{Ninguém é herói para o seu criado de quarto}
terça-feira, março 30, 2004
 
4. Em geral satisfeito e feliz.

foi o que eu respondi.

 
mushimushi

 

 
Sérgio, o que respondeste a essa pergunta?

Entretanto o meu cão continua a sangrar, o quintal cheira a sangue e há moscas por todo o lado e a gata Beca tá com uma gravidez psicológica.

 
O quim entrou pro Top SMS... ou já tinha entrado da outra vez.
Ele cortou os caracóis porque disse que lhe estava a cair o cabelo...
Assim gosto menos dele.

 
23 Solo Pieces for La Naissance de L'Amour

John Cale

segunda-feira, março 29, 2004
 
todas as vezes que faço o remicade tenho que preencher um questionário para avaliar a qualidade de vida dos dontes de Crohn. esta é uma das perguntas.
a última.

32 - Qual foi, durante a última semana, o seu grau de satisfação, felicidade e satisfação pessoal.

1. Muitíssimo insatisfeito e infeliz a maior parte do tempo.
2. insatisfeito e infeliz em geral.
3. um pouco insatisfeito e infeliz.
4. Em geral satisfeito e feliz.
5. Satisfeito e feliz a maior parte do tempo.
6. muito satisfeito e feliz a maior parte do tempo.
7. extremamente satisfeito e feliz, não podendo sentir-me mais feliz ou contente.

 
Top SMS (19 de Fevereiro a 18 de Março)


Madalena - 19
Ana - 15
João - 10
Eric - 4
Candido - 4
Mãe - 4
desconhecidos - 3
Andreia - 2
José - 2
Marcela -2
Pai - 2
Quim - 1

total - 52

sábado, março 27, 2004
 
- Acho que sociologia das criadas era um bom tema.
- Das criadas?!


Mal ouvi isto lembrei-me logo que Ninguém é Herói para o seu Criado de Quarto.

 
ter

sexta-feira, março 26, 2004
 
Tu precisas tanto de amor e de sossego
- Eu preciso dum emprego
Se mo arranjares eu dou-te o que é preciso
- Por exemplo o Paraíso
Ando ao Deus-dará, perdido nestas ruas
Vou ser mais sincero, sinto que ando às arrecuas
Preciso de galgar as escadas do sucesso
E por isso é que eu te peço

Arranja-me um emprego
Arranja-me um emprego, pode ser na tua empresa, concerteza
Que eu dava conta do recado e pra ti era um sossego


Mada - à falta de heróis, aqui fica o cosmopanda.

 
A coisa de que mais me orgulho neste blog (além dos meus sinceros e preciosos amigos) é do seu nome. Que me perdoem se acharem que estou a ser injusta, mas sempre achei que "ninguém é herói para o seu criado de quarto" era um título perfeito. Já cheguei a pensar (não foi bem pensar, passou-me pela cabeça por uns segundos), criar um blog só para mim. Os mais antigos sabem desta minha "dificuldade" de escrever para toda a gente e de como acho que a palavra escrita parece pouco autêntica. Não o criei (o blog) porque certamente que não conseguia criar um com um título melhor assim do pé para a mão. Gosto da noção de espaço deste nome. É giro porque acho que nunca me referi muito ao criadodequarto como um blog. Acho que sempre foi mais do que isso. Um quarto. Com um sofá gigante. Um puf feito pela Madalena. Uma janela grande e luminosa com vasos de flores (violetas e amores perfeitos - ou será demasiado romântico?) no parapeito. Com montes de recortes de coisas que gostamos colados na parede. Com vista para um jardim de laranjeiras. Um espaço para estar com os meus amigos, para não me sentir sozinha. Apesar de quase nunca escrever visito o quarto todos os dias.


