{Ninguém é herói para o seu criado de quarto}
sexta-feira, julho 29, 2005
 
Our eyes can't help but disbelieve this
Bad news and even though
The end must come for some good reason
Right now I just don't know

 
Lena,

Esses números todos confundem-me. Imagino o que não farão aos teus pais.
E a ti.

quarta-feira, julho 27, 2005
 
Quando já conseguia ver a direito, olhei para os meus pais e percebi: tou lixada.

E assim foi.
Nesse dia (ontem) ainda fui às aulas e pude fazer a minha vida normal, embora deva admitir com grande sacrifício.

Mas quando cheguei:
Amanhã à noite quero as tuas coisas arrumadas que vamos pra Ericeira.
E vais desligar o telemovel, não estás pra ninguém.
Esquece o passeio que tinhas no domingo com o grupo de jovens, esquece o trabalho que te falta fazer. Trabalhas no máximo 2 horas por dia.

Mas o pior veio a seguir:
Nem sonhes que levas a máquina de costura.
Não vai haver costura nem crochet nem tricot nem que te tenha de amarrar à cama.

Eu não disse nada.
De vez em quando é assim, sempre que os meus pais assistem a uma miséria minha mais complicada (confesso que desta vez até eu me assutei) sou raptada pra um sitio qualquer, nem que seja em casa, onde fico sob a vigilância deles até eles acharem que eu tenho bom aspecto.

O que eles se estão a esquecer é que:
Eu ainda tenho que falar com 16 pessoas acerca do passeio de domingo e falar com mais duas ou três caso não consiga mesmo ir. Eu tenho que acabar um trabalho que ainda nem comecei e que é pra entregar no final desta semana, embora eu só o vá entregar na proxima. Depois na próxima semana tenho uma consulta na quarta feira, além do que ainda tenho que arranjar um grupo de pessoas (porque ontem me ligaram a pedir isso) para assegurar as filhoses na fexpomalveira. No domingo dia 31 supostamente tenho então o tal passeio e no dia 7 também já tenho que estar cá e tratar de algumas coisas. Dia 12 parto para a Alemanha para as Jornadas Mundiais da Juventude onde passarei 12 dias com 36 pessoas, muitas delas menores e das quais eu sou responsável. Dias esses em que devo andar uma média de 10 kilometros por dia, comer mal, cheirar mal e não ter tempo para pensar (o que até é o melhor da coisa). Quando chegar, dia 23, tenho que começar a fazer três trabalhos de 30 paginas cada, originais de investigação para entregar em Setembro.

Por isso bem que me podiam deixar levar a máquina de costura, não acham?

domingo, julho 24, 2005
 
We ruled the school

Passou-me hoje pela cabeça um ano com o Inverno inteiro ao Sol na esplanada, conversas de merda gravadas em Minidisc, rádio FCSH, fadas do lar, aulas de géneros e de História do Cinema, miúdas de Cambridge e eperas por autocarros, almoços de 10 pessoas na cantina, incertezas sobre o futuro.
Passou-me pela cabeça que tirando as incertezas (que provavelmente nunca desaparecerão), tudo isto ficou para trás. E pela primeira vez,não pensei nisso com tristeza. Acho que foi o período mais "cool" da minha vida e acho que fui feliz sem me dar conta disso.
Amiguinhos: em 2002-2003, we ruled the school.

sábado, julho 23, 2005
 
Ron,

Não sei se percebi o teu pedido, mas espero responder ao teu apelo.
Da minha parte, sempre entendi como uma das únicas regras do Criado que por muito desactualizada que estivesse uma opinião escrita num post antigo, este nunca deveria ser apagado.Por essa mesma razão, acho que nenhum post deva ser apagado sob nenhum pretexto.

Outra regra democrática (e com esta fica completa a lista de regras deste blog) é que sendo todos nós "administradores" do blog, todos podemos editar, apagar, modificar os nossos posts e os dos outros. A partir daí é uma questão de livre arbítrio e de "auto-vigilância". Cada um é livre para fazer o que quiser.

Acho que não ajudei muito. Não sei se te respondi, mas acho importante relembrar estes dois aspectos.

quinta-feira, julho 21, 2005
 
o Devendra:



o Devendra:


o Devendra:


 
Eu não faço ideia de quem seja o Devendra. Será que há algum problema com isso?

