{Ninguém é herói para o seu criado de quarto}
quinta-feira, janeiro 29, 2004
 
mexico américa japão

vi há dias um documentário sobre a propagação do vírus da sida. numa parte falavam de como os americanos tinham uma industria de sangue barato proveniente da américa latina. nos anos 80. ainda hoje, centenas de mexicanos se deslocam a El Paso, cidade que os At the Drive In colocaram no mapa, para vender o seu sangue, por uma quatia que pode ir dos 15 aos 25 dollars, nas chamadas lojas de sangue ou lojas de vampiros. uma dádiva de sangue rende cerca de três dias de trabalho e existem pessoas que vendem o seu sangue quase todas as semanas. os 'grandes' dadores são normalmente toxico-dependentes e sem abrigos que não têm outro modo de subsistencia. o seu sangue vale o dinheiro que eles precisam. mais: verifica-se uma curiosa associação da localização das lojas de vampiros e os centros de apoio a sem abrigo.

depois do escândalo do sangue infectado rebentar na américa, grandes quantidades de lotes foram exportadas para outros países. como o japão.
no japão, o homem que dominava o império da indústria do sangue, responsável pela propagação consciente do HIV a mil e muitos hemofílicos e não só, tinha sido acusado de crimes de guerra da segunda guerra mundial, tendo realizado centenas de experiências quimicas em humanos, pelas quais nunca teve que responder.

quanto ao sangue,
foi condenado a dois anos de prisão.


quarta-feira, janeiro 28, 2004
 
O Miguel, ou melhor o gringo Miguel, manda publicar:

"Estoy en Puebla - villa muy bonita. La cerveja Sol es la mas fina y Santo es una lienda en Mexico. Anita - te gusta hacer borbujas de agua, cierto? ;D"

segunda-feira, janeiro 26, 2004
 
29.

 
E afinal é possível uma pessoa ser nova, bonita, estar a sorrir e depois, passados segundos, estar morta.
Assim mesmo.
Morta.

sábado, janeiro 24, 2004
 
já me chegaram a dizer que por vezes a tristeza é bom, também é necessária! isto porque disse que não gostava de ver as pessoas tristes. mas quem estava comigo acha que devemos deixar que as pessoas estejam tristes. eu continuo a achar que depende das pessoas: há as pessoas tristes que querem ser alegradas por Alguém, mas também deve haver as pessoas tristes que gostam de falar com a sua tristeza antes de hospedarem a alegria... Afinal estes últimos ainda devem ser mais hospitaleiros e simpáticos que os outros, que mesmo aceitando o hóspede da tristeza não falam com ele e só pretendem que Alguém o expulse.

sexta-feira, janeiro 23, 2004
 
Letter from Theo van Gogh to Elisabeth van Gogh
Paris, 5 August 1890



To say we must be grateful that he rests - I still hesitate to do so. Maybe I should call it one of the great cruelties of life on this earth and maybe we should count him among the martyrs who died with a smile on their face.

He did not wish to stay alive and his mind was so calm because he had always fought for his convictions, convictions that he had measured against the best and noblest of his predecessors. His love for his father, for the gospel, for the poor and the unhappy, for the great men of literature and painting, is enough proof for that. In the last letter which he wrote me and which dates from some four days before his death, it says, “I try to do as well as certain painters whom I have greatly loved and admired.” People should realize that he was a great artist, something which often coincides with being a great human being. In the course of time this will surely be acknowledged, and many will regret his early death. He himself wanted to die, when I sat at his bedside and said that we would try to get him better and that we hoped that he would then be spared this kind of despair, he said, “La tristesse durera toujours” [The sadness will last forever]. I understood what he wanted to say with those words.

A few moments later he felt suffocated and within one minute he closed his eyes. A great rest came over him from which he did not come to life again.



Ha 3 dias.
Abro a minha revista preferida e esta escrito no primeiro paragrafo do editorial. A minha atençao dirigi-se para la. Para essa expressao no primeiro paragrafo que nao sei porque é que parecia destacar-se como se estivesse escrita em relevo. Parece-me a coisa mais verdadeira que ja ouvi. A tristeza durara para sempre. O Van Gohg também sabia. Ha coisas que nao passam. Eu sei que sim. Que nunca ha-de passar. Que mesmo que eu decida de lhe sobreviver, la tristesse durera toujours.

quinta-feira, janeiro 22, 2004
 
Sérgio, tu cortaste os teus caracóis?????

Ai meu Deus!!!!!

