{Ninguém é herói para o seu criado de quarto}
quarta-feira, fevereiro 25, 2004
 
Sonhos!
ou sou eu que sonho muito ou sou eu que me lembro da maioria dos sonhos que tenho. Num dos últimos sonhos que tive eu tinha tirado a vida a alguém! Ou morria ele ou morria eu, no entanto eu tinha matado alguém. Não sei quem tinha morto, só tenho a certeza que não era ninguém chegado! E tinha sido no quintal da minha mãe 1)b, ou seja, da minha madrinha. o quintal onde passei a maioria dos momentos da minha infância.

Alguns dias depois sonhei que eu tinha morrido. Parece que afinal, até mesmo nos sonhos, quando se tem que morrer, morre-se mesmo!

Na semana passada lembro-me de sonhar que estava a sonhar que tinha sonhado...

terça-feira, fevereiro 24, 2004
 
Miguel, tás-te a cagar pro kiarostami porque os pixies vâm cá?
Isso não faz sentido nenhum, para além de não ser assim uma coisa assim muito simpática de se dizer.

O OK Computer ligou-me ao Sérgio. E ao Cândido.
Ana, eu sei que com o Ok Computer tens uma relação individual muito forte.

Agora vou bazar que o meu pai tá a explicar as cenas do IRS.


 
nao me estou a cagar para o Kiarostami. tenciono ver os Pixies, com $ ou sem $. e tenciono falar dos discos pelos quais estamos juntos.

segunda-feira, fevereiro 23, 2004
 
E voce, é feliz?

Esta semana ou a semana passada, ja nem sei.... Foi num destes ultimos dias. Morreu o Jean Rouch.
O Jean Rouch que fez a "Cronica de um Verao", o filme que me deixou a pensar que talvez tambem eu gostaria de fazer filmes se os pudesse fazer assim, com aquela absoluta leveza, com aquela absoluta entrega, com aquele espirito de pegar na camara e a levar para a rua, de a levar para o mundo, de a levar para o "pé da realidade", como diria o nosso querido JMCosta. Cronica de um Verao é um testemunho de como um filme pode conter o mundo, sem conter quase nada: so as pessoas, os seus rostos e os seus corpos e as suas vozes e as ruas de Paris a preto e branco. E os anos 60 e as incertezas sobre o futuro. E de como no fundo, em todas as épocas, a todas as pessoas, independentemente das origens e experiencias de vida, so ha uma pergunta pertinente a fazer "e voce, é feliz?".
Devia ter mais de oitenta anos e morreu num acidente de carro. Espero que tenha sido feliz.

 
Ok Computer?
Eu discordo.

 
O Kiarotami vai estar em Lisboa. Se puderem, por favor vao ve-lo e ouvi-lo e escuta-lo e maravilharem-se com ele e com a imensidao humana que sao os filmes dele. Quem me dera estar em Lisboa

 
I broke up with this girl, and they put me with a psychiatrist who said, "Why did you get so depressed, and do all those things you did?" I said, "I wanted this girl and she left me." And he said, "Well, we have to look into that." And I said, "There's nothing to look into. I wanted her and she left me." And he said, "Well, why are you feeling so intense?" And I said, "Cause I want the girl." And he said, "What's underneath it?" And I said, "Nothing." He said, "I'll have to give you medication." I said, "I don't want medication. I want the girl." And he said, "We have to work this through." So, at that point, I took a fire extinguisher from the casement and struck him across the back of his neck.

sábado, fevereiro 21, 2004
 
os amiguinhos estão juntos por causa do 'ok computer' e por causa de outros discos.
muitos discos. se calhar estamos juntos por discos dos quais já nem nos lembramos.

 
confirmo. o meu pai está bem :)

tb sonhei muito esta noite. também aparecias madalena. e o joão e o cândido. já não sei porque. não me lembro. mas como se costume, nada de trágico acontecia.

 
Sonhei (numa noite em que dormi muito mal) que tinha feito um BM teste ao Miguel e ele tinha 385 (o normal é até 120) e eu entrei em pânico, não queria acreditar, disse-lhe então foi por isso que emagreceste tanto, comecei a dizer-lhe que ele tinha q ir ao médico, que eu o ia obrigar que ele tinha mesmo que ir.
E tu, Miguel, continuaste com um ar calmo, aquele ar malandro que fazes quando estás prestes a dizer uma piada.

