{Ninguém é herói para o seu criado de quarto}
terça-feira, junho 29, 2004
 
de profundis amamus


Ontem
às onze
fumaste
um cigarro
encontrei-te
sentado
ficámos para perder
todos os teus eléctricos
os meus
estavam perdidos
por natureza própria

Andámos
dez quilómetros
a pé
ninguém nos viu passar
excepto
claro
os porteiros
é da natureza das coisas
ser-se visto
pelos porteiros

Olha
como só tu sabes olhar
a rua os costumes

O Público
o vinco das tuas calças
está cheio de frio
e há quatro mil pessoas interessadas
nisso

Não faz mal abracem-me
os teus olhos
de extremo a extremo azuis
vai ser assim durante muito tempo
decorrerão muitos séculos antes de nós
mas não te importes
não te importes
muito
nós só temos a ver
com o presente
perfeito

corsários de olhos de gato intransponível
maravilhados maravilhosos únicos
nem pretérito nem futuro tem
o estranho verbo nosso


Mario Cesariny

 
Je te parle de rêve et déjà tu me réponds par « cauchemar ».

 
Dentro de muito pouco tempo, o meu mundo como era ultimamente vai desaparecer. Quando me despeço de cada pessoa, pergunto-me se é a ultima vez que a irei ver. O mais angustiante é saber que isso é natural.

 
Nao ha fome que nao de em fartura:




mercoledì 7 Luglio
Ferrara (FE) , Piazza Castello


sexta-feira, junho 25, 2004
 
Amanhã, dia 26, é o dia do sol!
Já que há dias para tudo acho que faz todo o sentido haver também um dia do sol. Mas se não houver um dia da lua acho que é um pouco injusto!

E sabem que também há o dia da Amizade? se não me engano é dia 20 de Julho. Mas acho que pouca gente sabe disso.

 
hoje é o dia dos insólitos.

por ordem crescente:

a grécia ganhou à frança --> na A8 um carro explodiu e estava adeitar fogo --> o durão barroso vai para presidente da comissão europeia --> e o santana lopes vai ser o primeiro ministro.
é bom viver em portugal. um país animado.

 
in portugal extra time is always the best part of the game.

 
Estou tão feliz que nem consigo pôr tanta felicidade em palavras... Pá, acho que nunca tive tantas momentos de alegria e desespero ao mesmo tempo. Ainda agora quase tenho vontade de chorar. Tenho o meu coração cheio.

 
Estou tão feliz que nem consigo pôr tanta felicidade em palavras... Pá, acho que nunca tive tantas momentos de alegria e desespero ao mesmo tempo. Ainda agora quase tenho vontade de chorar. Tenho o meu coração cheio.

 
E milagres acontecem...

Sempre que as equipas adversárias estavam a fazer uma jogada de perigo, alguém dizia:

- Calma que tá lá o Ricardo pra defender!

E toda a gente se ria...

E hoje, o Eusébio foi falar com ele, ele tirou as luvas, defendeu um penalty e marcou outro.

(diz-se por aí que o Figo tava nos balneários agarrado a uma imagem de Nossa Senhora de Fátima mas eu não sei bem se é verdade...)

E agora, sempre que as equipas adversárias estiverem a fazer uma jogada de perigo, alguém vai dizer:

-Calma que tá lá o Ricardo pra defender!

E acho que toda a gente se vai rir na mesma...

Mas que ele foi grande, lá isso foi.

quarta-feira, junho 23, 2004
 
Sérgio, ontem vi-a. Lembrei-me de ti.



(os pontos finais resultam melhor que as reticências)

 
Quando ainda nem ultrapassamos os traumas da adolescência, deparamo-nos com os problemas da idade adulta....



 
Hold me, love me, hold me, love me.
Ain?t got nothin?but love babe,

Eight days a week.

sábado, junho 19, 2004
 
Uma semana de buscas infrutiferas. A minha vida é uma missao, à procura de um certo raio.


