele que sofre de aracnofobia*.

*Aracnofobia - medo de aracnídeos*.

*Aracnídeo - artrópode quelicerado, com quatro pares de patas locomotoras, que é como que diz, aranha.

segunda-feira, março 18, 2002
 
Cristina: o Lenny Kravitz (eu acho que é ele) disse que para compôr canções só precisava de se lembrar das melodias que tinha nos sonhos. Quando acordava escrevia-as... Será que o Sr. só tem pesadelos???
De qualquer modo, toda essa actividade ao nível do subconsciente pode significar para ti o início de uma carreira, que se não for de grande talento, pode pelo menos ser de grande sucesso comecial. Conselho de amiga? Arranja um guitarra ou um orgãozinho eléctrico.
Estou a brincar :-))
No fundo tenho uma invejite porque nunca me lembro dos meus sonhos. Apesar das recentes excepções, a minha actividade onírica fica aquém da de quase todos neste blog. E tirando no último, em que surgia numa situação bizarra, nunca tenho direito a música. Gostei dos sinos no meu sonho, porque nunca me lembro do som.
Alguma música tem textura de sonhos.
Deve ser muito bom sonhar com música. Pop, ou outra qualquer...

 
A minha professora de Arte e Comunicação faltou!!!!
Uma mudança para melhor.
Sérgio, esse teu lugarzinho é fantástico.
Repito o convite: Alguém quer vir para a Terra dos Sonhos? Não consigo pensar em nenhuma razão suficientemente válida para ficarmos aqui.

 
O meu lugar é muito bom, dizes tu. Então, queres trocar comigo?

 
Até o Público chegou mais tarde à livraria neste dia laranja negro. Cada um na sua trincheira, temos de ter esperança. Na capa de jornal a manchete deixa ler "Maioria de Direita". A madalena trouxe um casaco cor-de-laranja e corre o sério risco de ser chacinada, tendo em conta a faculdade em que estamos. O céu continua cinzento e absolutamente na mesma, só a ironia divina. Eu já sabia que podíamos esperar o pior, mas nunca pensei que me afectasse tanto em termos de "microcosmos".

 
Tudo menos a merda dos preconceitos...

Existem limites!! Fiquei triste com a expressão "Tudo menos a merda da Pop", no cartaz da "festa do Hop". Não pela ofensa em si a um género que respeito mas pelo preconceito que continua a existir na cabeça de muitos numa época em que as fronteiras de distinção são cada vez mais indefinidas. Trip-Hop? Hip-Hop?Jazz-Hop?????? Drum'Hop??????????
Eu até aguento bem as piadinhas sem graça mas isto não pode deixar de ser uma desilusão.
Ironia divina (mais uma Sérgio):na sala de computadores da faculdade onde estou a escrever isto, a Sra Coordenadora está a ouvir Nick Cave. Sim, sim: o "And No More Shall We Part".

domingo, março 17, 2002
 
Cristina, gosto muito quando escreves sobre os sonhos.
Eu também nunca me lembro das músicas dos sonhos. Nem costumo sonhar com músicas. Quando saio do cinema também nunca me lembro de nenhuma música da banda sonora.
Mas há uma coisa que acontece frequentemente. Eu adormeço sempre com música, e muitas vezes durmo a noite inteira com a musica a tocar. Quando estou naquelas fases do sono em que já estamos no território do subconsciente mas alguns dos nossos sentidos ainda não se desligaram, acontece-me os sonhos desenvolverem-se ao ritmo da música. Acontece os momentos da acção do sonho coincidirem perfeitamente com a evolução das músicas que ainda estou a ouvir. Gosto muito quando isso acontece.