E acho que isto está precisar de uma arrumação. ;o)

quinta-feira, março 25, 2004
 
Hoje de manhã o autocarro atrasou-se meia hora. Senti-me envelhecida e infeliz.
Não é só o autocarro que se atrasa, parece que a minha vida se está a atrasar. Às vezes até acho que nem vai chegar.
Sinto-me envelhecida. Cada hora que passa é menos uma hora que tenho de vida. A Vida tem tantas coisas boas mas estão noutro lado. Não estão aqui.
Sinto-me infeliz. Sinto-me doente, sinto-me a empurrar-me a mim própria pra fazer tudo. Para escrever cartas de apresentação, pra enviar curriculos, pra tomar os comprimidos, pra comer, pra me levantar.
Não se preocupem, isto é só porque o autocarro se atrasou, é só porque é mais um dia mau, em que sinto que a vida está a demorar a chegar.

O autocarro ia-se atrasando, e eu sabia que eram menos minutos de vida, e eu ia ligar o discman e fiquei sem pilhas, tenho pilhas em casa, não posso gastar dinheiro a comprar outras, e os minutos iam passando, e depois eu vou à fisioterapia todas as manhãs, perco uma meia hora naquilo, e não há melhoras, e depois ir à faculdade ver se o relatório de estágio já está pronto e está, já sou doutora. é oficial: sou mais uma licenciada à procura de emprego. E depois apanhar o autocarro do meio dia pra vir fazer o puré pra comer a horas e tomar os comprimidos e a insulina tudo a horas.

Chego a casa, sem achar graça nenhuma à vida, o meu está doente tem uma dermitite fungica, sangra que se farta, vou tratar dele. ponho as batatas ao lume, entretanto a minha mãe chega. poça, eu queria almoçar sozinha, sossegada. ela chega e é um alvoroço, tratar da casa porque já avisei que vou faltar amanhã porque vou contigo fazer a TAC. Digo-lhe que não é preciso, não, nem lhe digo nada. penso que queria era estar sossegada. eu aspiro a casa mãe, eu estendo a roupa, podes ir pro conselho pedagógico, não te preocupes.

Eu só quero sossego hoje.
Vou escrever uma candidatura pro canal Dois. Vou costurar.
Talvez o Benfica ganhe.
Se não der na Tv, vou a Lisboa à cinemateca ver o Ten.

Vim escrever no blog. Eu gosto de escrever isto tudo no blog porque ninguém é heroi pro seu criado de quarto.
Porque às vezes a vida não é fácil.

Agora tou sossegada. O quintal fica lindo ao sol. A casa está aspirada e vou tratar da roupa. Talvez ainda dê tempo de fazer uma carta de apresentação e costurar uma mala pra vender.
Já não me sinto tão infeliz.

Sérgio, Ana, Liliana, Cristina, não se ausentem tanto tempo aqui no blog.
Contem o que se vai passando aí nas vossas cabeças.

O autocarro atrasou-se por culpa de um carro mal estacionado. Isso tranquilizou-me. Afinal os motoristas ainda cumprem os horários.