O Raio Verde, popularizado pelo romance de Júlio Verne com o mesmo nome, não é fácil de observar.
É um raro fenómeno meteorológico que se dá ao nascer ou ao pôr-do-sol, em condições muito particulares de tempo. É mais frequente no mar e só pode ser observado se o horizonte estiver absolutamente visível, isto é sem qualquer neblina. Com determinados valores de temperatura e humidade relativa há boas probabilidades de se dar.
Quando o sol, lua, ou mesmo um planeta está próximo do horizonte, na altura desaparecer (ou aparecer), os raios luminosos apresentam-se de tal maneira que no ocaso os raios vermelhos, alaranjados e amarelos desaparecem antes do verde, azul e violeta. É num momento fugaz, numa pequena fracção de tempo, quando o limbo superior toca no horizonte, que se dá o raio verde. Por causa da menor sensibilidade dos olhos às cores azul e violeta e também da sua menor intensidade a impressão dominante é a cor verde.
Admite-se que este fenómeno se deva à refracção astronómica e à disperção prismática do espectro luminoso. A maior parte das observações parece confirmar a teoria que atribui a este fenómeno a uma forte refracção, uma vez que a sua ocorrência se verifica quando o poder de refrangência da atmosfera é anormalmente elevado à superfície do Globo.


Segundo Júlio Verne, quem consegue ver o raio verde, que pode ser visto no último segundo de um pôr-do-sol no mar, quando a luz do sol, antes de desaparecer, se torna verde, os seus pensamentos mais íntimos e os das pessoas à sua volta são magicamente revelados.

 
é a minha educaçao catolica que me faz pensar que quando morrermos, todos iremos para a Sicilia.

 
Apontamentos sobre os Santos...

Nunca vi o Sérgio, nem tao "fest"ivo, nem tao bairrista. E isso tem muita Graça.Gostei.
Lisboa é uma linda cidade. Faz falta sair dela e voltar para se perceber quanto, um pouco como com todas as cidades do mundo.
O Quim tinha que escolher o ano que nao estou em Lisboa para deixar de ser vegetariano, fazer uma sardinhada e ir viver para a Graça. Deve ser a minha sorte de pessoa desperspectivada. No dia 10 tinha muita pena de nao estar em Lisboa para os Santos, mas no dia 12, nas praias de Favignana, sinceramente nao me lembrei mais disso.
Finalmente, gostava de dizer que volto em Julho, depois do solsticio, quando supostamente Lisboa ja nao tera nenhum encanto para me oferecer...

quinta-feira, junho 17, 2004
 


Lisboa em Festa.
As seis da tarde.
Uma saudade antecipada.
O fim de tudo.
E um adeus português.


Lisboa está em festa.
Todos os anos por esta altura, Junho e princípio de Julho, Lisboa fica mais colorida, mais quente, mais viva e mais festiva. Às festas populares juntam-se sempre mais uma meia dúzia de eventos, mais ou menos interessantes, para compor a cidade. Para que fique mais acolhedora. Para que fique mais bonita. E fica linda, Lisboa. Há sempre, por estes dias, algum motivo para se estar em Lisboa, para se andar na rua, mesmo que seja só de um lado para o outro. Se há uma altura em que eu queria mesmo morar em Lisboa é agora, enquanto Lisboa está em festa. Enquanto Lisboa é mais Lisboa. E Lisboa é mais Lisboa no verão. Lisboa é, no Inverno, apenas uma fotocópia de si própria, de cores falsificadas e pálidas. Lisboa no Inverno é uma cidade vulgar. Não chega, propriamente, a ser outra cidade, mas também não é bem Lisboa. Não falo apenas no verão do calor, ainda que o calor também ilustre bem este período dos meses de Junho e Julho. Porque Agosto também é quente. Mas em Agosto Lisboa vai de férias para outro lado e, se bem que até seja boa aquela calma das avenidas mesmo às horas de ponta, a verdade é que já lhe falta qualquer coisa. O verão de que falo é, sobretudo, o verão dos dias longos. Que se estendem até às nove da noite, ou nove e meia ou mesmo dez horas da noite, quando ainda existe alguma claridade. Para mim, Lisboa é mais Lisboa nas horas de sol que, à custa de alguns meses, Junho ganhou a Dezembro. É por isso que, quando penso em Lisboa, a imagem que me vem à cabeça é apenas aquela luz e a cor das seis da tarde, qualquer que seja o local que me acorra ao pensamento. E é por isso que eu acho que o solstício de verão, e os dias que lhe ficam próximos, é o maior evento que Lisboa tem para oferecer. A festa onde cabem todas as festas. Como se todas as festas fossem uma celebração do solstício e dos dias até as dez da noite em que Lisboa é realmente Lisboa.