Hoje foi um Domingo simpático. Lá fora choveu, mas cá dentro – só saí durante dez minutos para votar – esteve quentinho. Para variar até consegui estudar qualquer coisa de jeito para a frequência de Sexta feira. Li uma data de páginas de três textos e não percebi quase nada do que eles queriam dizer. Mas acho que isso já faz parte da leitura de textos que falam sobre a modernidade. Até apareceu por lá o habermas que alguns de vocês já tiveram o prazer de conhecer.
Fiz um bolo com a manha mãe. Um bolo mármore, e ficou bom. Mas o mais divertido foi fazê-lo. Fartámo-nos de rir os dois a fazer o bolo, a fazer coisas para irritar a minha irmã, a falar dos hipotéticos resultados das eleições, a gozar com o durão barroso (se fosse um peixe era um cherne... se fosse um legume era um nabo. Boa mãe!), a rapar a tigela no fim e a lamber os dedos...

o meu pai esteve nas mesas de voto e trouxe os resultados cá do sítio (o paraíso da direita):

psd 42
ps 21
cds pp 15
be 2
pcp 1
pctp mrpp 1

tem piada, até...




 
Quero ir viver para a Terra dos Sonhos do Jorge Palma. Alguém mais quer vir? Querem trazer alguém?
Quando é que partimos? Ainda antes dos resultados eleitorais? Quero ir agora... Sem arrependimentos e sem olhar para trás.

 
amanhã o tempo vai estar laranja negro.

sábado, março 16, 2002
 
Amanhã é dia de legislativas. Sinto que tenho razões para temer. Tenho medo.
Estou a ouvir outra vez a perfect popsong que é a "Perfect Lovesong" dos Divine Comedy pelo já uma vez referido efeito analgésico.
O país tem estado cinzento. De que cor estará amanhã?

 
espero que esta fase não comprometa a verdade dos nossos verdadeiros sentimentos de amizade


Madalena: comprendeste-me mal. Eu acho que a "disfuncionalidade" é só uma fase. Eu não acho. Eu sei.
E a culpa é tão tua como dos outros.
Hoje estava a ouvir o Across the Universe dos Beatles e a pensar no verso do refrão "nothing's gonna change my world" e pensei que era um mau verso, uma má ideia. Em princípio, é uma coisa positiva que aconteçam coisas que nos "abalem" o mundo. Que nos mudem o mundo. É bom querer que nos mudem o mundo.
Mas convosco, os amiguinhos não é bem assim. Têm acontecido coisas chatas ultimamente. Coisas que poderiam pôr em causa tudo. A verdade é que não põem nada em causa.Tenho muitas dúvidas, muitas confusões e muita poeira na cabeça. Mas há coisas em que o meu mundo permanecerá para sempre igual: a verdade dos meus sentimentos por vocês. Seria a isto que os Beatles se referiam?

 
Antes de mais:
Sérgio, aquilo que viste na reunião do núcleo de rádio é apenas uma pequena amostra das "crueldades para com os animais" que podem ser verificadas todas as semanas nas reuniões do núcleo de cinema. As razões pelas quais continuo a ir são: em parte o espírito de escuteira (que nunca fui e começo a ser aos 20 anos), a oportunidade de fazer antropologia de campo no espaço da Associação de estudantes, o hábito de para lá ir e cada vez menos o real interesse que aquilo tem. Não deixa de ser divertido.
Sinto-me a Alice no País das Maravilhas. A maior parte das vezes as coisas que eles fazem não faz sentido e chega a ser divertido de tão inconsequentes que são. No entanto, tudo se passa como se estivéssemos a lidar com as coisas mais importantes do mundo. A coordenadora avalia a produtividade e a qualidade do trabalho realizado em cada reunião pela quantidade de coisas que escreve num caderninho "pedir ao Eduardo para fazer sinopse". Somos uma grande família feliz que reúne todas as sextas-feiras para organizar uns ciclos sem critérios e passar filmes que não se sabe muito bem quem é que escolheu e quem é que de facto os quer ver.
"Vocês sofrem de reúnite." disse-me uma vez a Madalena. Pois sofremos Madalena. E eu deixo!

 
sonhar com musicas é lindo, cristina. mesmo lindo.

