{Ninguém é herói para o seu criado de quarto}
segunda-feira, janeiro 25, 2010
 
(Enquanto os exames não acabam e eu não escrevo um post grande que anda na minha cabeça, encosto a porta do quarto até ao fim de semana...)

Resumé

Razors pain you;
Rivers are damp;
Acids stain you;
And drugs cause cramp.
Guns aren't lawful;
Nooses give;
Gas smells awful;
You might as well live.


Dorothy Parker

domingo, janeiro 24, 2010
 
Mais vale tarde do que nunca...



... perceber que o direito penal só é fixe nos filmes americanos.

quarta-feira, janeiro 20, 2010
 
3...2...1
BOOMMMMMMMMMMMMM!!

domingo, janeiro 17, 2010
 
Anita e o Programa da Tyra

Já há algum tempo fui ao cinema ver um filme sobre blogs. Tão 2001. Falava de uma mulher de 30 anos - e que outra idade poderia ter - e, tal como eu já fiz, tomava a resolução de escrever todos os dias um blog sobre um livro de cozinha de uma autora que admirava, "postando" (que verbo maravilhoso) uma receita por dia, mas o blog acaba progressivamente por se tornar na coisa mais importante da sua vida. Através das receitas, a autora do blog vai estabelecendo um paralelismo entre a sua própria vida e a da autora do livro.
A mulher do livro chamava-se Julia e a mulher do blog (ela tem mais de 30, temos de chamar os bois pelos nomes) chamava-se Julie, daí o filme se chamar Julie & Julia.
A conversa toda acerca do filme, só interessa porque a Julie - que não está a atravessar o melhor período da sua vida - estabelece como objectivo escrever um post/receita por dia. Ela começa por querer fugir ao stress e à rotina e aquilo que começa por ser um factor de distracção e alívio acaba por se tornar uma fonte de stress, devido ao medo de não cumprir o objectivo. O filme gira todo em torno dessa ideia (sim, é um bocado merdoso) e é preciso ser-se um certo tipo de pessoa para isso acontecer. O meu tipo.
Para evitar que a minha vida se transformasse num melodrama de gosto duvidoso, dei uns dias de folga ao blog.
Esta semana, fui estudar teoria da Lei Penal para a casa da minha avó, numa tentativa desesperada de conseguir alguma concentração e disciplina no estudo. Ando a ver demasiada televisão e tinha de tomar medidas extremas. Mais dois dias aqui em casa e eu iria dar origem ao blog Ana & Tyra.
Ultimamente dou por mim a ver horas de programação televisiva estupidificante e a gostar disso. A tyra faz um especial sobre o facto das mulheres brancas andarem a roubar as mulheres negras e isso aumentar o número de mulheres negras que são mães solteiras e às tantas a tyra já chora porque é uma mulher negra e não sabe se quer se mãe solteira.
Nessa altura eu caio na dura realidade de que a Tyra não pode ser uma inspiração para mim - por muito que o programa me divirta - e que infelizmente vou ter de continuar à procura de um guru e até lá safar-me sozinha.
Mal posso esperar pela Primavera, pelo fim dos exames, pela minha irmã, para a minha vida ser um bocadinho mais jardins da Gulbenkian e um bocadinho menos Tyra Show.

domingo, janeiro 10, 2010
 
Oh Madalena... misery likes company. De certeza que só uma pessoa à beira dos 30 - aqui já passa da meia-noite mas não vou arriscar o parabéns -, um jovem portanto, é que dava um conselho tão tonto. Os mais velhos são muito mais espertos do que isso.

 
29 não é 28 nem é 30.
Se este blog começou em 2001, quando eu comecei a escrever no criado (com "k" em vez de "qu") tinha 20 anos.
Agora tenho 29.

Acho que o segredo para uma pessoa se sentir sempre jovem é rodear-se, o mais possível, de gente mais velha.
É por isso que, sempre que me estou a rodear de pessoas, tento saber que idade têm.
Assim já não se correm riscos desnecessários como estar a entabular uma conversa promissora com um rapaz atraente e depois vai-se a ver ele nasceu já nos anos 90, tem uma namorada no ensino secundário e pergunta-te se já tens mais do que um filho. Ou então dizem-te ouves coisas do género: uma mulher de 30 anos vestida como a floribela é estranha.

Por isso, volto a dizer-vos, como um conselho de alguém mais velho: rodeiem-se sempre de pessoas mais miseráveis que vocês.