Não é um ditado popular muito conhecido mas, desde pequeno, que sempre ouvi os mais velhos dizerem:

Primeiro de Agosto, primeiro de Inverno
Em parte, sempre concordei com eles. Quando começa Agosto e já passou uma boa parte do Verão, é como se Agosto fosse já uma despedida. Uma última oportunidade. É do mesmo modo que sinto estes dias. Os dias mais longos do ano. Os dias mais bonitos de Lisboa. Como se chegasse a um momento de felicidade a partir do qual sabemos que só é possível descer. É assim que eu sinto o solstício de verão. O dia mais longo do ano a partir do qual os dias vão ficando mais pequenos e o Inverno começa a ganhar terreno. As festas de Lisboa são os dias mais felizes mas também são os mais tristes, cheios de uma imensa saudade antecipada.

O melhor de Lisboa estar em festa é, mais do que ir ver isto ou fazer aquilo, saber que estão a acontecer coisas. Mesmo que no fim até nem aconteçam assim tantas coisas. Mas a verdade é que parece que acontecem. E apetece estar em Lisboa. Apetece comer sardinhas assadas no pão. Quem me dera gostar de sardinhas. Apetece estar no Terreiro do Paço, só a olhar para a Lisnave enquanto o sol vai descendo. Apetece ir à cinemateca ver mais um filme do Antonioni. E depois apetece ir logo para a casa do Gustavo, fazer um jantar de aniversário para a Cristina e ver mais um jogo do euro 2004. Apetece estar em Lisboa, quanto as coisas acontecem.
Este ano, mais do que nunca, parece estar tudo a acontecer em Lisboa. Aos eventos habituais junta-se o europeu de futebol que trouxe milhares de adeptos de vários países. Tanta gente de fora faz parecer que Lisboa está no centro da Europa. Num dia vemos os suecos e os búlgaros, noutro vemos os franceses e os ingleses e nos outros dias hão-de aparecer os outros. Os espanhóis, os italianos, os alemães, os holandeses.
Na noite de Santo António haviam imensos ingleses e franceses que faziam a festa juntos, trocando de bandeiras entre si, exibindo também algumas bandeiras portuguesas. Achei bonito e, pela primeira vez, fiquei contente que o campeonato europeu se jogasse em Portugal. E mesmo a selecção portuguesa ter perdido nesse dia contra a Grécia perdeu importância. Alguns suecos iam distribuindo alguns abraços, em frente à Sé, e ofereciam-se para as fotografias de umas miúdas portugueses que ali estavam, todas contentes com a simpatia sueca. Os estrangeiros tinham aterrado directamente na noite mais atípica do ano em Lisboa e estavam a dar-se lindamente.
Tu, Agnese, ficaste deslumbrada com Alfama e achei graça quando perguntaste porquê que não fazíamos assim todos os meses. Não me lembro bem do que respondi. Mas devo ter encolhido os ombros primeiro, e depois, devo ter dito qualquer coisa sem sentido entre o "não sei" e o "porque não". Agora que escrevo e penso sobre isso posso tentar responder melhor.
Não fazemos assim todos os meses porque não temos motivos todos os meses. Porque só neste mês faria sentido fazer uma festa assim, uma noite de Santo António. Porque é só nesta altura Lisboa é mesmo Lisboa. E é nesta altura que as pessoas estão contentes e com disposição, e é só nesta altura que as noites são quentes e que as sardinhas são boas, ou pelo menos é o que dizem. Só fazemos uma festa assim nesta altura porque só agora faz sentido, porque só agora é Verão. E se a fazemos agora é porque é a última oportunidade. Porque antes era cedo, e depois seria tarde. Porque depois de agora Lisboa vai de férias para ouro lado. Os estudantes vão de férias para casa. As pessoas que trabalham tiram o seu mês de férias em Julho ou em Agosto para irem para as praias do Algarve. Fazemos agora porque mais tarde tu já não estarias cá, nem os restantes estudantes erasmus. Não sei quem é que pensou as coisas deste modo, quem as planeou para acontecerem assim. Mas sei que não acontecem assim por acaso. Acontecem assim porque é assim que fazem sentido. Festejamos agora porque é agora que ainda está cá toda a gente. Festejamos antes que se vão embora. Tudo isto é uma festa de despedida. Como as festas de despedida que os erasmus fazem antes de se irem embora.
Antes de meados de Julho estará tudo acabado. Os dias estarão a ficar mais pequenos e sobrará cada vez menos Lisboa depois das seis horas da tarde, cada vez menos aquela luz e aquela cor, embora não se note assim tanto. Já não haverá ninguém na faculdade, as festas terão já acabado e já não apetece tanto estar em Lisboa, porque parece mais triste. O campeonato europeu de futebol já terá terminado e, em principio, a taça já terá sido levada para outro país. E os adeptos já terão regressado aos seus países, uns mais contentes que outros, como de costume. Só os portugueses é que cá ficam. E é sempre pior para quem fica. Já não haverá bandeiras de outros países e espero eu que também não hajam bandeiras de Portugal.
E tu
vais embora também. Num dia que ainda não te quis perguntar qual e sei que está próximo. Vais embora sem que tenha chegado a conhecer-te muito bem, nem tu a mim.
Em meados de Julho tu estarás no teu país e eu estarei aqui. Numa Lisboa menos bonita que já não será o centro do mundo. Nem sequer da Europa.
Em meados de Julho será o fim de tudo.
É por isso que festejamos agora
Como uma despedida
E com uma saudade antecipada
Lisboa está em festa.