Depois o sonho ia continuando e eu sonhei que entre nós, tínhamos assassinado o pai do Sérgio e eu só dizia temos que lhe contar mas sem conseguir eu contar-lhe... e ele tava a sofrer, claro.

Entretanto acordei e veio aquela sensação de alívio.
O Miguel não é diabético e ninguém assassinou o pai do Sérgio.
Ainda bem.

 
Não sei porquê mas acho que nós (amiguinhos) estamos juntos por causa do OK Computer. Não sei, tenho esta impressão.

 
Life is bigger
It's bigger than you
And you are not me
The lengths that I will go to
The distance in your eyes
Oh no I've said too much
I set it up

That's me in the corner
That's me in the spotlight
Losing my religion
Trying to keep up with you
And I don't know if I can do it
Oh no I've said too much
I haven't said enough
I thought that I heard you laughing
I thought that I heard you sing
I think I thought I saw you try

Every whisper
Of every waking hour I'm
Choosing my confessions
Trying to keep an eye on you
Like a hurt lost and blinded fool
Oh no I've said too much
I set it up

Consider this
The hint of the century
Consider this
The slip that brought me
To my knees failed
What if all these fantasies
Come flailing around
Now I've said too much
I thought that I heard you laughing
I thought that I heard you sing
I think I thought I saw you try

But that was just a dream
That was just a dream

sexta-feira, fevereiro 20, 2004
 
Vinha no autocarro a ouvir o primeiro disco da compilação da dischord quando tirei os phones para sair em Mafra. no autocarro estava a dar o losing my religion, a música que não é sobre religião, e que a Ana já falou aqui.

Oh no I said too much
I haven't said enough


passada um semana, misturados com fotocópias de textos sobre recursos humanos, continuam em cima da secretária, ou no chão, por toda a parte, os vestígios que sobraram da minha tentativa falhada. bocados de cartolinas vermelhas, papel semi transparente, marcadores cor de prata, letras de canções.
terá que ser tudo limpo e arrumado. mais cedo ou mais tarde.
eu não gosto de arrumar. isso toda a gente sabe.

YOU'RE EVERYTHING YOU'RE EVERY THOUGHT YOU'RE EVERY SONG I EVER SING

AND IF I HAD THE CHANCE I'D NEVER LET YOU GO

I'VE TOLD EVERY LITTLE STAR JUST HOW SWEET I THINK YOU ARE

YOU KNOW IT'S GONNA MAKE IT THAT MUCH BETTER WHEN WE CAN SAY GOODNIGHT AND STAY TOGHETHER

WE'LL HOLD ON TO EACH OTHER SO WE DON'T FALL DOWN

CAN'T PUT YOUR ARMS AROUND A MEMORY

ASK ME ASKE ME ASK ME I WON'T SAY NO - HOW COULD I - ASK ME ASK ME ASK ME

I'M NOT WHAT I COULD BE

uma semana agarrado à caixa de mail e a resposta, o comentário, a pergunta, o desabafo, o insulto, o que quer que fosse, sucessivamente adiado. adiado para quando? adiado uma semana, adiado para sempre.

BUT I CAN'T DO WITHOUT IT

YOU SEEM VERY BEAUTIFUL TO ME

I WANNA TALK TO YOU I WANNA SHAMPOO YOU I WANNA RENEW YOU AGAIN AND AGAIN

I'LL BE THE WIND THE RAIN AND THE SUNSET THE LIGHT IN YOUR DOOR TO SHOW THAT YOU'RE HOME

THE WAY YOU THRILL MY HEART

DANCE WITH ME I WANT MY ARMS ABOUT YOU THOSE CHARMS ABOUT YOU

e uma semana depois, cara a cara, um ligeira hesitação, um passo mais curto. mais nada. nem um olá mal pronunciado.