não sabia que o teu programa de rádio ia ser assim. acho uma excelente ideia, serginho. acho que é quase-ainda-talvez-um-pouco melhor que a ideia da fada do lar.

amiguinhos: acho que a ana tem razão quando diz que parecemos uma família disfuncional. e isso entristece-me muito até porque sinto que tenho bastante culpa na situação. vou tentar melhorar, prometo. e se eu tiver alguma atitude assim mais cruel, lembrem-me da minha promessa, por favor.
espero que esta fase não comprometa a verdade dos nossos verdadeiros sentimentos de amizade que nos unem. porque esses continuam, acho que ainda continuarão por muito tempo.


sexta-feira, março 15, 2002
 
merda!

do you see light aT THE END Of the tunnel?

 
tenho cinco posts seguidos em dias diferentes. o quarto continua às moscas. não vou escrever mais enquanto não houver participações regulares. assim não têm graça nenhuma. [isto é birra, sim(sem ironia)]

 
a minha mãe diz e tem toda a razão:

quanto mais uma pessoa se baixa, mais o cú aparece.

isto tem um contexto, embora voçês não o saibam e nem vale a pena explicar-vos agora. é uma história antiga e que voçês até conhecem. mas acho que o podem compreender na mesma. às vezes parece que as pessoas andam a brincar conosco e quanto mais nós acreditamos nelas maior é a brincadeira e a diversão à nossa custa. não gosto disso. gosto de saber à partida com o que posso contar. não gosto que as regras nudem à medida que se joga. porque quem muda as regras mais vezes sem avisar é quem tem vantagem. mesmo que não seja por mal. isso magoa.


o meu programa de rádio vai ser feito exclusivamente de sons que eu consiga captar na rua e em locais públicos. conversas privadas vão ser os elementos mais desejados. mas também quero outras coisas. sons de comboios, autocarros, automóveis, vendedores ambulantes, mendigos, sinos, etc etc etc. quantos mais sons melhor.

 
ontem, no autocarro das 20:30, a única coisa que doeu foi mesmo a barriga. nem chuva, nem a hora nem, nem as pilhas do minidisko terem acabado a meio da viagem. o pior foi mesmo a reunião da radio...

-alguém aqui têm a visão?
-eu tenho. os meus dois olhos funcionam...


é por coisas mais pequenas os meus amigos me deixam fora do carro no meio da autoestrada...

mas o barrete azul, ou o fósforo, como diz o joão, ganhou o grande prémio...

-temos que manter a cedibilidade
-podiamos transmitir através de real audio ou de mp3
-temos recebido muitas reacções positivas?



i rest my case







terça-feira, março 12, 2002
 
...para a madalena e para os outros amiguinhos também:


Aos amigos

Amo devagar os amigos que são tristes com cinco dedos de cada lado.
Os amigos que enlouquecem e estão sentados, fechando os olhos, com os livros atrás a arder para toda a eternidade.
Não os chamo e eles voltam-se profundamente
dentro do fogo.
- Temos um talento doloroso e obscuro.
Construímos um lugar de silêncio.
De paixão.


herberto helder


segunda-feira, março 11, 2002
 
há problemas que são difíceis de explicar.

e isso é um problema...