terça-feira, março 23, 2004
 
o ti' Arnaldo sempre foi uma das personagens mais interessantes dos casais de monte bom. quando eu o conheci devia ter uns quatro anos. foi quando fui morar nos casais de monte bom. nessa altura morava na casa dos meus avós paternos. Eu nunca falei directamente com o ti' Arnaldo, tirando o 'bom dia' ou 'boa tarde', quando nos encontrávamos na estrada. É que o ti' Arnaldo andava muitas vezes na estrada. a pé. desengonçado. invariávelmente com uma garrafa de vinho tinto na mão.
Desde essa altura que o ti' Arnaldo se manteve sempre com o mesmo aspecto de 55 anos maltratados. uma cara muito vermelha e um nariz quase desfigurado de tão inchado. quando vejo fotografias do bukowski lembro-me muitas vezes do ti' Arnaldo.
eu nunca cheguei a saber na realidade que idade tinha mas quando pergunto a alguém dizem-me sempre que 'o ti' Arnaldo é um homem novo' e sempre com uma expressão e um tom que deixam perceber que alguma coisa o fez parecer velho mais depressa. eu, por mim, desde que o conheci, acho que o ti' Arnaldo não envelheceu nada. deve ter envelhecido muito mas antes de o conhecer. presumo que nessa altura ele tivesse uns 35 a 40 anos. já passaram quase 20 anos.
sempre disseram que o ti' Arnaldo era 'casado com o vinho'. só recentemente vim a saber que o ti' Arnaldo era casado com a ti' Susana, uma senhora muito simpática quem ás vezes trabalhava nos morangos ao pé de minha casa. Nunca os vi juntos. Mas, o que eu acho, é que se nunca se ouviu falar da relação deles, então era porque à sua maneira lá se dariam bem de certeza. e a verdade é que nunca vi nenhum dos dois com aspecto infeliz.
o ti' Arnaldo era um habitual do caminho entre o café e a sua casa. nessa altura eu ia muitas vezes à loja da ti' Gracinda, que depois veio a transformar-se no café/mercearia STOP, para comprar pão ou outras coisas assim de primeira necessidade. portanto, encontrava muitas vezes o ti' arnaldo, sempre desengonçado, pelo caminho. O ti' Arnaldo fazia em média 3 ou 4 viagens de ida e volta à loja para beber um bagaço e encher de vinho tinto uma daquelas garrafas que dizem ser de 5 estrelas, embora sejam 6 se as contarmos.
Não sei se o ti' Arnaldo não tinha mesmo vinho em casa, mas lembro-me de um dia em que eu ia na direcção da loja e o ti' Arnaldo vinha da loja com a sua garrafa na mão. então eu lembro-me que o ti' Arnaldo levou a garrafa à boca e que a tirou imediatamente. levantou a garrafa ao nível dos olhos, disse qualquer coisa que não daria de certeza para perceber e voltou para trás. a garrafa tinha ficado vazia antes de chegar a casa.
há pouco tempo, numa manhã de sol em que ficamos encandeados contra o sol quando vamos a conduzir em direcção ao nascente, apanhei um grande susto porque o ti' arnaldo vinha, como sempre desengonçado, no meio da estrada. nesse dia ia ficando na estrada onde tantas vezes passava. eram para aí sete da manhã e o ti' Arnaldo já estava a voltar do café STOP, que era do joão bolinhas, o filho da ti' Gracinda.
O ti' Arnaldo passava a vida naquilo. nunca cheguei a saber se tinha ou não um trabalho mas prefiro imaginar que não. prefiro imaginar que sobrevivia por um qualquer desígnio improvável.

pelo que sei muita gente foi ao funaral. ouvi dizer que tinha 'explodido por dentro'. não sei se acredito nisso porque as pessoas que o disseram não me pareceram muito interessadas ou bem informadas. o ti' Arnaldo era uma celebridade local mas na verdade ninguém se importou muito com isso.

o ti' Arnaldo foi ontem a enterrar.

segunda-feira, março 22, 2004
 
- não me podes dar uma boleia? Tenho q ir fazer um aborto.

domingo, março 21, 2004
 
às vezes apetecia-me dizer coisas que eu sei que são mesmo crueis.
apetecia-me dize-las assim, ao pé de muita gente.
dizer a algumas pessoas que elas me irritam, que me apetecia que não estivessem tão perto de mim, a dizer coisas que só me enervam, cresce-me uma raiva, não penso ter capacidade pra aturar aquilo que eu considero ser de uma estupidez e falta de graça tremenda, fico com dores no estomago e tudo.
mas em geral não digo nada. mas acho que se nota.

sou uma pessoa feia e invejosa.
mas há pessoas que só dizem é parvoíces sem graça.

é domingo de manhã.


sábado, março 20, 2004
 
Ol? amiguinhos!
A Primavera est? quase a bater ? porta...
Gosto bastante deste per?odo e n?o ? apenas porque as andorinhas se avizinham mas tamb?m porque a minha av? Leonor faz anos nesta altura. Ela ? uma daquelas pessoas que eu admiro!
Lembro-me de acordar cedo e ir ter com a minha av? para ela me contar hist?rias! Levava os meus livros de hist?rias, enfiava-me na sua cama e j? n?o precisava de pedir para ela l?-los. Eu sentia que ela gostava imenso de l?-los para mim. Por vezes sinto vontade de fazer isso de novo, mas depois lembro-me que ela n?o est? do lado de l? da porta onde me encontro! E lembro-me de v?-la, nos finais de tardes solarengas, por entre as suas flores. Se alguma estava mais murcha era v?-la dobrar-se em cuidados para salvar a sua flor. Gostava de v?-la nesses seus cuidados. E ela chamava por mim e dizia:" Na t? bonita?". Enquanto esperava resposta permanecia na sua contempla??o.