I WANT TO BE WITH YOU ALL DAY AND ALL OF THE NIGHT

I'LL BE YOUR PLASTIC TOY FOR YOU

I OWE YOU EVERYTHING YOU TURNED MY WINTER TO SPRING

WHEN MOUNTAINS CRUMBLE TO THE SEA THERE WOULD STILL BE YOU AND ME

I WANNA BE YOUR CHRISTMAS TREE

I DON'T BELIEVE IN THE EXISTENCE OF LOVE BUT LOOKING AT YOU I WONDER IF THAT'S TRUE

WHAT COMES IS BETTER THAN WHAT CAME BEFORE

AND IF DREAMS DON'T COME TRUE I'LL MAKE SURE THAT YOUR NIGHTMARES ARE THROUGH

SAY YES

não.

nem sim, nem não, nem nada.
nada.
agora só tenho que arrumar esta tralha. fiz o que tinha que fazer. fim da história.
antes assim.

se calhar devia ter posto whitnney huston, rod stewart, bon jovi ou o caralho.

que má onda miuda.
só te fica mal.

terça-feira, fevereiro 17, 2004
 
A vida tem momentos! Quando esses momentos não são aproveitados caem no vazio, que é pior do que ficarem inscritos no passado! Nesse vazio ficam irremediavelmente perdidas, que é pior do que ficarem esquecidas!
E de quem é a culpa? de quem não viveu o momento? de quem não deixou que o momento fosse vivido?
Porquê falar em culpas quando o difícil está em assumir o não-momento?!

domingo, fevereiro 15, 2004
 
o sol pode não cantar mas assobia
Sérgio, de certeza que já ouviste o seu assobio!

sábado, fevereiro 14, 2004
 
haja o que houver
há sempre um homem para uma mulher

e há-de sempre haver
um falso amor. e uma vontade de morrer

 
- the girl is still missing!

...

- the same.

...

- the same.

sexta-feira, fevereiro 13, 2004
 
- não precisas de acordar muito...

- o quê?

- não precisas de acordar muito. é só um bocadinho
.

quando estou a dormir com o nariz entupido sonho que o meu cérebro deixa de ser capaz de controilar inconscientemente a minha respiração. e depois acordo, em sobressalto e com falta de ar, para poder respirar. às vezes nem sei se é um sonho.
pergunto-me se, num dia em que estiver com muito sono e não conseguir acordar, o meu cérebro vai conseguir manter os pulmões a trabalhar.

 
desculpa entrar no teu mundo fantasiado e arrancar-lhe brutalmente as florinhas coloridas... mas o sol, andrea, não canta.

;)

quinta-feira, fevereiro 12, 2004
 
[red black and silver]

eu já a tinha visto. no refeitório. mas estava a almoçar. não era uma desculpa porque eu sabia que não voltava para casa hoje a achar que o dia não tinha valido a pena. eu não precisava de desculpas e hoje não era dia de ser 'pussy'. já de manhã não a tinha visto, mas não fiquei preocupado. era hoje.

eu estava ao pé do bloco B1, num daqueles bancos onde ninguém tem posição e que fazem doer às costas. ela entrou na escola e o joão perguntou "então, não vais lá?" e eu suspirei. enquanto ela se foi sentar nas tabuinhas o joão continuava: "nem penses que eu vou lá, dizer 'um amigo meu mandou-te isto'". João, respondi, para isso mais valia estar quieto. aliás, no outro dia quando eu tinha falado em convidá-la para o cinema já o joão me tinha dito o mesmo, que não fazia isso, porque era falta de estilo. pois, eu sei. claro que é falta de estilo. e pos isso, nem por um minuto essa ideia me veio à cabeça porque, joão, eu sou muito melhor do que isso. mesmo q não chegue.

- vai lá agora que ela está sozinha.

- com saco, ou sem saco?

- hmm, sem saco


e fui.

nem depressa nem devagar, só à velocidade de quem tem algo para fazer. passei pela esplanada, em direcção às tabuinhas. nunca achei que fosse tão longe do B1 até às tabuinhas. não pensei em nada. só tinha que lhe dar aquele objecto vermelho, preto e prateado. quando lá chegasse logo se via.

ela estava a descascar uma laranja.
e pareceu surpreendida por eu estar ali.

- olá

- olá. - um simples olá com pronuncia confirmou as suspeitas. ah, italia, italia.

- desculpa, era só para te dar isto

- é o quê, isso?

- é uma coisa... é um disco.

- para mim? tenho que pagar?

- não, claro que não.

- tenho que o ouvir então.

- sim. é para isso mesmo. bem, vou embora agora, desculpa. a gente vê-se por aí.


eram três da tarde, acho. e pareciam seis de uma tarde de junho.