 
A geografia onírica está cheia de espaços recorrentes. Lugares que se repetem muitas vezes, como espectros.
O Porto é assim. Um espaço onírico, feito dos mesmos lugares a serem constantemente repetidos. Mas não é só isso. Não é só a recorrência dos locais. É também a descontinuidade do espaço; a percepção não linear deste. Tal como nos sonhos, tal como na infância, as cidades desconhecidas têm uma representação desfigurada no nosso mapa mental. Existem zonas vazias e incoerências espaciais que se revelam a cada esquina. No Porto, devido ao nosso desconhecimento profundo da cidade, acabamos por procurar, consciente ou inconscientemente, os espaços, os locais conhecidos que, deste modo, acabam por se repetir numa constância espectral. Andámos aos círculos pela baixa do Porto: Avenida dos Aliados, São Bento, Rivoli; Santa Catarina, Clérigos, e novamente Aliados e por aí fora outra vez. Quantas vezes, durante os três dias, teremos passado por estes sítios?
Isto acontece-me nos meus sonhos, os locais repetirem-se muitas vezes em situações semelhantes. Sobretudo à noite, antes de apanharmos a carreira nº 1 dos STCP, a Avenida dos Aliados, iluminada de laranja e nós por ali às voltas como se a avenida fosse um imenso carrossel, tudo aquilo me fazia lembrar um sonho. A familiaridade da praça a contrastar com o desconhecimento de quase tudo o que a rodeava dava-me a sensação de conforto. Era como se a praça fosse o nosso playground. Como se os edifícios fossem apenas fachadas de madeira pintada como nos parques de diversões e não houvesse nada para lá.
Era isso que eu queria dizer naquela noite e não sabia como. Não sei se o digo do melhor modo, mas espero que compreendam.

 
há problemas que são difíceis de explicar.

 
Requiem para um Domigo, com a ajuda dos Sonic Youth:

sunday comes and sunday goes
sunday always seems to move so slow
to me - here she comes again
a perfect ending to a perfect day
a perfect ending what can i say
to you - lonely sunday friend
with you - sunday never ends

 
"COMO EM TUDO: HÁ QUEM FAÇA BEM, HÁ QUEM FAÇA MAL"
A frase é de Miguel Quintão, o profeta. De que lado da barreira estaremos nós? Será que estamos todos juntos como aqui no blog? Todos do mesmo lado? E de que lado?

domingo, março 10, 2002
 
"A minha filosofia começa a ser um pouco como a do calvin: reduzir as expectativas ao minimo e achar que assim já é suficientemente bom."
Seria de facto agradável. Mas tal como no já famoso ;-) aforismo "sem desjo não há dor", parece-me uma maneira um tanto ou quanto estreita de pensar. Dentro da lógica da resignação. Será que baixar as fasquias ou aprender a esquecer é "o caminho da felicidade"?


 
Novo nome para o blog. Ele não está de facto às moscas.
Além disso, hoje sinto-me Vilarinho!!!

 
Last night I dreamed!!

Sei que sonhei esta noite. Não me lembro do sonho mas lembro-me de um pormenor que foi a primeira coisa em que pensei quando acordei: havia uma torre de igreja e havia um sino. Quando o sino tocava, a melodia que se ouvia era o refrão da “People ain’t no good” do Nick Cave. Não atribuí nenhum simbolismo a isto. A torre do sino da igreja era muito parecida com a do filme “Vertigo”, o que não deve ser uma simples coincidência porque vi o filme esta madrugada.
É bom ter um sonho para partilhar de vez em quando, mesmo que não seja de longe tão interessante como alguns dos vossos.

 
Tenho sono.
Tenho um gato preto.
Tenho um bilhete para os Weezer.
Tenho uns amiguinhos maravilhosos.
Tenho vontade que deixe de ser Domingo no mundo.
Tenho de acreditar que tudo vai acabar bem...

 
[TOM WAITS | o avô cantigas que metia medo às criancinhas...]