 
[hold me... no! don't touch me!]


enquato a cabeleireira me passava o pente, a tesoura e as mão pelo cabelo, eu ia pensando acerca do post da ana e acerca dos contactos físicos, com, ou sem afecto.

sei que há quem não goste de cortar o cabelo porque não gostam que mexam no cabelo. eu não me importo, porque presumo que a cabeleireira também não se importe. fexo os olhos, penso noutra coisa, e espero que ela acabe. sei que não há afecto e não faço confusões, mas, em geral, gosto que me mexam na cabeça. não há nada que enganar, é preto no branco. ela corta cabelo para ganhar a vida e eu preciso que me cortem o cabelo de vez em quando. ela corta o cabelo, e eu sei que para isso é preciso o contacto fisico.
por motivos médicos, o caso, embora seja por vezes mais penoso, dependendo dos motivos do contacto, é também bastante claro: o contacto físico é uma inevitabilidade.

quando tem que ser, tem que ser.

lembro-me de pensar que antes do problema do contacto aparecia o problema do espaço. gosto de manter a 'distância higiénica' (higienica não apenas no sentido literal). mandam as regras que num espaço público se ocupem os espaços vazios primeiro. no autocarro as pessoas não se sentam ao lado de outra se ainda ouverem lugares vazios, e assim é que está correcto. como se o espaço fosse dividido em porções semelhentes entre as pessoas que o ocupam, de uma forma muito matemática.
esta formula matemática, que deve ser tomada como uma metáfora, diz-nos que quando existem muitas pessoas num pequeno espaço elas tenham que se tocar, porque o espaço atribuido a cada um é quase menor que o espaço que um corpo acupa. como nos chuveiros do sudoeste às sete da tarde, plena hora de ponta. não gosto quando isso acontece. era por isso que me atrvia na água fria às nove horas da manhã. não era por gostar de banhos frios mas sim porque nuca tomavam banho a essa hora mais do cinco ou seis pessoas. e é uma grande sensação de liberdade ter o privilégio de poder o espaço que se vai ocupar.

mas o pior
é quando o problema não é da falta de espaço.
o pior, é quando não tem que ser. quando é por abuso ou negligência.

essas pessoas que não sabem o que fazer às mãos, ou que se encostam incompreensivelmente. ou que no autocarro abrem as pernas e ocupam um lugar e meio. ou que numa fila tocam persistentemente na parte de baixo das costas para andar para a frente. ou que ocupam o espaço que é nosso, legitimado pela tal 'matemática da ocupação democrática do espaço'.
esses contactos sem contracto. sem eslarecimento prévio. sem compreensão. sem necessidade. sem objectivo.
tantas e tantas vezes
sem nada
a que se possa dar o benefício da duvida.


saber ocupar o espaço é uma questão de bom senso.
saber utilizar os contactos físicos é uma questão de inteligência e sensibilidade enorme que nem todos podem ter, mas
por favor
dêm espaço e metam as mãos nos bolsos!

terça-feira, janeiro 20, 2004
 
A mao do rapaz que trata dos videos na Cinemateca. A mao do rapaz que trata da secçao video da Cinemateca pousou-me no braço. E foram so 3 ou 4 segundos. E foi so um gesto de simpatia e eu sei que foi. E eu nao gosto dele nem começo a gostar, nem foi o inicio de nada, nem que eu quisesse poderia ser o inicio de nada. Nem para rapariga de Cambridge me pode valer. Mas... é como quando eu chego e ele me pergunta se esta tudo bem desde a segunda vez em que o vi. Ou como quando me perguntou de que cidade e que eu era. Ou quando me imitou a pronuncia a dizer "Godard". Ou quando se riu de quando me vinha embora com os headphones metidos no pescoco, os headphones que eram da cinemateca.
Foram so 3 ou 4 segundos e eu lembrei-me de um livro, de um livro com fotografias de filmes e das maos nos filmes de Bresson.
E foram so 3 ou 4 segundos em que a mao dele se pousou em mim e eu pensava que isto podia ser horrivel. Como detesto o toque de todas as pessoas por quem nao sinto afecto. Como detesto todas as pessoas "tacteis" (para usar o eufemismo), daquelas que nao sabem o que fazer as maos e que nos mexem, nos fazem festinhas, nos tocam na roupa, nos agarram com as maos enquanto conversam. E lembrava-me de como detesto as pessoas que se colam, que nao respeitam as distancias e todas as situaçoes em que as pessoas se vem obrigadas a violar essas distancias.
Lembrei-me dos banhos no sudoeste, de sair fresca do banho e de ter de atravessar barreiras de corpos transpirados e quentes, dezenas deles e de ter de fechar os olhos e de pensar que nao era nada aquela promiscuidade forçada.
E lembrei-me de com dois dias antes o meu colega de apartamento me pediu para lhe cortar o cabelo junto ao pescoço e de estarmos ali os dois sozinhos e de eu ter de lhe tocar para nao o cortar e de me sentir demasiado proxima, como se uma especie de linha invisivel que afinal nao e invisivel porque e a pele estivesse a ser violada. E eu ainda ha uns dias li num texto que falava de um disco que nao ha nada pior do que a intimidade forçada, e isso é tao verdade.
Eu tenho medo de ser malentendida. Nao é um puritanismo. é que o toque sem afecto, é uma coisa absolutamente odiosa e isto parece-me tao simples, tao claro e tao verdadeiro que nao posso ter sido eu a pensa-lo. De certeza que ja o li antes nalgum sitio e a ideia ficou a crescer em mim.
Foram so 3 ou 4 segundos e eu tentava decidir o que queria dizer aquela mao, meigamente pousada no meu ombro.