 
O sol tem-se feito ouvir :)

domingo, fevereiro 08, 2004
 
Ja foi ha uns meses. Eu tinha ido a uma visita guiada a um sitio isolado no meio de um bosque, a um sitio isolado nas colinas de Bologna, onde fica o observatorio astronomico da Emilia Romagna (regiao da qual Bologna é a capital). Fomos visitar o telescopio, com a nossa guia de erasmus e um investigador que nos fez subir para os aparelhos, espreitar os espelhos, contar a quantidade de botoes e alavancas, rodar o chao (que era giratorio) e que depressa ficou sem grande coisa para dizer. Desculpou-se dizendo "é que eu sou mais um homem das ciencias". E nos de pé a olhar para ele, a guia a perguntar se nao haveria mais nada de relevante para dizer e o astronomo, sem grande paciencia ou entusiasmo la nos levou para uma sala cheia de computadores e fotografias de acontecimentos estrelares e ainda com o mesmo ar enfadado de "quem é um investigador e nao um guia" la foi explicando aos leigos os significados de todos aqueles pequenos pontos e manchas de luz. Contou-no das estrelas (que tem um nome que nao recordo) que nascem juntas e que por estarem tao proximas estao constantemente a roubar luz, massa e energia uma à outra (serao estrelas amantes?) mas que se nao forem vistas com um telescopio preciso podem ser confundidas com um unico coro celeste de comportamento inconstante. Contou-nos das vidas e dos varios percursos que pode seguir a vida de uma estrela, da relaçao da sua constituuiçao com o fim que viria a ter e da regularidade da natureza que tudo controla e tudo determina. E uma rapariga espanhola ficou a ouvir tudo com muita atençao e ao fim de uns segundos de hesitaçao disse: "mas o Sol é uma estrela, e quando o Sol morrer, o que é que nos acontece".
E o astronomo respondeu-lhe:"bem, daqui a 7,5 bilioes de anos...". E houve ali uns segundos de hesitaçao e silencio e o astronomo disse "bem, sera o fim de tudo".
A cara de terror da rapariga espanhola ainda me esta marcada na memoria e o rosto de tranquilidade do astronomo tambem. E ha dias em que me lembro desta historia. Do dia do fim do mundo (se ele nao acabar antes) e de como para o fim, para o FIM mesmo, nao vao haver palavras, nem dor, nem testemunhas. Em como nao vai haver nada, sobretudo consciencia para o aperceber. Penso nisso e hesito entre o terror da rapariga espanhola e a apatia do astronomo.

terça-feira, fevereiro 03, 2004
 
Nao sei se estou contente, de estar este mes no ugar cimeiro do teu top SmS. Obrigado por tudo, Sergio.
Sobretudo por estares, mesmo quando nao estas.

segunda-feira, fevereiro 02, 2004
 
Top SMS (19 de dezembro/18 de Janeiro)

Ana - 12
João - 9
Eric - 8
Mãe - 5
Mafalda - 4
Candido - 3
Madalena - 3
Marcela - 3
Diogo - 2
Andreia - 1
desconhecido I - 1
descinhecido II - 1
Irina - 1
Pai - 1


total - 52 SMS

 
SE

no outro dia, na passadeira do metro de entrecampos, perguntava à madalena porquê que em vez de estradas, não tinhamos evoluido para uma solução de passadeiras rolantes, como método de transporte. porquê que as primeiras máquinas a vapor acabaram por se transformar em comboios e automóveis?
o douglas coupland perguntava-se como seriam os arranha céus se tivessem sido os gatos a inventar a civilização. seriam felpudos, forrados com alcatifa?
também o Tiago disse, há pouco tempo, que as pessoas deviam mudar de vida todas as semanas. Se esta semana eu fosse rico e morasse na serra de Sintra, para a semana eu estaria a viver num bairro fodido. E depois na outra semana estria simplesmente a viver em casais de monte bom, numa vivenda de classe média. eu acho boa ideia. porquê que as coisas não aconteceram de maneira a que isto fosse realidade? porquê que uma lei que imposesse isto seria considerada patética?
eu estava a ver o 'sete palmos de terra'


e o morto apareceu e disse:

olha-me nos olhos e diz-me que nunca tiveste vontade de pegar no carro e sair daqui.

o que estava vivo não respondeu.
eu também não.
deve haver alguma razão para que a vida seja isto, assim. porquê que não é normal pegar no carro (e visto que não existem passadeiras) e deixar isto, assim, sem mais nem menos. porquê que tudo foi feito assim, tão chato, tão repetido, tão aborrecido?
deve ter havido uma altura, um momento chave, uma hora H perdida não sei onde, em que poderiamos ter escolhido outra coisa.



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