a primeira vez que ouvi falar no tom waits foi no 11º ano, numa critica do blitz ao best of the island years. Chamou-me a atenção porque era a primeira vez que via um disco classificado com 5/5 no blitz. E naquela altura o blitz ainda era um jornal no qual se podia confiar. Pensava eu. Ainda para mais era um best of, e não deixava de ser estranho um best of ter um crítica tão boa. É claro que houve comentários inquietos: “tu conheces aquela cena do 5/5 do blitz?” O pedro conhecia. os pais tinham uma cópia do raindogs e, uns dias mais tarde veio espalhar o boato que aquilo era o gajo mais estranho que tinha ouvido até à data e que a música estava no limiar da inaudibilidade. O mito tom waits nasceu aí. E nasceu mesmo sem conhecimento da personagem obscura, da música singular e da imagem retirada directamente de uma fotografia amarelecida de um grupo de gangsters mafiosos dos anos 20 ou 30.
Algumas semanas depois esse disco acabou por aterrar nas minhas mãos. Confesso que fiquei meio entusiasmado, meio assustado e completamente perplexo. Eu não tinha expectativas relativamente ao que ia encontrar, mas certamente não esperava encontrar o que encontrei. Paradoxalmente, a primeira impressão que tive, foi de já ter ouvido algumas daquelas canções em bandas sonoras de desenhos animados, ou então nos meus sonhos mais sinistros. A primeira canção do disco, singapore, lembrava-me e, por vezes ainda me lembra, um cão como personagem má a entrar em cena num desenho animado que tenho duvidas se existirá noutro lugar que não seja a minha cabeça. E depois havia a fotografia no interior do disco em que o tom waits está com o seu típico olhar enigmático e sinistro como um suspeito de homicídio, fotografado pela policia. “mas quem é este tipo?” era o que eu me perguntava, sem ter consciência que não ia encontrar respostas inequívocas e factuais. E nem era importante. O slogan do fernado pessoa para a coca cola primeiro estranha-se, depois entranha-se tem todo o sentido na minha descoberta do tom waits. O que me fazia ouvir aquelas canções que não tinham nada a ver com o que eu ouvia na altura, era precisamente a sua invulgaridade. Nós falávamos de tom waits como crianças de uma brincadeira proibida, como se estivéssemos a conspirar ou a fazer alguma coisa subversiva. A capa do disco acaba por resumir tudo. Na fotografia da capa, tirada pelo robert frank (que esteve em exposição no ccb no ano passado), tom waits(?) aparece com um ar inocente com os olhos fechados nos braços de uma mulher que parece ostentar um riso funesto, mostrando os seu dentes feios e os seus olhos negros. A foto é demente, irónica e metafórica. Se a mulher for a música do tom waits, os que ouvem o álbum são a inocência que se deixa envolver na loucura latente. Mas o que é irónico e metafórico, é mesmo a entrega nos braços de alguém que se ri de uma forma sarcástica.



Sim, criei um pouco a minha própria imagem, até certo ponto. É o que a maior parte de nós tem de fazer: inventarmo-nos a nós próprios a partir das coisas que vemos à medida que passeamos pela lixeira.

Voltei ao universo tom waits alguns meses depois quando saiu o ultimo disco. Mule Variations. Não o comprei, mas fiz uma cópia do original do cândido. É dos discos que conheço o que gosto mais. E foi a partir daí que fui conhecendo melhor a personagem. Li as primeiras entrevistas, e percebi que não havia propriamente uma biografia já que tudo o que dizia era, no mínimo improvável. Lembro-me de uma em que dizia que dava consultas de medicinas alternativas aos vizinhos na aldeia no norte da Califórnia em que vive. Á medida que fui compreendendo o mito à sua volta fui perdendo o que eu próprio construí. Além do mais, Mule Variations era um disco com canções menos excêntricas. Mark Linkous dos sparklehorse dizia ontem na radio comercial, que há dois tipos de canções do tom waits. There are songs that hits me in a more sentimental way and others that hits me in a more rockin’ way. Não deixa de ser curioso que ele tenha escolhido uma canção do Mule Variations para o primeiro tipo e outra de Raindogs para o segundo tipo. Mule Variations, associado à presente idade de tom waits é um disco que evidencia a imagem de avô cantigas. Um avô cantigas bizarro. Nos anos 70 a sua imagem era a de boémio rebelde, em meados dos anos 80 alterou-se, passando a sua personagem a ser, de certo modo, a de professor chanfrado (lembram-se do papel que ele desempenhou no Drácula do F. Ford Coppola?). Agora, eu acho que chegou à fase de ser avô cantigas (há até uma belíssima canção no ultimo disco, house where nobody lives, que fala sobre os valores familiares: what makes a house grand, ain’t the roof or the doors/ if there’s love in a house it’s a palace for sure/ with out love it ain’t nothing but a house, a house where nobody lives.)