sábado, janeiro 09, 2010
 
Estive a pensar nisso do estar a "ficar velha". Não sei se alguma vez vos tinha contado - a prova de que estou a ficar velha é que a memória não é a mesma e no espaço de duas semanas consegui bloquear o telemóvel 2 vezes por não me recordar do pin -mas em criança coleccionava amigos mais velhos, tipo assim mesmo mais velhos, amigos da minha avó. Era a amiga Conchinha, a Pinga-Azeite, a Banha-Corada, a Magrinha e a Gordinha (e o seu respectivo marido, Domingos e irmã), a Carteirona (tive uma fase em que dizia tudo com a terminação "ona")... e um outro sem número de pessoas que fui baptizando. Talvez por isso, sempre tive muita afinidade com os mais velhos e, talvez também por isso, sempre me tenha custado tanto lidar com o envelhecimento. Esta coisa do tempo passar faz uma confusão que, na maior parte do tempo, prefiro nem pensar nisso. Sempre tive uma noção muito exacta de que o tempo passa mas tenho sido sempre muito desleixada com o meu tempo e, hoje, quando enunciei pela primeira vez que tenho 28 anos pensei: estou a ficar velha. Pensamento aliás reforçado pelo facto de algumas das pessoas que estavam à minha volta, e que eu sempre assumi como sendo da minha idade, são na realidade bem mais novas do que eu.
No outro dia, uma outra habitante deste quarto dizia-me que achava que eu estava mais confiante, mais mulher. Eu nunca me enuncio como mulher digo sempre coisas como "sou uma rapariga..." ou "sou uma miúda..." ou "sou uma moça...". Os meus amigos com mais de 60 anos também costumavam dizer: "é uma rapariga das minhas idades" e eu no lugar da "rapariga" só via uma velha. E se calhar é isso que me vai acontecer a mim: vou ser uma "velha" e continuar a pensar e a agir como se ainda fosse uma "rapariga" ou mesmo uma "menina".
Eu também já não tenho idade, já estou a ficar velha, para continuar a deixar o tempo passar à espera que os milagres aconteçam, que as situações se resolvam por si, para fingir que acredito os esforços mínimos servem mesmo para alguma coisa ou para me agarrar a causas perdidas que sei perdidas mas pronto...
Na realidade, acho que não teria muitos problemas em submeter-me a um polígrafo com perguntas a sério, não como as da Tyra (também vi esse programa Ana). Uma coisa que isto da idade me tem feito é dar-me a capacidade de verbalizar coisas que há uns anos nem para mim pensaria. Já sou crescida o suficiente, mulher suficiente vá lá, para identificar os meus "problemas". Para resolvê-los é que é uma situação bem diferente.

quarta-feira, janeiro 06, 2010
 
Estou a ficar velha para momentos da verdade


A Tyra levou ao programa o apresentador do momento da verdade e um polígrafo. Fiquei com a ideia de que as pessoas lá iam para sujeitar ao teste alguém - como um namorado ou um marido - em relação a quem tinham desonfianças, mas eu apanhei o programa já quase no fim.

No final, para provar que não tem nada a esconder e para gáudio da assistência - e meu, confesso - a Tyra decidiu sujeitar-se a si própria ao teste do polígrafo, respondendo a perguntas colocadas pelo público.

Perguntaram à Tyra:

- Se ela realmente se preocupava com o défice de auto-estima das teenagers americanas. Ela respondeu que sim. E o polígrafo disse que era verdadeiro.

- Se ela tinha inveja da Oprah Winfrey. Ela respondeu que não. E o polígrafo disse que era falso.


- Se ela se considerava amais atraente de todas as mulheres naquela sala. Ela respondeu que não. E o polígrafo disse que era verdadeiro.

- Se ela achava que algumas das vencedoras do America's Next Top Model não mereciam esse título. Ela respondeu que não. E o polígrafo disse que era falso.

(Daqui a uns dias, duvido que consiga explicar, no meu exame de direito financeiro e fiscal, a diferença entre taxas e impostos, e sinto que ainda serei capaz de reproduzir estas perguntas que foram feitas à Tyra, as suas respostas e o veredicto do polígrafo. Kudos para a memória selectiva)

Das duas vezes em que respondeu falsamente, parece-me que ficou muito surpreendida com o veredicto: como se ela própria achasse que não estava a mentir. Nesse momento, e como é raro acontecer, identifiquei-me muito com a Tyra

De qualquer modo, não sei se a produção censurou algumas perguntas mais interessantes que o possam ter sido feitas, mas de um modo geral, o público foi brando. Assim não é difícil fazer o teste do polígrafo.

E isso pôs-me a pensar nas perguntas a que não gostaria de responder em frente a uma audiência se eu estivesse ligada a um polígrafo.
Nas perguntas a que eu não gostaria de responder se estivesse em frente a uma audiência.
Nas perguntas a que não gostaria de responder se estivesse em frente a duas pessoas.
Nas perguntas a que não gostaria de responder se estivesse em frente a um amigo.
Nas perguntas a que não gostaria de responder a ninguém.
Nas perguntas que eu evito fazer a mim própria - e que obviamente, querido blog, também já não tenho idade para vir aqui escancará-las.

E este post era mais giro, mais corajoso, mais interessante que eu conseguisse agora verbalizar e falar sobre todas as questões sobre as quais não gostaria de falar nem sozinha com um polígrafo.

Mas ainda não sou capaz... Ou já não sou capaz.

É que aos 28 anos, a minha estratégia de sobrevivência é nunca fazer perguntas das quais talvez não gostasse de saber a resposta. É bom que nunca nenhum polígrafo se venha meter comigo.

segunda-feira, janeiro 04, 2010
 
E que culpa tenho eu de que o blogger não queira "comer bolachas"?

