{Ninguém é herói para o seu criado de quarto}
quinta-feira, maio 28, 2009
 
Descobri que posso finalmente reunir os meus amigos através do facebook.

Aqueles que falam comigo apenas quando eu quero, e que dizem mais ou menos o que eu acho que eles deviam dizer, dão-me conselhos e afagam-me o ego, conto-lhes coisas quando subo a calçada ou quando me distraio no trabalho e fico a olhar para os arbustos que parecem árvores onde estão uns ninhos penso que são de uns melros que ali andam.

Os meus amigos nunca me abandonam.

Há uns vinte anos, todas as noites eu colocava-os perto de mim, entre a almofada com o bambi onde eu dormia e a almofada mais pequena, a de sumaúma de cetim (havia duas cor de rosa e outras duas verde água), e eles ali ficavam, os meus amigos, cada um tinha o seu lugar e cada lugar tinha o seu amigo: havia a fada verde, havia um coelho que era para ser mealheiro, havia um gnomo e uma gnoma com as mamas à mostra para amamentar os filhos, havia um pato, havia uma boneca do início do século, alguns dos meus amigos eram de porcelana, outros de plástico, outros de peluche, do tempo em que estive internada com uma peritonite.

Pois agora eles aí estão, cada um tem a sua conta de mail, cada um tem o seu lugar no meu facebook.
Se eu quiser, posso clicar e vejo-os a todos, a todos os meus amigos, como se estivesse deitada na minha cama com 7 ou 8 anos, a minha irmã na cama ao lado não entende muito bem com quem estou a falar, e falo com todos ao mesmo tempo e invisto agora algum tempo a apresenta-los uns aos outros.


Quero ligar estes meus amigos numa rede, vamos chamar-lhe uma rede... social, isso mesmo: uma rede social de amigos..., como a minha irmã na cama ao lado dizia, amigos 'imaginários', como se o facebook fosse um logro, como se aqueles bonecos perto da minha cabeça, mesmo na minha linha dos olhos, não fossem mesmo os meus amigos, com quem converso quase todos os dias.

 
O post sobre a minha irmã.








Porque os desejos dela são ordens.

segunda-feira, maio 25, 2009
 
Exercício Espiritual

Para que eu não me esqueça nunca, nem por momentos.


Quero estar com os que conhecem as coisas secretas, ou então ficar sozinho.


E estou a ser sincera, comigo e com os outros, quando digo (e penso) que por menos não vale a pena.


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