Foi sempre necessário adaptar-me. Os meus pais tinham uma linda casinha com uma caixa de correio, um eucalipto e uma chaminé. Eu era um bom aluno, cheguei mesmo a ser membro da Federação dos Estudantes da Califórnia. Metade dos meus colegas vivia com o nariz enfiado nos livros e a outra metade preparava-se conscienciosamente para a nulidade. Do lado da minha mãe só havia professores e padres, do meu pai, alcoólicos e loucos. Procurei fazer uma síntese a partir daí e, por pouco, ia falhando.

Como fugi à tropa nos anos 60? Estava em Israel num kibbutz. Não, não estava nada, é mentira. Estava em Washington na Casa Branca a trabalhar como contínuo. Dispensaram-me da mesma maneira que se leva um papelinho de casa para a escola: “caro senhor presidente, o Tom hoje encontra-se doente e não poderá comparecer”.

O meu pai, Frank Jesse Waits, tinha um problema com o nome. Jesse, nos anos 30 queria dizer ajudante de quinta. Transformou o nome então para Frank J. Waits. Uma decisão importante. Em Laverne foi carteiro. Todas as noites dependurava a mala postal num gancho de uma carruagem mesmo à beira do caminho de ferro porque o combóio não abrandava sequer para que ele o apanhasse. O meu pai tinha um amigo, um único – na terra, de facto, só havia um exemplar de cada coisa: um bêbedo, um puta, um carteiro. Esse amigo tinha um casaco de cabedal, cabelo comprido, uma motorizada, bebia que nem uma esponja e fumava Camel. Quando a mala postal era entregue no comboio, saltava para a mota e disparava a mais de cem à hora, correndo ao lado do comboio. Numa noite em que tinha bebido muito, conseguiu ultrapassá-lo e, já fora da cidade que sempre tinha desejado deixar, cortou a via à locomotiva. Foi assim que ele abandonou a cidade, esmagado contra o farol da diesel, com os braços em cruz sobre a tromba da máquina.


Pouco interessa se as histórias sobre tom waits são verdadeiras ou inventadas, desde que contribuam para cimentar o mito sem lhe retirar coerência. O que importa é que toda a gente gosta de ter um avô que conte histórias. E o tom waits conta boas histórias. É que nisto, como em tudo, há quem faça bem e quem faça mal. E o tom waits está claramente entre os que fazem bem.

 
mais vale passear o cão sem trela do que a trela sem cão...

sim, mas qual destes casos se aplica?

sábado, março 09, 2002
 
de manhã estive às voltas com o marx e com o engels. à tarde fui ao intermarché...

 
sair da escuridão é difícil. só sei que estou cega porque outrora vi.

 
sérgio, antes que esqueça de dizer isto: tu és das melhores pessoas que conheço e uma das razões pelas quais isto se prova é que tu, ao contrário de mim, nunca maltratas os outros quando estás maldisposto.




trabalho
pode não estar relacionado com ser bem sucedido profissionalmente ou com lógicas de mercado ou com combate ao ócio.
pode ser um serviço. deve ser um serviço. para os outros. para reciclar este mundo.
se assim for, o trabalho é muito bom.

tenho alturas em que peço a deus para me cansar, para me esgotar, para fazer do meu corpo instrumento, para me esquecer de mim.
acabo por me repensar, por repensar a minha vida. e assim sou mais feliz. o trabalho faz-me feliz, mas só se for deste modo.