 

terça-feira, julho 19, 2005
 


Sinto-me completamente perdida.

 
Os últimos versos da canção do Devendra lembram-me uma coisa que ouvi há pouco tempo.
Enquanto estava em Bologna, assisti um dia (mal e porcamente, a 1400 km de distância do palco) numa praça ao ar livre a um concerto da Laurie Anderson com o seu violino elétrico. Quase no final ela recitou um texto em italiano que dizia que o mundo é grande. O mundo é tão grande que as coisas pequenas se perdem.

 
Ando distraída. Custa-me a concentrar. Custa-me trabalhar.
Como chego sempre um bocadinho atrasada, deixo aqui uma canção do Devendra, quando toda a gente começa finalmente a esquecer o Devendra e quando eu devagarinho o vou descobrindo...
Aqui vai, o que tem andado a tocar na minha cabeça:

The body breaks
And the body is fine
I'm open to yours
And i'm open to mine

The body aches
And that ache takes it time
But you'll get over yours
And i'll get over mine

And the sun will shine
And the moon will rise up

The body calls
Yeah, the body, it calls out
It whispers at first
But it ends with a shout

The body burns
Yeah, the body burns strong
Until mine is with yours
Then mine will burn on

My flesh sings out
It sings, "come put me out"

The body sways
Like the wind on a swing
A bridge through a hoop
Or a lake through a ring

The body stays
And then the body moves on
And I'd really rather not dwell on
When yours will be gone

But within the dark
There is a shine
One tiny spark

That's yours and mine

segunda-feira, julho 18, 2005
 
Keith Jarrett - La Scala pt. 1

sábado, julho 16, 2005
 
[tomasson | afinal havia outro]

afinal não é o fim do mundo.
mas depois de saber que o tomasson não vem para o benfica fiquei na merda. depois de uma semana no "vai, não vai" e depois de pensar que já estava tudo encaminhado para acabar bem, foi como se ela dissesse que não.
eu até posso tolerar que a minha vida não ande nem desande, mas não ao mesmo tempo que o benfica. até posso tolerar que o cândido me diga que eu não vou conseguir arranjar uma namorada até ao final de setembro. mas juntar isso com os fracassos do benfica é muito mais difícil.
a única coisa que pode salvar o defeso, o único periodo do ano em que não há futebol, é a promessa de futebol, de mais e melhor futebol. a promessa de reforços, de grandes jogadores que hão de espalhar bom futebol por esses relvados com a camisola do benfica. todos os anos por esta altura, leio os títulos dos jornais desportivos, cheios de rumores e especulações, e sonho. sonho que o benfica vai ter finalmente uma grande equipa. a cada nome que se apaga surge logo um nome ainda mais alto e o sonho continua.

kezman (via-se logo à partida, embora tenha ido para o atlético de madrid, um clube que acabou a meio da tabela e que nem vai às competições europeias)
koné
pienaar
zenden (nem este, em fase descendente da carreira, que estava a jogar no middlesbourough, quis vir)
andersson (acabou no porto)
van der meyde
dédé (estava-se mesmo a ver que comtanta negociação não havia muito a fazer)
ewerton
saviola
zalayeta (passou despercebido pq surgiu logo a possibilidade do tomasson)
e, por ultimo, tomasson.

a credibilidade destas especulações, grande parte das vezes, é zero ou quase. que seja. é sempre bom para me manter entretido.
mas quando as coisas se começam a definir, a tomar contornos reais, com os dirigentes a afirmar os contactos, e com os jogadores a falarem, então o caso é sério. e se é sério não é para brincar. não sei de quem é a culpa, se do tomasson, se da direcção do benfica. mas sinto-me enganado. já começava a acreditar. ainda na quinta dizia ao cândido que depois do maxi lopez ter ido à ultima hora para o barcelona, já não dizia nada. dito e feito.
para o benfica isto é uma derrota. a primeira derrota da época. uma derrota pesada e um duro revés. o benfica precisava de um avançado. e o tomasson era um excelente jogador para o benfica. era a promessa de bom futebol deste defeso. era. já não é. afinal havia outro. já não é a primeira vez que isto acontece, mas nunca de forma tão dramática.
e o pior é que o benfica, enquanto andou entretido a namorar o tomasson, perdeu tempo para contratar outro. porque aposto que não havia nenhum segunda escolha. agora quero ver, quais são os dois grandes internacionais que vão ser apresentados amanhã no jogo com o chelsea. o léo. está bem, que grande coisa!