(...)

N?o me lembro de v?-la levantar a m?o para ningu?m, nem para nenhum dos meus primos e, no entanto, todos eles respeitam-na. Mesmo aqueles mais teimosos ouvem o que ela diz. E h? quem pense que para serem respeitados t?m que usar a for?a ou a viol?ncia.

E gosto da sua mente aberta, da forma como aceita coisas que desconhece e como analisa isso. Quando n?o gosta diz que n?o gosta, quando gosta diz que gosta...


Estou a escrever e a lembrar-me dela e tenho consci?ncia que estas frases n?o conseguem expressar o quanto eu gosto dela e o quanto ela ? importante.

ELa faz-me acreditar no Bem!



domingo, março 14, 2004
 
There's only two things in this world that a 'real man' needs: a cup of coffee and a good smoke.

 
o último post foi o miguel que editou mas com o meu login

sábado, março 13, 2004
 
A maid, a man needs a maid.

sexta-feira, março 12, 2004
 
eU não sei responder a essa pergunta Sérgio! Directa e objectivamente não sei! Mas, no meu íntimo, eu acho que sei o que quero da vida.
É pena que algumas vezes, em alguns momentos, eu não me aperceba que o que quero pode estar ao meu alcance... Há que estar preparado para aceitar as coisas que queremos no momento em que elas estão ao nosso alcance! Aproveitar os momentos e ter sentido de oportunidade!

 
menos que zero e uma casa.

na aula de psicopedagogia desta semana a professora pediu-nos que fizessemos um gráfico que ilustrasse aquilo que nós considerávamos ser o desenvolvimento ao longo da vida, desde os sete aos setenta e sete, com intervalos de 10 anos. a aula era sobre os conceitos de aprendizagem e desenvolvimento e sobre o piaget e essas merdas. mas isso não interessa. o que importa é que nós acabámos por fazer um gráfico um pouco especulativo sobre o grau de satisfação geral durante a vida.
o meu gráfico tinha uma subida dos sete aos dezassete. depois era a descer dos dezassete até aos vinte sete. o meu grande optimismo era dos vinte e sete até aos quarenta e sete. antes dos vinte e sete já se está a ver que a vida não vai dar grande coisa. depois dos vinte e sete ainda parece tão longe que é possivel pensar que vai correr tudo bem. durante esses vinte anos eu acredito que vou dar entrevistas onde darei aquelas respostas, que hoje me irritam, do tipo "sou um homem realizado" ou "a vida deu-me tudo o que eu queria" ou "gostaria de ter a partir de agora mais tempo para desfrutar de tudo o que alcancei na vida. dedicar mais tempo à família e aos amigos". como os filhos da puta. depois disso, dos quarenta e sete até aos setenta e sete, sempre a descer. nesta idade não dá para ter ilusões. nunca o corpo deixaria. é para apodrecer devagar até ao fim. ou depressa. no meu gráfico depois dos quarenta e sete a linha de satisfação descia tão acentuadamente que sem querer quando chegaram os setenta e sete a linha de satisfação já tinha descido abaixo da linha zero.

estava no outro dia a pensar mais ou menos sobre isto.
o que é que vocês querem da vossa vida?

eu quero ter uma casa.



quinta-feira, março 11, 2004
 
Cinco perguntas para essa entrevista:

Qual @ teu/tua cançonetista favorit@?

O que mais gostas no Alex?

Fala-nos de um dos teus rituais pré-dormir?

O que andas a ler?

Que expectativas tens para o próximo álbum de Beastie Boys?