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[não fazer nada é uma actividade interior]

Confesso que gosto de não fazer nada. por vezes também me aborreço, mas normalmente acabo por gostar. É por isso que gosto deste poema e foi por isso que o pus aqui. nem é o trabalho, por oposição que está aqui em causa. Faz-me muita confusão aquelas pessoas que têm sempre coisas para fazer, que conseguem sempre ocupar o seu tempo a fazer alguma coisa, independentemente da sua utilidade ou inutilidade e da subjectividade destes dois termos. É óbvio que se for ao Domingo isso ainda me faz mais confusão...
O meu professor de sociologia urbana dizia-nos na aula esta sexta-feira que até o lazer estava totalmente industrializado e inserido nas lógicas de mercado, definidoras de uma sociedade urbanizada. Em parte tenho que concordar com ele, mas o que ele estava a dizer era que, nos dias que correm, é impossível o lazer e a diversão gratuita e que tudo é pago. Errado. O ócio, uma coisa que está para lá do lazer e da diversão e, de uma forma ou de outra, escapa à lógica do mercado. E enquanto ele falava dos cinemas, dos bares, dos parques de diversão, etc. etc..., eu só me lembrava das tardes de ócio nas tabuínhas, na esplanada ou no jardim da glubenkian. Estou contente que o sol tenha voltado e que as tardes de ócio voltem ao seu melhor nível.





Uma vez, já há muitos anos, estávamos a apanhar batatas na terra do meu avô, quando a minha prima da minha idade, criança na altura, disse ao meu tio que estava frio. O meu tio disse-lhe que trabalhasse que era bom para aquecer ao que ela respondeu: “trabalhar para aquecer?! Então mais vale morrer de frio!” De facto, eu não dou grande valor ao trabalho e na melhor das hipóteses reconheço-o como um meio, e nunca como um fim. Trabalho como um fim, é uma ideia associada à realização pessoal através da carreira profissional que me passa ao largo. Eu nunca vou ser profissionalmente bem sucedido e não me aborreço muito com isso. a minha auto-estima não desce grande coisa por esse motivo. (e tb não desce muito por outros motivos porque ela nunca anda muito alta...) A minha filosofia começa a ser um pouco como a do calvin: reduzir as expectativas ao minimo e achar que assim já é suficientemente bom.

****************
afinal, a vida não corre mal para todos. E isso é muito bom. Muito bom mesmo. =)) é um sinal de esperança?

 
voltei a mudar o título do blog.

desculpa ana, mas o blog não pode tomar posições políticas oficiais...
isto não é o benfica
e tu não és o vilarinho... =))

sexta-feira, março 08, 2002
 
O Verão já chegou?
Quero escrever. Quero mesmo. Mas não sei bem o quê...
Venham...

 
Eu já estive quase morto no deserto... E o Porto aqui tão perto!!!

 
it often takes decades to realize this

quinta-feira, março 07, 2002
 
[Oh, yes]

.

there are worse things than
being alone
but it often takes decades
to realize this
and most often
when you do
it's too late
and there's nothing worse
than
too late.


Charles Bukowski

 
Bom dia a todos... presentes na bela e poluida e Lisboa, ou ausentes na Invicta! Espero que se estejam a divertir muito e que contem tudo assim que chegarem!!


sábado, março 02, 2002
 
Só estou a escrever para mudar (novamente) a intitulação do blog. Tenho muitas coisas para fazer (entre elas a mala para o Fantas) mas não me apetece fazer nada porque me dói a cabeça. Acho que estou constipada.

Se eu não fosse com vocês ao Porto podia ficar cá e tentar sabotar o blog como o Luís Miranda tentou fazer com o do Gonçalo. Ia ser giro. Já andei a pensar num rol de agressões para cada um vós, mas não fui muito bem sucedida. Parece que não tenho muito jeito para insultar pessoas.

 
vai tudo acabar bem. [deve ler-se com ironia...]

sexta-feira, março 01, 2002
 
And you won't even remember this for long
When it ends alright


Vou lembrar-me sim e não não vai acabar tudo bem. Isto não é uma happy ending story. Com o tempo as coisas vão ficar bem, porque não havendo mais nada há sempre a resignação.

Tears are in my eyes
Tonight
Everynight


E acham que vão andar por aqui durante mais algum tempo


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