e mais
a mim ninguém me tira da cabeça que o sporting e o estugarda estavam feitos um com o outro. a proposta de 10 milhões pelo liédson sempre me pareceu exagerada. para mim foi tudo uma manobra de diversão só para despistar.

depois disto
resta-me desejar ao tomasson que se lesione para os 4 anos de contrato que assinou.
e ao trapattoni - sempre odiei esse cabrão, por vários e fundamentados motivos - que perca os 10 primeiros jogos da bundesliga e que morra de ataque cardíaco depois de o tomasson falhar um golo que nem o nuno gomes falharia.

 
[fim do mundo]

depois do tomsson assinar com o estugarda eu sei que nada vai ficar melhor do que agora.

sexta-feira, julho 15, 2005
 
E hoje, ao olhar pra janela e a mexer nas cortinas do meu quarto, surgiu-me este texto:



Será que podíamos ser felizes, tu e eu, numa tarde de sol, a comer uvas e pêssegos e ameixas?
A falarmos sobre os nossos problemas caseiros, a discutirmos as posições de cada um face à vida de todos os dias.

Que jornal compramos? Que filme queremos ver? A que praia vamos?

Não me apetece ouvir isso agora, põe outra coisa.

Vou abrir o vidro, está um calor.
Olha ali aquele lugar, podemos estacionar ali.
Trouxeste protector?
Tens água fresca?

Hoje não, hoje estamos nas montanhas a ferver ao sol, duas da tarde, é melhor pararmos à sombra, temos a manta aqui no carro.
Olha ali, olha aquela placa. É uma praia fluvial, pode ser que tenha sombras.
Tem mesmo.
E mosquitos? Não gosto de mosquitos.
Acho que tenho repelente.
Ah, isso não funciona.

Está muito calor. Não aguento sair agora de casa.
Ficamos ainda em casa.
Tens sono? Queres dormir a sesta antes de irmos?
Temos tempo.
Podemos até ficar em casa, nus.
Cuidado com os pés, ontem parti um copo.

Será que podíamos ser felizes com as variáveis do Inverno?
Do Outono? Da Primavera?

Com Frank Sinatra, com Queens of the Stone Age, com Belle and Sebastian, com Pixies, com Sérgio Godinho, com o Público, com o Expresso, com o DN, com comédias americanas, com filmes de animação, com filmes porno franceses, com westerns, com Shrek, com a Ericeira, com Tróia, com Peniche, com o Douro, com o Minho, com o Porto, com ameixas, com pêssegos, com chanfana, com salada, com frio, com chuva, com as 6 da manhã numa segunda, com as 11h da noite num sábado, com as 4h da tarde numa terça, com as telenovelas, com os telejornais, com as mãos sujas, com o carro quente, com as dores de cabeça??
Com amigos, com a família, com as moscas, com as melgas, com os mosquitos, com as flores, com o trânsito, com muito dinheiro, com pouco dinheiro, com a missa, com a anarquia, com cabelo, sem cabelo, com barriga, sem barriga, com ciúmes, com desleixo??

Será que podíamos ser felizes sem pensar muito nisso?

Apaga a luz. Vamos dormir.

 
Lamento, Madalena:


Estrada branca
Lua branca
Noite alta
Tua falta caminhando
Caminhando
Ao lado meu
Uma saudade
Uma vontade
Tão doida
De uma vida
Vida que morreu

Estrada passarada
Noite clara
Meu caminho é tão sozinho
Tão sozinho
A percorrer
Que mesmo andando
Para a frente
Olhando a lua tristemente
Quanto mais ando
Mais estou perto
De você

Se em vez de noite
Fosse dia
O sol brilhasse
E a poesia
Em vez de triste
Fosse alegre
De partir
Se em vez de eu ver
Só minha sombra
Nessa estrada
Eu visse ao longo
Dessa estrada
Uma outra sombra
A me seguir

Mas a verdade
É que a cidade
Ficou longe, ficou longe
Na cidade
Se deixou meu bem-querer
Eu vou sozinho sem carinho
Vou caminhando meu caminho
Vou caminhando com vontade de morrer


Estrada Branca de Tom Jobim e Vinícius de Moraes

quinta-feira, julho 14, 2005
 
Hoje à tarde estive bem disposta.
De facto, ao ir no autocarro pra casa pensei: será que estou a ficar menos deprimida?.