*
nesta curva tão terna e lancinante
que vai ser que já é o teu desaparecimento
digo-te adeus
e como um adolescente
tropeço de ternura
por ti.


alexandre o'neil




terça-feira, junho 15, 2004
 
correcção: a suécia ganhou 5-0.

e entraram nas minhas preferencias.

segunda-feira, junho 14, 2004
 
Hoje vi dois suecos, em tronco nu, numa padaria da Malveira a comer pão e beber cerveja, com a bandeira da suécia pendurada num pau.

E agora eles ganham 4 - 0 à Bulgária e a Inglaterra perde com a França e a Itália empata com a Dinamarca e Portugal conseguiu entrar pra história e perder o jogo de abertura com aquele país que nos acompanha sempre nas estatísticas europeias da pobreza e outros males.

E eu encontro suecos na padaria da Malveira em tronco nu e penso que a família humana tem a sua graça.

sexta-feira, junho 11, 2004
 
[porque quando eles vão, os dias e não só, vão para sempre.]


faltam 2 dias, 18 horas e 33 minutos
para o euro.


quando a publicidade foi ali colocada, à entrada de Lisboa, no alto da Avenida Padre Cruz, onde passo quase diariamente, faltavam mais de 150 dias e mais um número qualquer de horas e minutos, que na altura não achei que fossem muito importantes.
nem sei bem quanto tempo é que são cento e cinquenta ou cento e sessenta dias. 150 é um número muito grande de dias para terem em mim um significado concreto. 150 dias são, para mim, uma espécie de abstracção. uma espécie de coisa qualquer onde pode caber absolutamente nada ou a vida inteira.
na ultima vez que passei no alto da Avenida Padre Cruz (porque agora ainda falta menos) faltavam dois dias mais dezoito horas e mais trinta e três minutos.
agora sei quanto tempo falta para os dois avançados portugueses darem os dois primeiros pontapés na bola. sei que os ingleses já estão aí a beber cerveja. sei que as selecções já cá estão a treinar, sei que os jornalistas já tiram fotos do beckham a coça-los, sei que já não há bilhetes para o primeiro jogo. sei uma data de coisas em estado muito actual.
quando ali passei, na Av. Padre Cruz, a saber perfeitamente que era a última vez que passava ali antes da contagem acabar, eu vi em perspectiva rápida a forma dos

150 dias
- 2 dias
---------
=148 dias


cento e quarenta e oito dias que passaram. e mais um número qualquer de horas e minutos que, afinal, não eram tão pouco importantes assim. vi cento e quarenta e oito dias em forma de muito pouco tempo. e se não vi o tempo a passar enquanto ele estava a passar acabei por vê-lo a passar todo de uma vez sem me poder agarrar a ele e fazer as coisas que não fiz.
não ter dado pelo tempo a passar dá-me a sensação de me ter atrasado irremediavelmente. de ter perdido alguma coisa.
150 dias e mais um número qualquer de horas e minutos pareceram-me menos importantes do que 2 dias, 18 horas e 33 minutos.
na última vez que passei no alto da Av. Padre Cruz
era o tempo que faltava para o euro.


