{Ninguém é herói para o seu criado de quarto}
quinta-feira, setembro 23, 2004
 

no meu quarto.
para mais tarde recordar
já tenho uma máquina digital. mas isso não faz de mim uma pessoa melhor ou pior. ou seja, no fundo está tudo na mesma. a única diferença é que agora posso fotografar todas as coisas que estão na mesma. por exemplo
os programas da cinemateca dos meses que já acabaram ou
as fotocópias de cadeiras que já fiz. ou
outras coisas debaixo dessas coisas. as mesmas coisas há meses, anos. tenho mais coisas para deitar fora do que para fotografar. mais coisas para esquecer que para lembrar. mas afinal, em quê que uma máquina digital pode melhorar a minha vida?

terça-feira, setembro 21, 2004
 

queria partilhar isto convosco.

quarta-feira, setembro 15, 2004
 
já é noite há quase duas horas.

sábado, setembro 11, 2004
 
Terça-feira, Setembro 24, 2002

Apenas um em cada mil gatos cor-de-laranja é fêmea.

- posted by Ana @ 10:43 PM

sexta-feira, setembro 10, 2004
 
A Mudança de Sexo ou Como Deus me ama




Nos finais de Abril fui abençoada com o nascimento de um gatinho amarelo que me fez rejubilar de alegria.

Cedo o Jonas Ezequiel se tornou uma grande companhia. Vai de manhã à minha cama a ronronar e deita-se ao pé de mim. Morde-me e arranha-me as mãos, persegue a cauda do Alex, estraga o jardim da minha mãe e tem muitas ramelas pretas nojentas.

Entretanto, eu fui pondo na cabeça que esta relação estava condenada à partida, por ele ser do género masculino e eu saber que gatos se vão embora ter com as gatas...
Não existem gatas amarelas, disse a minha avó. Nada na minha vida corre bem, pensei eu, num desabafo exageradamente dramático.

Há uns dias a prima Celeste visitou-nos e disse que o Jonas não tinha nada ar de gato mas sim de gatinha. Ora, como nunca ninguém tinha examinado os genitais da criatura, esta frase soou-me como uma resposta de Deus às minhas angústias.

Andei com o/a Jonas de pessoa em pessoa a ver se lhe encontravam os tomatinhos de gatinho e ninguém os viu. Parece-me uma gatinha, todos concluíram.

Voltei a rejubilar, e soube então que Deus me ama.

quinta-feira, setembro 09, 2004
 
Manter a ternura na dor

Há umas duas semanas atrás, um dia após me ter sido diagnosticada Artrite Reumatóide num estado inicial, fui de manhã cedo a Santa Maria, pois a minha médica queria apresentar o meu caso ao director clínico. Ele confirmou o diagnóstico e depois falaram baixinho e eu não consegui ouvir.

No dia anterior eu fui à consulta com a certeza de que seria uma consulta de desfecho, isto é, eu sabia que iria ter um diagnóstico. No fundo, eu sabia que estava doente desde Fevereiro. Por isso era só um nome que faltava. Uma nomeação do meu mal estar geral, das minhas multiplas dores em vários sítios do corpo.

De qualquer modo, nesse dia eu fui à consulta ciente do que iria enfrentar. Os meus pais não foram comigo. Levei as coisas para ir pra Formação após a consulta.
Mas o que se passou foi que saí da consulta e comecei a chorar sem parar. Sozinha (porque quis ir sozinha) em Santa Maria.
Era reviver o pesadelo do Verão de há 3 anos, quando me diagnosticaram a Diabetes.


E no dia a seguir, nessa quinta feira, os meus pais foram comigo a Santa Maria e quando regressávamos à Malveira o meu pai disse, já não sei a propósito de quê, que havia uma música do Padre Zezinho que falava de uma coisa que era manter a ternura na dor.
Ele disse isto e ficamos os 3 em silêncio.


Eu estou a escrever no blog sem pensar bem nas pessoas que vão ler isto.
Algumas são meus amigos com quem ainda não falei nada disto.
Mas verbalizar é terapêutico. E escrever e falar sobre as coisas faz bem.

Porque é mais um começo com os dentes no chão.

E eu gosto de vocês. Muito.


quarta-feira, setembro 08, 2004
 
Andalucia
when can I see you
When it is snowing out again
Farmer John wants you
Louder and softer
closer and dearer
Then again

Needing you
taking you
keeping you
leaving you
In a year and a day to be sure
That your face doesn't alter
Your words never falter -
- I love you

I'll be here waiting
later and later
Hoping the night will go away
Andalucia
Castles and Christians
Andalucia come to stay

You were lost,
once before,
on a day much like this
When you'd made up your mind not to come
And I couldn't persuade you
Or wait till tomorrow -
- or pass the time.




E





I was dressed for success
But success it never comes
And I?m the only one who laughs
At your jokes when they are so bad
And your jokes are always bad
But they?re not as bad as this

Come join us in a prayer
We?ll be waiting waiting where
Everything?s ending here



terça-feira, setembro 07, 2004
 
Hoje tive exame de Formação da Sociedade Portuguesa Contemporânea com o George. Quando cheguei ao departamento já passava uns minutos das 10h. Mas também não fiquei muito espantada por o professor ainda não ter aparecido. Esperamos... esperamos... esperamos... o professor Rui Santos tenta entrar em contacto com ele sem qualquer sucesso! São 11 horas e decidimos ir embora quando ele telefona para o departamento e pergunta-nos se nos dá jeito fazer o exame às 14h. O professor pensava que o exame era amanhã!

quarta-feira, setembro 01, 2004
 

«E o amor?», perguntou Valerie.
«O amor só convém aos que são capazes de aguentar essa sobrecarga psíquica. É como atravessar um caudal de mijo com um caixote cheio de lixo às costas.»
«Oh, não é assim tão mau!»
«O amor é um preconceito. Eu já tenho muitos.»
Valerie foi para a janela.
(...)
Agarrei na minha garrafa e fui para o quarto. Despi as calças e fui para a cama. Nada estava bem. As pessoas agarravam-se cegamente à primeira coisa que lhe aparecesse: comunismo, orgias, andar de bicicleta, erva, o catolicismo, halteres, viagens, o recolhimento, a comida vegetariana, a Índia, pintura, beber, andar por aí, iogurtes, congelados, Beethoven, Bach, Buda, Cristo, haxixe, sumo de cenoura, suicídio, roupas por medida, viajar de avião, Nova Iorque, e de repente tudo desaparece. As pessoas tinham de encontrar coisas para fazer enquanto esperavam pela morte.


C. Bukowski


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