 
Concordo contigo, Madalena. ? perpiscaz da tua parte escrever can??es em vez de m?sicas, porque se fossemos a ouvir Holocausto Canibal aposto que n?o encontr?vamos r?stia que fosse de amor.

quarta-feira, março 10, 2004
 
Se me perguntarem (coisa que acho que não vão fazer) do que falam as canções, eu vou dizer que falam todas de amor.
É o que acho: que todas as canções estão a falar de amor.

Se me perguntarem porquê, eu já pensei no que vou responder.
Porque é que acha isso, Madalena? (assim com aquele ar que a Ana Sousa Dias faz aos escritores que vão ao programa dela)
E eu vou dizer, como um ar (falso) inocente de quem se lembrou daquilo nesse momento:
É que é preciso amar os assuntos pra se poder canta-los.

Não será uma resposta brilhante mas se voces imaginarem o ar que eu faria... bem, a ana sousa dias até fazia uns segundos de silêncio e ficava com aquele sorriso Zen...

Eu acho que eu ia ter jeito pra ser entrevistada, se um dia alguma vez fosse.
É o que eu acho.


segunda-feira, março 08, 2004
 
acabei de fazer a cama de lavado. depois deitei-me nela desliguei a música e fiquei quieto. só a ouvir. primeiro o meu relógio de pulso. depois o relógio despertador e o relógio da cozinha. era como se o tempo estivesse a solidificar.
mas afinal eu é que estava parado. eu é que estava quieto.
eu é que não ia a lado nenhum.

quinta-feira, março 04, 2004
 
Ontem a minha mãe trouxe-me uma carta de uma mulher que foi minha professora no 7º ano. Eu não me lembro da cara dela nem seuqer das aulas dela (ela é professora de Religião e Moral). A carta vem endereçada para mim e para a Bia.
Segundo o que a minha mãe me contou, ela lembra-se muito da minha turma porque éramos muito alegres. Ela disse à minha mãe que eu fiquei gravada na memória dela por estar sempre feliz. Ela lamenta só ter filhos rapazes porque acha que se fossem raparigas eram mais bem dispostos, como a Madalena, disse ela à minha mãe.

Lembro-me quando eu era adolescente às vezes queria estar maldisposta. Isto é, achava que se fosse pra escola com um ar triste tinha mais estilo. Mas nunca era bem sucedida. Aconteciam sempre coisas giras, eu estava sempre a rir.

Olhando agora para trás, não era leviandade, eu tinha consciência das coisas más. Mas eu tenho uma coisa estúpida... não sei bem explicar... assim como o Cândido do Voltaire mas de uma maneira diferente.

Ultimamente não tenho rido muito. «uma coisa é optimismo outra é estupidez».
Enfim, a vida não é fácil pra ninguém.

Mas continuo a ser eu.
Li a carta da tal professora em voz alta. Ela dizia que eu estava sempre a rir e que a Bia era mais séria mas que também alinhava nas brincadeiras. A minha mãe disse-me: «não sei... é a ideia que toda a gente tem de ti.» Ao que eu respondi: «e é mentira?» ela riu-se porque eu fiz a pergunta a rir.
Se eu tivesse feito a pergunta a chorar, ela tinha chorado.

Tive uns problemas na Igreja relacionados com o caso gravador (um caso muito interessante que um dia hei-de contar no blog). Houve um dia, dia esse que não estava a ser nada fácil, em que eu tinha que tomar uma decisão importante que marcaria o desenrolar dos acontecimentos. Só que eu não conseguia decidir. Fui então pra igreja, que eatava completamente vazia e fiquei lá a andar às voltas, assim a pensar em nada de especial, só a andar às voltas. Passados uns dez minutos olhei em volta... e pronto. Comecei a rir sem parar. E acabei por tomar a decisão certa em relação ao caso gravador.