+


tenho patinhos amarelos na minha cozinha.
assim pequeninos que nasceram ontem da pata que estava lá atrás a chocar. tirámo-los porque a pata continuou a chocar os outros ovos.
já comem e bebem sozinhos e aquecem-se uns aos outros se bem que tenham um candeeiro por cima da caixa. são pequenos e amarelos e há dois que têm manchinhas pretas. são malhados, por assim dizer, como as vacas. só que em amarelo.
é assim. tenho ciclicamente visitas animais na minha cozinha. vêm normalmente em caixinhas. damos-lhes de comer, esperamos que sobrevivam, fazemos-lhes festas, pegamo-los ao colo, vemo-los crescer, afeiçoamo-nos.
e depois, eles crescem. a caixa na cozinha começa a ser pequena. mais cedo ou mais tarde virá o dia em que chego a casa e os patinhos já não estão na minha cozinha.
nesse dia vai ser estranho e a cozinha vai parecer maior do que na verdade é.
os patinhos vão só viver a sua vida e eu vou continuar a viver a minha.
no primeiro dia fica-se triste e só se pensa que eles não voltam. porque quando eles vão, vão para sempre. depois, entramos uma, duas, três vezes na cozinha, que é nossa, com ou sem patinhos, e começamos a habituar-nos a olhar para aquele canto vazio. depois, mais tarde, quando nos lembramos disso, já não pensamos que falta ali alguma coisa. pensamos só que um dia foi maravilhoso ter ali aquelas criaturas
amarelas e pequeninas
e duas
malhadas, por assim dizer,
como as vacas. só que em amarelo.


+


- isso que puseste a tocar é giro. o que é?

- sei lá. é um disco que tirei do teu quarto, tu é que devias saber.

- não sei o que é. a sério.

- acho que eles se chamam Marquee Moon.

- chamam-se Television. O disco não é meu e nunca pensei que fosse tão bom.




Tears tears rollin' back the years,
years years holding back the tears,
Tears tears rollin' back the years,
years years the tears I've never shared.




quarta-feira, junho 09, 2004
 
Esqueci-me de uma coisa.

O Miguel tem uma versão do golden age do beck muito afinadinha.

 
O Miguel fez anos ontem. Devia ter escrito isto ontem.

Às vezes, quando vou a descer as escadas da faculdade, ainda parece que estou a ouvir o Miguel a chamar-me Madalena, Madalena, com uma voz de desenho animado.

O Miguel é aquele amigo de infância com quem se brinca a cantar.

O Miguel entusiasma-se com rebuçados penha e musica do Jorge Fernando.

O Miguel uma vez mandou um boneco da Ana ao ar e o boneco caiu no chão e foi fixe.

O Miguel estava na piscina ontem quando lhe liguei e parecia contente.

O Miguel às vezes faz-me perder a paciência e eu ralho com ele e ele fica meu amigo na mesma mesmo que eu exagere.

O Miguel faz compilações com nomes como Vida de Quintãl - Tributo ao Alex.

O Miguel faz uma cara engraçada (e diz obsenidades) quando passa uma rapariga com mamas grandes.

Gosto dele. Pronto.

 
Castelli di Rabbia.

Ha uma semana que esse livro esta em cima da bancada da minha cozinha. Nao faço a minima ideia de quem o deixou la.

 
Vou à Sicilia. Parto amanha e seguem-se cerca de 17 horas entre o comboio e ferry, para chegar a Palermo, a "terra prometida". Uma semana de Sol e praia e mar, uma semana de sul...

 
Vou ter saudades desta cidade.



Talvez devesse pensar nisso daqui a um mes...

terça-feira, junho 08, 2004
 
um dia, talvez há mais de um ano, na barreiralva, onde há um semáforo coltrolador de velocidade, onde não se pode exceder os 50km/h sem que fique vermelho, eu ia a menos de 50.
seria capaz de jurar que não tinha passado os 50, mas mesmo assim o semáforo acendeu a sua luz vermelha. ao lado da estrada estava a trabalhar o marido da minha prima, o júlio, que é pedreiro e é muito fixe. e quando percebeu que era eu disse

- Ai, ai... serginho, já vais atrasado! - e riu-se.