 
Um post matutino:

Nao parece mas é. é um post escrito ainda na manha, antes do almoço, enquanto a cabeça deve estar fresca e desperta e pronta para o dia. Ultimamente as minhas manhas nao querem dizer nada disto e por isso eu escolho (escolho???) ficar na cama. Enfrentar no escuro quente e no esquecimento todas as manhas que faltam para a primavera.
Nao era suposto sair assim mas saiu. Como muitas outras coisas na minha vida, este post nao era para ser assim...

segunda-feira, janeiro 19, 2004
 
o gustavo disse que não era ela. mas o gustavo disse que o Nuno Gomes e o Sokota eram a melhor dupla de avançados da europa neste momento...

era ela. e eu devia dizer-lhe que não pode fazer isso, assim, de desaparecer sem dizer nada, sem avisar. ou mudar de penteado, sem mais nem menos. deixar de almoçar na cantina... não. de prefrerencia sempre à mesma hora, de preferencia sempre no mesmo sítio. de preferencia à mesma hora que eu. de preferencia na mesma mesa. e que depois pegue no tabuleiro e me diga 'até amanhã'. de preferencia que volte no dia seguinte. e no outro. e no dia a segir ao outro. podemos falar do que ela quiser. ou ficar em silêncio, se ela quiser.
se ela quiser.

vou buscar!


será que era mesmo ela?

 
era disto que nós falávamos.

 
E é como se o mundo corresse e a água andasse... E como se ao contrário, a ilusão deixasse de ser ilusão, mas o espelho de um simulacro!
E então voltamos à realidade, estamos num cruzamento e não há mais tempo, há que decidir! a elasticidade do tempo já se converteu em ponto final; a interrogação de onde vimos e por onde vamos está intermitente e prestes a virar ponto de exclamação. Não pode a escolha do destino a realizar alterar as trajectórias já percorridas! se o presente interfere no futuro, não pode também alterar o passado: a visão que temos do passado ao menos!?

Mas o tempo urge e há que agir! A infinidade de possibilidades fica coargida a uma finidade delas e a uma finidade temporal!

 
He wrote: I've been round the world several times and now only banality still interests me.

domingo, janeiro 18, 2004
 
Os meus posts nunca tem uma acentuaçao decente. Isso começa por me irritar a mim. Peço desculpa.

 
Eu quero repovoar este blog. Sinto-me como se apesar de nunca ter saido, estivesse a voltar para este quarto. Abrir as malas, tirar de la as coisas e coloca-las nos armarios, pendura-las nas paredes, sacudir o po, mudar a roupa da cama, ordenar por tamanho os livros nas estantes... Eu quero voltar para este quarto como quando cheguei ao meu quarto a Bologna, a semana passada. Melhor, eu quero voltar para este quarto como quem volta para casa. Como vou voltar para o meu quarto em minha casa. Como vou voltar para as minhas coisas. Como vou voltar depois, para onde as coisas nao se metem em sitios mas tem os seus lugares como se tivessem sido criadas para ali estar. Eu quero estar neste quarto como estou no meu quarto. No meu quarto de Lisboa. Eu quero voltar para o blog, como quem volta para casa.

sexta-feira, janeiro 16, 2004
 
Do you even know what's going on in a heart anymore
Constellations turned into little polaroids in a cardboard box
And I wanted so desperately to prove
You were still breathing but wouldn't move
Okay, okay what a thing to choose this one's gonna bruise

You'll learn one day won't you
What you want is bad for the souls in the rain
Afraid of the dark still in pain


Did you ever notice how the wind didn't change that much
Fluctuations only sheets that you moved to be sure it was us
And I wanted so desperately to say
That you could trust me but I was lying anyway
Okay, okay what a thing to lose
Left out in the rain, misuse

You'll learn one day won't you
You'll learn some day won't you
What you had was good for a while then it changed

Got too intense made it strange
And I feel bad for you
Cos I'm as dead as you

 
Hoje quando dei por mim estava no Jardim Zooloógico. Bem, não mesmo no jardim, mas na estação do metro. Ainda bem que dei por isso antes de chegar à pontinha.

quinta-feira, janeiro 15, 2004
 
nota mental pra mim: ler sempre os posts até ao fim!