Em relação a mim, eu também tive que decidir se era altura da vida parar ou se ela devia continuar. Acabo por ir percebendo que não está bem nas minhas mãos.
Por isso: coração ao largo.


quarta-feira, março 03, 2004
 
tenho vergonha de ter escrito poemas.
tenho vergonha de achar que eles era bons.
tenho vergonha de ter sido um adolescente idiota.

fui uma criança feliz e fui uma criança esperta.
tive consciencia de muitas coisas enquanto era criança.
e perdi lucidez na adolescência. perdi a noção da realidade.
e agora não sei
digam-me vocês.

 
Fico feliz so de te ouvir Cristina.
Prepara-te: o meu quarto novo é frio.

 
Volto à internet precaria.
Acho que fui uma criança feliz. Nao é que mo digam, mas acho que se perguntasse, seria isso que me diriam. Acho que era feliz e acho sobretudo, que sabia que era feliz. Tudo isto hoje me parece um bocado estupido.
Lembro-me de que quando era pequena, quando era criança, sabia que era uma criança. Tal como sabia que era feliz. E lembro-me de achar que era bom ser criança e ser feliz. E uma vez escrevi um poema e fui mostra-lo aos meus pais. Era sobre isso, sobre ser criança. E lembro-me de os meus pais me dizerem que eu era uma criança muito "sensivel" e que o meu poema era muito bonito.
Eu nao sei, nao devia ter mais de 7 ou 8 anos mas... Guardei-o uns dias num dossier, azul claro (as coisas que nos ficam na memoria) e li-o muitas vezes depois de o ter escrito e pouco tempo depois disso, deitei-o fora. Eu deito muito pouca coisa fora. Eu guardo tudo. Os jornais velhos, os bilhetes de cinema, os bilhetes de autocarro, as frases que me dizem as pessoas, mas deitei fora o meu poema.
Nunca mais voltei a escrever nenhum poema. Pelos vistos nao foi so o meu poema que deitei fora. Hoje perguntaram-me num café o que é que eu fazia. Se também era "artista". Se também tocava, escrevia, fotografava. Eu respondi apenas que nao, nao pude dar a explicaçao longa que dou aqui. Que tinha 7 ou 8 anos e ja percebia que nao tinha jeito, que nao era boa e que o meu primeiro poema seria o meu unico poema. Acho que ja na altura percebia que da verdadeira felicidade nao se tem consciencia e que o meu poema era falso, falso, falso. Tao falso quanto podia ser uma criança conscienteda felicidade.
Hoje (nao hoje em dia, mas hoje mesmo, neste dia) gostava de ter aqui o meu poema porque ja nao me lembro dele. Para o ler, para talvez o deitar fora, mas sobretudo para poder escrever todos os que nao escrevi na adolescencia, nesta eterna adolescencia...

 
I'm stuck.

terça-feira, março 02, 2004
 
Sonhei que tinham transformado a minha vida num rectângulo. Não me pediram autorização, mas a minha banheira de canto passou a ser uma banheira rectangular, o meu quarto quadrado passou a ser um rectângulo por demais comprido.
(...) (...) (...)

Começando pelo canto que era ocupado pela banheira rectangular, em paralelo, via-se duas camas de solteiro: uma delas era a minha com umas quantas transformações, pois deixara de ser soumier, e a outra era de madeira escura e parecia antiga. As janelas do meu quarto tinham desaparecido, apenas entrava um pouco de luz por um buraco feito no tecto. a minha estante de livros tinha desaparecido, as minhas cómodas e os meus candelabros também... Tudo tinha mudado, tudo era extremamente rectangular!
Eu entrei naquele meu novo mundo e estanquei! senti-me tão triste,,, é que nem sequer me tinham dito que iam transformar tudo, nem sequer tinham deixado uma notazinha... Teria eu que sentir que eles, quem quer que eles sejam, iriam transformar o meu mundo que eu construi e estava construindo com tanto carinho?!
No meu quarto tinha tantos pedacinhos de momentos... tantas palavras que consubstanciavam pensamentos... tantas ofertas que me transmitiam sentimentos...

Transformaram o meu mundo mas não transformaram a minha memória!

segunda-feira, março 01, 2004
 
Never give up
No, never give up
If you're looking for something easy
You might as well give it up
Never give up...
No, never gipe up...


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