- Pah, caralho! Eu ia a menos de 50! - e arranquei.

não posso garantir que ia mesmo a menos de 50. não posso.
mas uma coisa é certa,
eu estava atrsado.

não sei porque me lembro disso agora.

domingo, junho 06, 2004
 
Agnese

na sexta feira
eu estava na feira do livro, a deambular entre as barracas com todos aqueles livros que nunca lerei e talvez fosse o último lugar onde me apetecia estar. Enquanto o Gustavo, a Cristina o Candido faziam a suas compras eu andava por ali de um lado para o outro, para cima e para baixo, a olhar para os livros sem os ver. estava calor e eu estava cansado. e a cada dois minutos anunciavam as sessões de autografos do saramago, da margarida rebelo pinto e do mega ferreira. o saramago estava com o cabelo mais curto, muito bem aparado o que não faz com que passe despercebida a sua cara de tartaruga altiva. tinha três ou quatro pessoas na fila, tantas como a margarida rebelo pinto. pouco, para um prémio nobel da literatura, diria eu. estava com cara de poucos amigos, mas seria pior se pudesse constatar que não é mais popular que a margarida rebelo pinto, que, pelo contrário dava mais sorrisos do que autógrafos. já o mega ferreira, bem consciente e sem pretensões de ter uma fila de três pessoas como as celebridades literárias portuguesas, mantinha um ambiente informal com algumas pessoas que por ali passavam e se sentavam à conversa, com ou sem livro para autografar. bem melhor do que uns quantos escritores que ficam abandonados ao seu semi-anonimato e para quem as sessões de autografos devem significar pouco mais do que cumprir castigo ou expiar o ego.
e eu, ia pensando nisto e noutras coisas, como as flores do Gerhard Richer que tinha visto havia umas horas, quando me chamou a atenção, na capa de um dos milheres de livros que naturalmente existem numa feira do livro, um nome relativamente familiar.
Alessandro Baricco. Completamente por acaso.
Sim, era dele que tinhas estado a falar. Está, afinal, traduzido em português.
Novecento.
Oceano Mare.
Seta.
City.
Castelli di Rabbia.
embora este último não o tenha encontrado, estão todos editados pela Difel.
comprei o Novecentos. o mais pequeno e também o mais barato. li-o numa noite.
interessou-me também um que não me tinhas escrito no post-it cor de laranja. City.
por isso, depois de ter levado a cristina a comer uma sandes de queijo, será que era uma sandes de quaijo? e beber uma Pepsi light só porque não havia Coca Cola, acabei por voltar atrás para comprar o outro livro, que também já comecei. desconfio um pouco da tradução, mas disso falamos da próxima vez que te encontrar.
Terça,
Senso, Luchino Visconti, na cinemateca às três e meia? tu ainda não viste e eu também não.
e combinamos o festroia
.



Blumen,
Gerhard Richter, 1994






quinta-feira, junho 03, 2004
 
Ontem o som da chuva na minha varanda era tao forte, tao distinto, tao "som de chuva" que chegava a nao parecer real.





 
Beat a drum for me
Like a butterfly wing.
Tropical storm across the ocean.

But don't explain I'm sure I'll want to know
Don't forget we're just half way from coal.

This is all I want,
It's all I need.
This is all I am,
It's everything.

This is all I want,
It's all I need.



terça-feira, junho 01, 2004
 
Jim, voiceover:

A lot of people
Think this is just a job that you go to.
Take a lunch hour... Job's over.
Something like that.
But it's a 24-hour deal.
No 2 ways about it.
And what most people don't see...
Is just how hard it is to do the right thing.
People think if I make a judgment call,
That that's a judgment on them,
But that is not what I do.
And that's not what should be done.
I have to take everything...
And play it as it lays.
Sometimes people need a little help.
Sometimes people need to be forgiven.
And sometimes they need to go to jail.
And that is a very tricky thing on my part...
Making that call.
I mean, the law is the law.
And heck if I'm gonna break it.


You can forgive someone.
Well, that's the tough part.
What can we forgive?
Tough part of the job.






 
Sabado, dia 12 de Junho,na Cinemateca Portuguesa, pelas 15:30 (antes da noite de S.Antonio), um dos mais belos filmes "da Historia de sempre" (em absoluto, acrescento eu). Devolvo o dinheiro a quem o for ver e nao gostar...







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