(sim, é verdade, ando deprimida há uns meses bons)

Mas depois, logo ali no autocarro 1 problema, cheguei a casa dois, três problemas, quarto problemas, a multiplicar pelos problemas que ainda invento são muitos problemas.

Acaba o dia e já não me sinto bem disposta.

Não, Madalena, não penses assim. As coisas não melhoram de um dia pro outro.

Eu sei, consciência, eu sei, não precisas de me dizer porque eu sei.

De qualquer modo, aconteceu uma coisa que me deixou muito feliz.
Encontrei a Ana Paz na faculdade e ela tinha acabado de defender a tese. E teve bués, segundo o que ela disse.
Ela estava contente e eu fiquei mesmo feliz.

Por isso daqui eu depreendo que se vocês me dessem boas notícias acerca das vossas vidas eu estaria muito mais feliz.

Fico à espera.

sexta-feira, julho 08, 2005
 
[dreams never end III | doçaria fora de prazo ou um ataque terrorista no frigorífico]

enquanto o candido foi encontrar-se com a patroa na esplanada da praia de S. Sebastião, eu fiquei na toalha, de barriga para baixo. em pouco tempo adormeci. sonhei com frigoríficos e comidas. eu era uma espécie de porteiro de um frigorífico. não tinha que abrir a porta, mas sim, inspeccionar o que as pessoas iam trazendo. era como uma festa em que os convidados trazem doces. porque, que me lembre, era só doces. as pessoas iam chegando e deixando os doces no frigorífico, enquanto olhava para eles sem fazer nada. depois as pessoas deixaram de aparecer. o frigorífico fechou-se e eu fiquei lá dentro. depois, os bolos, todos redondos, transformaram-se em rodas dentadas. criou-se espontaneamente um mecanismo, cujo objectivo não compreendi, mas que produzia reproduções de musicas dos duran duran, com o volume cada vez mais alto. talvez esse fosse mesmo o objectivo último do mecanismo. acho que não dava para fugir, porque se desse não vejo o porquê de não o fazer.
não aguentei muito e acordei. felizmente os únicos sons eram o das ondas e o de dois pares de crianças que brincavam ali perto.
tinha passado uma hora e restava-me uma preocupação: há quanto tempo estaria eu a sonhar com músicas dos duran duran?

sábado, julho 02, 2005
 
[making poverty history]

pois
como é mais do óbvio, a dívida não vai ser perdoada.
ao Gana pouco valem os coldplay, nem sequer com com a ajuda do richard ashcroft. pouco valem os u2. a madonna, o reencontro do roger waters com o david gilmore (pq q n trouxeram tb o syd barrett?) numa reunião de carcaças secas, os REM, a bjork, o brad pitt, o bob geldof, o paul mccartney, que neste momento canta o hey jude para acabar com o evento.
já para não falar dos stereophonics, das destiny's child, joss stone, reamonn, good charlotte, e por aí fora.
acreditem ou não, eu nem sempre gosto de ser cínico. até acho que o live 8 até é de louvar e tal e assim. até gostei de alguns momentos, como ver como é que está o cabelo do jon bonjovi. mas como já disse, não acredito que a divida seja perdoada. ao que tenho que acrescentar que de boas intenções está o inferno cheio. sempre foi o q ouvi dizer. e pergunto-me que tipo de consciencia politica têm demonstrado alguns dos nomes que participaram e que, para mim, retiraram muita da credibilidade que o live 8 podia ter.

ou seja,
a industria discográfica ao serviço da luta contra a pobreza,
e a luta contra a pobreza ao serviço da industria discografica.
resta saber qual das duas vai ficar a ganhar.
façam as vossas apostas, porque eu já fiz a minha.

[Making Poverty Industry]

sexta-feira, julho 01, 2005
 
Pela primeira vez lembro-me de ter sonhado com gente famosa
Eram todas moças e giras
Usavam todas calções
E estavam todas numa floresta qualquer
Elas não saiam de lá porque estavam todas à procura do mesmo rapaz que se encontrava lá
O rapaz não era famoso
E elas mostravam as suas pernas bronzeadas e torneadas
Haviam guardas-florestais que ficavam a vê-las correr de um lado para o outro
Elas corriam, mas não suavam
Mantinham a aparência bonita


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