Dia 4 e eu quase redescubro o prazer de vir contar os meus problemas a uma página da internet de conteúdo facilmente actualizável. Mas não tenho nada para dizer. Todas as coisas da vida implicam disciplina e perseverança. Todas. Até a boa disposição. Ou especialmente a boa disposição.

Depois lembrei-me de todos aqueles que tomaram a resolução de deixar de fumar em 2010. Tenho a certeza que já lhes apeteceu fumar muitas vezes nestes 4 dias. E alguns ainda não desistiram. E por isso eu continuo também.

domingo, janeiro 03, 2010
 
A vida secreta de Pippa Norris

E depois, no terceiro dia do ano vai-se ao cinema.
É Domingo e está frio e fico impaciente e calha-nos a pior sala. E depois o filme: plano w, mal escolhido, não tínhamos alternativas e pronto fica assim.
A Robin Wright-que-já-não-é-Penn está com um aspecto velho e gasto, o Keanu Reeves trouxe a sua carreira para este filme como os gatos escolhem um sítio para ir morrer, já nem me lembrava bem do rosto da Winona Rider e duas horas de clichés pindéricos e problemas familiares corriqueiros e muitos gritos e lágrimas à mistura, chego à conclusão de que este filme tem mais que ver com a minha vida do que eu gostaria. Como quando se vai ao espelho e não se encontra aquilo de que se estava à espera.
E depois das despedidas, no regresso a casa, uma angústia no peito pelo que ainda aí vem. Devia ter ido ver o Sherlock.

 
Não há grupo, há pessoas.

O criado, barman dos amiguinhos, sabe que não somos pessoas de beber.
Não somos?
Não sei.

Damos por nós e passou uma década, web 2.0, o criado nem nos vê, fica sem saber de nós durante meses, é tudo bastante normal, é o que acontece a um grupo de amigos que não é um grupo.
Não bebemos, se calhar bebemos mas noutros bares, cada um no seu, com outros grupos que não são grupos com blogues (ou talvez até possam ser mas não desde 2001...), são só grupos com pessoas com quem bebemos.
Estrangeiro, Portugal, Lisboa, Malveira Paço de Arcos Casais de Monte Bom Ericeira Luanda Setubal Bologna outros sítios    nenhum deles nos une nem significa nada para o nosso grupo que não existe.
Talvez Almada e o seu fogo de artifício mas Ana, se perguntares, se calhar só eu é que me lembro, se calhar só para mim faz sentido, porque à meia noite e doze do dia 1 de Janeiro de 2010, eu pensei em mandar uma mensagem a falar sobre isso, sobre como Almada é que é fixe mas em vez disso entendi que agora que já sei como é passar uma passagem de ano sozinha, posso fazer planos à vontade, para o ano nada me impedirá de ir a Almada, é fácil, basta lembrar-me que não somos nenhum grupo, que somos pessoas.

Mas essa perspectiva deixou-me com tal mau humor que só mesmo aqui o criado me ia compreender, ele bem sabe que só com estas pessoas que não são um grupo é que eu gostaria mesmo de passar o ano.

sábado, janeiro 02, 2010
 
"Flores, chocolates, promessas que não tencione cumprir..."


E outras coisas que fazem parte do romance e dos novos anos.

Eu já quis fazer uma festa só minha na passagem de ano.
Já quis ir para a rua em Almada (todos os anos Almada ganha, o fogo de artifício dura mais do que qualquer outro), mais do que uma vez.
Já me sugeriram passar num spa-resort e pareceu-me boa ideia.
Quero sempre fazer um jantar tranquilo com todos os meus amigos e planeio sempre demasiado tarde quando já todos têm planos.

E depois digo sempre "um dia". Ou melhor ainda: "para o ano"...

Mas se há alguma coisa que eu gosto nos anos novos - e falei sobre isto no serão do dia 31 - é que sinto que realmente é posssível que um destes planos se venha a concretizar. Não há nenhuma razão (nem sequer aquelas que existiam antes) para que os meus planos não venham a resultar.

São como dois posts seguidos em dois dias, muito caminho para andar mas muito mais do que nada.

E depois, mesmo quando as coisas caírem novamente no esquecimento, no desleixo ou no abandono, vai parecer que nada aconteceu mas eu tenho de me lembrar deste momento em que sei que isso nao é verdade.

Porque nas decisões de ano novo, tal como no romance, nada é melhor do que esta sensação de (re)começo.

sexta-feira, janeiro 01, 2010
 
A perfect ten

Querido criado,


Há já muito tempo que não venho aqui queixar-me... Talvez pensasses que já estavas condenado há morte porque eu perdi a vontade ou os motivos para me queixar mas eu garanto-te, juro-te aqui solenemente que isso nunca me vai acontecer.

Resolução para 2010. Vou recuperar o blog. (assim mesmo, sem o verbo auxiliar "tentar" antes).

2010, tem 365 hipóteses a seu favor. Vou fazer por aproveitá-las todas.


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