 
[fight club para gatos ou sado-maso animal?]

há uma coisa nos gatos que eu não compreendo.
últimamente o meu gato aparece em casa todo ferido, como se pertencesse a algum 'fight club' de gatos. passa o dia todo em casa a dormir e a lamber as feridas (a mafalda trata sempre dele com betadine) e depois, quando chega a noite, põe-se a miar à porta de casa, que é o seu método de dizer que quer sair. e depois vai, sei lá para onde. talvez para o tal 'fight club' de gatos.
dizem-me que é por ser janeiro... o mês das gatas, ou seja, o mês em que as gatas estão com o cio. presumo que, para os gatos em geral, isso seja uma festa. uma espécie de mês festivo por decreto, uma espécie de ramadão sexual. mas, sendo assim, não compreendo porquê que o meu gato em vez de chegar a casa todo espirituoso, chega a casa como se tivesse sobrevivido a custo a um atropelamento. ponho a hipótese de os gatos terem uma tendencia incontrolável para as práticas e rituais sado-maso. ou será só o meu gato? é que se for, ainda por cima é masoquista. pobre gato...

vinha precisamente a pensar nisto quando o autocarro de despistou esta tarde ao pé do cemitério da malveira.

se alguém souber alguma coisa acerca de gatos por favor esclareçam-me esta dúvida.

terça-feira, janeiro 13, 2004
 
A good soldier never leaves a man behind.

 
Gostava que o amor me caìsse em cima, me caìsse do céu como o pequeno piano do Adam Sandler no Punch Drunk Love.

 
Eu gosto mesmo de beber café à noite. Quentinho com leite. Com espuma. Mas nao posso.
O café à noite impede-me de dormir e eu preciso de dormir. Quando eu preciso de dormir e nao consigo adormecer dou voltas na cama, olho para o relogio que esta na minha cabeceira, faço as contas de quantas horas tenho até acordar, apercebo-me de que sao poucas, enervo-me, lembro-me do café e de que nao posso beber café à noite, que estou cansada de saber que depois nao durmo. Penso em tudo e em nada nessas inumeras horas acordada.
Agora, antes de ir dormir bebo camomila. Camomila é mau. é amarelo. Parece mijo e sabe a mijo e nao me agrada mas quando a bebo penso que me faz bem, que ao contrario do café, isto me faz bem e me tranquiliza. Enervo-me. Olho para a chavena, penso que me faz bem e enerva-me outra vez.
Irrita-me que tudo aquilo de que eu gosto me faça mal.

domingo, janeiro 11, 2004
 
OH yeah.................
Tenho net em casa :)

 
Madalena: o ano passado nao houve lanche nenhum. Vou ficar rancorosa ;-)
Eu ja te disse o que é que significas para mim o ano passado. Eu "amo-te" e espero nunca mais me esquecer disso. Tem um dia muito feliz. Parabéns.

sábado, janeiro 10, 2004
 
O que haverá de verdade nos livros que lemos, nos discos que ouvimos e nos filmes que vemos?


Às vezes, nos acessos de lucidez que toda a gente tem de vez em quando, lembro-me de um dia, há já alguns anos atrás, em que tive prestes a fugir. Eu ia fugir de tudo, sem levar nada e sinto que não era uma ideia tola.
Nesses rasgos de lucidez, sinto também que fomos feitos para a itinerância. Somos chamados a partir, a nunca ficar nos mesmos sítios por muito tempo.
E eu acho que essa itinerância traz o benefício do despojamento.
Não sei. Pensei nisto e fez sentido.

sexta-feira, janeiro 09, 2004
 
Convido (intimido aliás) todos os amigos do blog a virem lanchar à minha casa no domingo (porque eu faço anos).
O autocarro pra Malveira parte do Campo Grande às 14:35h. é um autocarro da mafrense e na placa junto dele diz Ericeira.... acho eu.
Têm q vir pra eu não me irritar!

 
não posso ter adsl. o clix telefonou-me a dizer q me devolviam o dinheiro da taxa de activação, porque a pt diagnosticou um problema na linha telefonica que me impede de receber o serviço. e é um problema permanente.

 
Hoje Ságitário está em primeiro lugar no top da Maya. OH YEAH!
Sinto-me em grande.

 
Sempre achei achei linda a expressão "la pluie". É lindo. "La pluie".
Eu até gosto de chuva mas em em francês não tem comparação.

quarta-feira, janeiro 07, 2004
 
o que é que se passa aqui, caralho?


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